“O que adianta o homem ter ido à Lua se ainda não resolveu tanta coisa aqui”. Alguma vez a gente já disse ou pensou isto. E com razão, afinal, a conquista do espaço ainda não nos libertou do tempo das carroças. É o ainda da gripe A e outras epidemias, o ainda das guerras, dos golpes políticos, da fome, da corrupção, do descaso com o meio ambiente, o ainda de muita coisa. Será que um dia o ser humano dará o passo definitivo para resolver todos estes “ainda”?
No encontro dos astronautas com o presidente Obama nesta segunda-feira, Armstrong declarou que a corrida espacial trouxe desenvolvimento à ciência, ao conhecimento e à exploração. De fato, desde o Sputnik lançado pelos russos em 1957, centenas de satélites orbitam a Terra além de outras tecnologias úteis no dia a dia, fruto da ciência espacial. Mas nem as odisséias humanas lá de cima nem as aqui de baixo parecem resolver os desastres da vida humana. Então o que fazer?
A história da Apollo 8, esta que foi a primeira nave tripulada a dar a volta em torno da Lua, carrega um detalhe que pode ajudar aqueles que exploram o espaço da verdade. No dia 24 de dezembro de 1968 a tripulação enviou uma mensagem de Natal. Era a leitura dos primeiros dez versículos da Bíblia: “No começo Deus criou os céus e a terra...” Ativistas do ateísmo processaram a NASA por esta manifestação religiosa no espaço, mas ninguém mais podia desfazer o testemunho. Até porque o céu anuncia a glória de Deus sem discurso, sem palavras... (Salmo 19.1,3).
Na verdade, o “ainda” sempre dependerá do Criador, não da criatura nem da criação, e muito menos da criação da criatura. Por isto esta imagem da Terra, parecida com aquilo que o astronauta Aldrin presenciou no solo lunar: “Um lugar tão desolado, tão completamente sem vida”. O apóstolo Paulo já dizia no seu tempo: “Estão cheios de todo o tipo de perversidade, maldade, ganância, vícios, ciúmes, crimes de morte, brigas, mentiras e malícia. Caluniam e falam mal uns dos outros. Têm ódio de Deus e são atrevidos e vaidosos. Inventam maneiras de fazer o mal, desobedecem os pais, são imorais, não cumprem a palavra, não tem amor por ninguém e não têm pena dos outros”(Romanos 1.29-31).
Mas o que fazer enquanto não se descobre outro planeta? Pior que a desgraça irá escondida na espaçonave mesmo se eu for o único astronauta – algo parecido com “Alien, o oitavo passageiro”. Coisa que o salmista já sabia: “Aonde posso ir a fim de escapar do teu Espírito? Se subir ao céu, tu lá estás” (Salmo 121.7,8). Mas ele encontrou o jeito: “Vê se há em mim algum pecado e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 121.24). E se é para acabar com a nave-mãe de todos os “ainda”, tem a história daquele que disse: “Ninguém subiu ao céu, a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu (...) para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna” (João 3.13,15).
“Se subir ao céu, tu lá estás; se descer ao mundo dos mortos, lá estás também (...) Ainda ali a tua mão me guia, ainda ali tu me ajudas” (Salmo 139.8,10). Este é um ainda diferente...
Marcos Schmidt
Jornal NH de 23 de julho de 2009