“Ação de graças” no idioma original do Novo Testamento é eucaristia, de duas palavras gregas: “eu” – bom, correto, apropriado, e “charis” – graça, alegria. A Santa Ceia é chamada de Eucaristia, pois Jesus, ao pegar o pão e o cálice, deu graças a Deus (Marcos 14.22). Importante dizer que este termo na Bíblia sempre se aplica a Deus, nunca a pessoas. Por um fato importante: ação de graças é adoração. Neste sentido, o apóstolo Paulo enfatiza nas suas epístolas: “deem graças em nome do nosso Senhor Jesus Cristo”. Diz isto, porque segundo a fé cristã ninguém pode agradecer a Deus sem a intervenção de Jesus, ninguém pode adorar o Criador sem a intermediação daquele que disse: - Eu sou o caminho, ninguém vem ao Pai senão por mim.
Por outro, levantar as mãos aos céus e dizer “muito obrigado” é uma atitude que necessariamente respinga no próximo. Cristo mesmo ressaltou: o que vocês fazem aos outros é a mim que fazem (Mateus 25.40). Por isto a reclamação divina: - Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio as suas festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo (Isaías 1.13). O grande pecado deles era a falta de amor ao semelhante. “Aprendam a fazer o que é bom”, orienta o Senhor. “Tratem os outros com justiça, socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas” (1.17).
Os tempos não mudaram. E se hoje as igrejas estão lotadas, é para pedir prosperidade, buscar bênçãos, solucionar problemas. Poucas vezes para agradecer. Quando surgem tragédias, dificuldades, então Deus é invocado: “Como permites isto?”. Não é de estranhar a falta de amor ao próximo, violência, corrupção, injustiças, desentendimentos e tudo o que acontece nesta sociedade. A ação de graças ficou apenas no calendário e não no coração. Por isto a atualidade das palavras: “Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês (...) Lavem-se e purifiquem-se” (Isaías 1.15,16).
Oportuno, portanto, que o Dia de Ação de Graças é pertinho do Advento – tempo que Deus convida: “Venham cá, vamos discutir este assunto” (Isaías 1.18).
Marcos Schmidt
pastor luterano
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Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
24 de novembro de 2011