Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Artigo - Não se esqueça do principal

Lembram daquele alpinista que cortou fora uma das mãos? Aron Ralston é o nome dele. Em 2003 ele caiu de uma montanha nos Estados Unidos e ficou com a mão direita presa entre as rochas. Depois de cinco dias agonizando, sozinho naquele deserto, precisou tomar a decisão mais radical da sua vida. "Eu consegui primeiro quebrar o rádio e minutos depois quebrei o cúbito na área do pulso", referindo-se aos dois ossos do antebraço. Para concluir o serviço, usou o seu canivete e finalmente ficou livre, livre para a vida.
Em outras situações não é a mão, mas coisas que persistem nas mãos e prendem o corpo à morte. Tais como a bebida, o cigarro, as drogas, o jogo, o volante perigoso do carro, o cartão de crédito, ou até mesmo a mão de outra pessoa. Às vezes é o próprio trabalho, a exemplo da operadora francesa France Telecom, onde nesta última segunda-feira ocorreu o 24º suicídio nos últimos 18 meses. Por isto, dependendo do caso, a decisão precisa ser tomada logo, antes que não haja mais tempo para a escolha. Foi o que fez o meu amigo Teno Luguesi, 69 anos. Devido à diabete, precisou amputar as duas pernas. Hoje ele está feliz da vida, igual ao alpinista. Afinal, quando existe chance para escolher entre a vida e a morte, a gente não pensa duas vezes.
- “O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira?” (Marcos 8.36), pergunta Jesus. Por isto ele radicaliza: “Se uma das suas mãos faz com que você peque, corte-a fora! Pois é melhor você entrar na vida eterna com uma só mão do que ter duas e ir para o inferno” (Marcos 9.43). O problema não é o “mundo inteiro”, mas a “vida verdadeira pela metade”. Na verdade, tudo nesta vida terrena é presente do Criador. Mas quando este “mundo” prende a mão, o único jeito é cortar fora para ficar com o que interessa. E se o alpinista mais tarde confessou que não sabia de onde veio a coragem para livrar-se da mão, o seguidor do “Caminho, da Verdade e da Vida” sabe. Vem de cima.
A história da mulher com uma criança no colo bem que poderia ser uma parábola de Jesus. Ao passar diante de uma caverna, ouviu uma voz misteriosa: - “Entre e pegue tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal. Lembre-se, porém que depois de sair, a porta se fechará para sempre”. A mulher entrou e encontrou muitas riquezas. Fascinada, ajuntou tudo o que podia no seu avental. E a voz misteriosa advertia: - “Não se esqueça do principal”. Carregada com ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou. Foi então que ela lembrou-se do principal: o filho que carregava no colo tinha ficado lá dentro.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 1º de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Artigo - Do que a terra mais garrida?

Nesta terça-feira chegou a lei junto com a Primavera obrigando a execução do Hino Nacional uma vez por semana nas escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental. Não sei se foi esta a intenção, mas deveríamos cantar o “Ouviram do Ipiranga” sempre inspirados pelo perfume primaveril deste lugar abençoado. Ou como diz o verso: “Do que a terra mais garrida (florida), teus risonhos, lindos campos têm mais flores”. No entanto, nossos hinos por vezes têm cara de inverno, daqueles que faz a gente ficar encolhido na cama, “deitado eternamente em berço esplêndido”. Omissos, coniventes. Porque se o Brasil é gigante pela própria natureza, se é belo, forte, impávido colosso – isto se deve graças ao vasto e rico território. Mas se o futuro pretende espelhar essa grandeza, o brado retumbante do grito do Ipiranga necessita de um povo heróico.
Por isto não basta cantar o hino uma vez por semana. Isto é coisa de todos os dias, começando lá por Brasília. E se os nossos governantes e políticos fogem à luta, se temem quando se ergue da justiça a clava forte – então não adianta obrigar nossos filhos cantarem “nem teme, quem te adora, a própria morte”. Uma lei pode até fazer a gente decorar, mas é somente a transformação moral, cívica e política, capaz de traduzir palavras complicadas em gestos construtores de uma pátria amada, Brasil.
“Não se enganem”, admoesta a Bíblia, “não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas ponham em prática o que ela manda. Porque aquele que ouve a mensagem e não a pratica é como um homem que olha no espelho e vê como ele é. Dá uma olhada, depois vai embora e logo esquece de sua aparência” (Tiago 1.22-24). De fato, isto acontece também na igreja. A gente canta de cor e salteado os hinos, mas depois esquece o significado. E daí vem o recado: “Se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a ele” (Romanos 12.1).
Então pouco resolve enfiar na cabeça. É preciso colocar no coração. É o jeito de Deus: “Eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a escreverei” (Jeremias 31.33). Fórmula didática experimentada em Jesus (Hebreus 8.10). E assim a terra garrida é a própria vida. É o que diz a Bíblia: “Porque somos como cheiro suave do sacrifício que Cristo oferece a Deus, cheiro que se espalha” (2 Coríntios 2.15). Perfume que se renova a cada dia graças a um raio vívido de amor e de esperança que à terra desce.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 24 de setembro de 2009