Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Artigo - Jogo decisivo

“Devemos nos esforçar pela excelência da Copa do Mundo, e ao mesmo tempo, garantir que ela deixe benefícios para todo o povo”. São palavras de Nelson Mandela, que passou quase um terço da vida atrás das grades sob o regime racista do apartheid, e que hoje, aos 92 anos, ainda é considerado a pedra fundamental para a paz entre brancos e negros sul-africanos. Dono das virtudes do perdão e da reconciliação, a exemplo de José – o famoso personagem bíblico vendido pelos irmãos como escravo – Mandela seguiu pelo mesmo caminho depois da prisão ao tornar-se chefe da nação. Quem conhece a história bíblica, no entanto, lembra que o novo faraó do Egito “não sabia nada a respeito de José” (Êxodo 1.8), e os efeitos desta amnésia foi o apartheid no Egito. Mandela sabe deste perigo, e por isto outra frase dele: “Que a recompensa trazida pela Copa do Mundo prove que a longa espera pela liberdade em solo africano valeu à pena”.

E se as palavras deste líder africano têm respaldo na própria vida, valem também estas: "Não há caminho fácil para a liberdade”. Lembro aqui de outra figura bíblica, Paulo, que também esteve na prisão e marcou um dos gols mais bonitos no gramado das Escrituras: “Cristo nos libertou para que sejamos realmente pessoas livres. Por isto, continuemos firmes como pessoas livres e não se tornem novamente escravos” (Gálatas 5.1). Essa epístola tem um recado sobre o perigo de “outro evangelho” (1.7), crença baseada na justiça e regras humanas, e que coloca Cristo para escanteio. E por isto gera confusão no meio de campo: inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões (5.20).

Mandela joga na prorrogação de uma partida decisiva, e a Copa do Mundo pode coroar a vitória da liberdade política, conquistada com sacrifício. No entanto, educado no cristianismo e assistido por capelães religiosos nos tempos de presídio, aprendeu que a escravidão está mesmo no coração e não numa cela. Isto porque “não existe diferença entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos são um só por estarem unidos com Cristo Jesus” (Gálatas 3.28). Este é o maior benefício que alguém pode receber neste mundo injusto e segregado.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 1º de julho, 2010