Semana passada saiu nos jornais a notícia: “Igreja Luterana da Suécia aprova casamento gay”. Em agosto a Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos (ELCA) já tinha ido mais longe. Decidiu que homossexuais ativos podem ser sacerdotes desde que "vivam uma relação homossexual duradoura e monógama". No entanto, neste mesmo mês, na conferência do Conselho Luterano Internacional (ILC), 32 igrejas luteranas do mundo (incluindo a Igreja Evangélica Luterana do Brasil à qual faço parte) aproveitaram o encontro para emitir uma declaração. Que a união permanente de um homem e de uma mulher é o lugar onde Deus abençoa a sexualidade humana, e que a homossexualidade em qualquer situação é uma prática contrária a vontade de Deus.
O assunto é polêmico e racha ainda mais o cristianismo. Dias atrás os jornais destacavam o fato de clérigos anglicanos ingressarem na Igreja Católica, contrários a estas inovações em sua igreja. Penso que duas coisas aqui devem ser consideradas – e que estão neste manifesto do Conselho Luterano Internacional. Primeiro: “Declaramos nossa determinação de nos aproximarmos daqueles com inclinação homossexual, com o mais profundo amor cristão possível e cuidado pastoral, em qualquer situação em que eles estejam vivendo. Segundo: “Firmados no testemunho bíblico e mantendo o ensino cristão durante os últimos dois mil anos, continuamos crendo que a prática da homossexualidade – em toda e qualquer situação – viola a vontade do Deus Criador e deve ser reconhecida como pecado”.
Mas daí vem o pessoal da “anti-homofobia”, lei que tramita em Brasília e que tenta punir pessoa ou grupo que se manifestar contrário ao homossexualismo. Daí vêm de rolo compressor a mídia, as novelas, o Ministério da Saúde e do Ensino e toda esta conversa de “isto é preconceito”. E nestas horas igrejas e cristãos, na onda do politicamente correto e de “alianças com Judas”, são levados ao que o Senhor Jesus disse: quem comigo não ajunta espalha (Lucas 11.23). Pois este é o mal que também acontece na igreja, parecido com o que disse Lula: “Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”.
Longe de nós qualquer tipo de intolerância religiosa. Bem pelo contrário, pois ninguém é melhor do que ninguém. Infidelidade conjugal, desonestidade, mentira, ódio, ganância etc. são iguais em condenação à prática da homossexualidade. Infelizmente no ardor do debate surgem os santinhos da igreja com presunção, hipocrisia e até ódio, um caminho inverso daquele que disse: “Eu vim chamar os pecadores e não os bons”. Afinal, todos precisam ser chamados.
Mas nestas horas é preciso não confundir alhos com bugalhos.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 29 de outubro de 2009
Jornal NH de 29 de outubro de 2009