Namoro e política dependem de honestidade e confiança! É por isto mesmo que estão na corda bamba. Para se ter idéia, pesquisa diz que apenas um em cada quatro brasileiros casados espera fidelidade do parceiro. Isso significa que 75% das pessoas comprometidas acreditam que, cedo ou tarde, podem ter de encarar a traição no Brasil. "Parece que ter um relacionamento extraconjugal já foi incorporado pela nossa cultura, mesmo que isso não seja o que as pessoas almejam", diz a professora da USP que fez a pesquisa tempos atrás. Enquanto isto, nesta semana um levantamento revela que 72% dos entrevistados não confiam nos partidos políticos. O dado faz parte do Barômetro de Confiança, instrumento de análise do grau de credibilidade dos brasileiros nas instituições e órgãos públicos do país. São duas revelações preocupantes. Enquanto que a honestidade já foi para o baú junto com o romantismo, a deslavada mentira fica cada vez mais evidente e comprovada com a tecnologia a serviço da desconfiança.
O artista plástico francês Titouan Lamazou viajou pelo mundo em busca de pessoas das mais variadas culturas, para compor uma seleção de fotografias com texto, intitulada “Mulheres do Mundo”. Entre 20 questões respondidas pelas entrevistadas, uma desperta atenção quanto à pergunta: quais as qualidades que deseja em um homem? De acordo com Lamazou, a honestidade e a sinceridade reinam absolutas no topo do ranking. Pois não surpreenderia uma resposta parecida, se tal pergunta fosse feita aos eleitores quanto aos políticos.
Antigamente era o fio do bigode. Hoje é o fio da meada perdido num rolo sem tamanho, e que só tem jeito com a tesoura. A gente sabe que mentira e corrupção sempre existiram tanto no seio familiar como nas relações políticas e sociais. Mas as coisas degringolaram em nosso país. Algo parecido com a situação de Israel no século sétimo antes de Cristo. O reinado de Jeroboão II alcançou sucesso e prosperidade (2 Reis 14), mas o cheiro da podridão moral atraiu um bando de abutres: idolatria, falsos juramentos, roubos, injustiças, opressões, adultérios e homicídios. No livro de Amós, a advertência perpassa os tempos e cai hoje como uma luva: “O povo de Samaria não sabe fazer nada com honestidade” (3.10); “Pais e filhos têm relações com prostitutas (2.7); “Vocês têm ódio daqueles que defendem a justiça e detestam as testemunhas que falam a verdade; vocês exploram os pobres e cobram impostos injustos das suas colheitas (...) Vocês maltratam as pessoas honestas, aceitam dinheiro para torcer a justiça e não respeitam os direitos dos pobres. Não admira que num tempo mau como este as pessoas que têm juízo fiquem de boca fechada!” (5.10-13)
Sobre o Brasil que parece avançar para a prosperidade econômica, só existe uma saída a fim de que esta segurança material seja uma bênção para a nação diante de tamanha imoralidade que sacode o lar e a política. É a mesma indicada pelo profeta: “Procurem fazer o que é certo e não o que é errado, para que vocês vivam. Odeiem aquilo que é mau, amem o que é o que é bom” (Amós 5.14,15). Este é o caminho para que o namoro aflore em bom casamento e a política em ordem e progresso.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 12 de junho de 2008