Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quinta-feira, 27 de março de 2008

Artigo - O fariseu

A última grande ação da Polícia Federal tem inspiração bíblica. Sob o sugestivo nome “fariseu”, ela prendeu uma quadrilha que fraudava a concessão de certificados de filantropia. Segundo os policiais, integrantes do Conselho Nacional de Assistência Social recebiam propina para validar o título. O esquema envolve 60 entidades e um rombo de R$ 4 bilhões nos cofres públicos. A ação foi batizada de Operação Fariseu por considerar que os envolvidos agiam igual aos religiosos condenados por Jesus:
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheio de ossos de mortos e podridão (Mateus 23.27).
Existe olho grande também nesta área. A maioria é gente honesta e dedicada no serviço voluntário, mas os corruptos conseguem fazer um tremendo estrago. Tanto que já existe a idéia de acabar com os incentivos fiscais à filantropia. Para 2008 são R$ 10,7 bilhões às 280 mil instituições filantrópicas do país, entidades que atuam nas áreas de educação, saúde e assistência social. Quanto deste dinheiro será bem usado, isto ninguém sabe, e por um fato bem simples: pouca fiscalização. Outra paulada na nossa cabeça já cheia de galos. Afinal, um dinheiro que sai da contribuição previdenciária e dos impostos.
O resultado disto é desastroso. Não existe mais confiança em nenhuma instituição, governamental ou privada. O que dizer do Detran, do Daer? E agora das entidades filantrópicas? Mas isto já era sabido. É fácil criar uma instituição filantrópica e receber verba. E depois ninguém pergunta sobre o destino dos recursos. A mesma coisa acontece com as entidades religiosas. É muito simples fundar uma religião. Alguém “iluminado” reúne meia dúzia de gente, cria um estatuto, vai ao cartório e pronto. O que segue depois, a Bíblia mesmo diz: a religião é uma fonte de muita riqueza (1 Timóteo 6.6).
Para continuar com a festança, tramita um projeto de lei no Congresso que confere o título de “teólogo” a qualquer um que pegar o telefone e ligar para Brasília. O autor é o senador Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal. Conforme o projeto, para ser teólogo, basta "praticar vida contemplativa" ou "realizar ação social na comunidade". Atualmente, teólogos devem ter formação em curso superior de graduação.
O Senhor Jesus nunca escondeu o jogo: Muitos falsos profetas aparecerão e enganarão bastante gente. A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará (Mateus 24.11,12). Mas então, acreditar em quem? Tal crise de confiança nos coloca no mesmo buraco. Políticos, religiosos, médicos, jornalistas, advogados, policiais, empresários, funcionários, todos sob a maldição da mentira, da desonestidade.
A coisa mais fácil é seguir pelo caminho largo desta famigerada corrupção. Dizem as Escrituras que os que praticam más ações crescem como a erva, e os perversos podem prosperar, porém eles serão completamente destruídos. (Salmo 92.7). É um alerta para os que querem se dar bem trapaceando. Alguém já viu uma pessoa desonesta com final feliz?
Diante do fascínio do caminho largo, é bom ouvir que na velhice os retos ainda produzem frutos; são sempre fortes e cheios de vida (Salmo 92.12,14). Por isto, que Deus nos proteja dos fariseus e do farisaísmo!
Marcos Schmidt
Jornal NH de 27 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

Artigo - Os braços da cruz

De que forma Jesus foi pregado na cruz? Da maneira como estamos acostumados a ver na cena tradicional? Pois uma nova imagem está dando o que falar. Num documentário da rede de televisão britânica BBC, Jesus aparece crucificado com os braços levantados para cima. O produtor do desenho tomou como referência o ossuário de uma pessoa crucificada no primeiro século da era cristã, descoberto em Jerusalém. E conclui que provavelmente está é a real imagem de Jesus na cruz.
Puro sensacionalismo para vender notícia. Sem falar que a “revelação” cheira a mofo: a descoberta arqueológica é de 1968. Depois de 40 anos isto é jogado na mídia com intenções bem explícitas. Dias atrás comentava com alguém: Qual será o fato bombástico nesta Páscoa tentando estremecer os fundamentos da fé cristã? E aí está: Jesus crucificado de braços levantados para cima. Isto já virou rotina nesta época - a divulgação de “fatos novos” que contradizem os ensinos básicos do cristianismo. Foi assim com a Tumba de Jesus, o Evangelho segundo Judas, o Código d’Vinci.
No entanto, esta polêmica imagem agride tão somente a tradição. Tanto faz se Jesus morreu na cruz de braços abertos para os lados ou para cima. O que interessa é o fato de que Deus acabou com a conta da nossa dívida, pregando-a na cruz (Colossenses 2.14). Até porque não existe nenhum registro nas Escrituras com descrições pormenorizadas, revelando detalhes das atrocidades contra o Filho de Deus no madeiro. A Bíblia não é sensacionalista. Aliás, se Deus quisesse chamar a atenção para este tipo de coisa, teria enviado o seu Filho nos atuais tempos tecnológicos. Imaginem todos os detalhes do Calvário, captados pelas indiscretas câmeras digitais?
Há quatro anos Mel Gibson justificou a excessiva violência nas imagens do filme A Paixão de Cristo, dizendo que “a idéia era mostrar a dimensão do martírio a que Cristo foi submetido para redimir a humanidade de seus pecados, de modo a provocar a reflexão sobre o sofrimento que cada homem impõe ao outro”. Parece que as chocantes imagens do filme já perderam tal dimensão. Assim como a própria violência, banalizada pelas insistentes cenas globais de horror, espalhadas via satélite.
Neste universo de imagens virtuais, o poder permanece na palavra real da cruz. É isto que provoca polêmica. Ou como escreve Paulo: A mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus (1 Coríntios 1.18). Portanto, nada de novo sobre tais provocações da ciência humana, quando “Deus tem mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura (1 Coríntios 1.20).
O que importa mesmo é a posição dos nossos braços, voltados para cima, de onde vem a salvação. Diferente de braços para os lados agarrando coisas que logo viram ossuários. Braços da tradição sobrecarregados pela contradição. Braços contraídos numa indigestão por peixes e chocolates estragados. Braços cruzados que abandonam a cruz de Cristo (Marcos 8.34). Braços que crucificam outra vez o Filho de Deus e zombam publicamente dele (Hebreus 6.6).
Pois, neste Gólgota de expectadores, o sensacionalismo continua atraindo multidões. E mais uma vez as atenções voltam-se para a cruz. Nela, os braços dele continuam abertos, não para cima, nem para os lados, mas em nossa direção.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 13 de março de 2008