Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

terça-feira, 24 de março de 2009

Artigo - Não podemos nos acostumar

O mais grave é que estamos aceitando tudo isto. Dias atrás um homem foi violentamente agredido com paus e pedras sob os olhares curiosos de dezenas de pessoas e sob as lentes de uma câmera. Foi no Arroio Dilúvio, numa avenida movimentada de Porto Alegre. Três moradores de rua tentavam matar um companheiro. Sobreviveu graças a intervenção de um soldado da Brigada Militar que, fora de serviço e a paisana, entrou de roupa e tudo nas águas poluídas contra a selvageria. Mais tarde o policial confessou sua perplexidade diante da omissão de gente que não fez nada para salvar a vítima.
Esta cena do Dilúvio tem explicações. O voyerismo sádico da violência é uma delas. Um mal que se espalha nas escolas, estádios de futebol, baladas, trânsito, na sociedade em geral. A vontade de ver sangue – alimentada pelos jogos eletrônicos, filmes, internet – virou praga. É o prazer pelo espetáculo da barbárie – tipo de vídeo mais assistido pela internet. Que Deus nos livre deste sadismo.
Outra resposta vem da indiferença com os miseráveis. “Era um morador de rua, e este tipo só atrapalha a nossa vida”. A gente pensa isto. Pelo jeito o bom samaritano é coisa rara, e sobram sacerdotes e levitas que passam pelo outro lado da estrada (Lucas 10.25-37). Que nenhum de nós fique maltrapilho e jogado na calçada – ninguém vai nos enxergar.
Também tem explicação no ditado “cada um por si e Deus por todos”. A solidariedade há muito foi para o espaço. “A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará (Mateus 24.12). Será que o Salvador refere-se aos tempos atuais? Que este amor caridoso ainda esteja ardendo em nosso coração.
Outra coisa é o hedonismo – palavra que expressa este jeito bem explícito pela busca egoísta e adoidada do prazer. Isto também explica o sexo sem compromisso, a pedofilia, o aborto, as drogas, a obsessão pelo sucesso que passa por cima dos outros. Nem é preciso dizer que esta filosofia do prazer está viva e ativa na política, nos governos, nos órgãos públicos, na economia, e pior, na família. Se a maioria quer “ser feliz” de qualquer jeito, que eu siga pelo caminho estreito do desprendimento.
Mas a explicação está mesmo no “Dilúvio”. Diz a Bíblia que “quando o Senhor viu que as pessoas eram muito más e que sempre estavam pensando em fazer coisas erradas, ficou muito triste por haver feito os seres humanos” (Gênesis 6.5). Depois vem o Dilúvio. A razão para toda esta ruindade é comentada por Jesus: É de dentro do coração que vem tudo isto (Marcos 7.21-23). É o arroio sujo que transborda da natureza humana com todos os dejetos do pecado.
Mas a solução existe, e vem do próprio Filho de Deus, ele que disse: “Mas entre vocês não pode ser assim” (Marcos 10.43). Paulo recomenda: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês (Romanos 12.2). O mundo tem salvação e não podemos nos acostumar com a podridão dele.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 19 de março de 2009