3º
Domingo de Páscoa – 2012
Textos: Sl 4 At 3.11-21 1 Jo 3.1-10 Lc 24.36-49
Texto
base: “Somos, de fato, filhos de Deus. É por isto que o mundo não nos conhece,
pois não conheceu a Deus” 1 João 3.1
Tema: Parecidos
com Cristo e desconhecidos pelo mundo.
________________________________pastor
Marcos Schmidt________________
De certa forma, todos nos preocupamos
com a nossa aparência física. Alguns mais, outros menos. Se vivêssemos numa
ilha deserta, sozinhos, sem ninguém ao lado, não teríamos nenhum motivo para
cuidar do cabelo, de estarmos bem vestidos – ou de estar mais gordo, mais magro...
Na verdade, a gente vive em função dos outros quando o assunto é “aparência”. E
as mulheres, neste sentido, se preocupam mais do que os homens. É a vaidade feminina,
uma característica que, dentro do equilíbrio, é muito importante, sobretudo, no
casamento.
Mas, e a nossa aparência espiritual?
Existe uma preocupação nesta área?
É claro que não adianta nada vivermos só
de aparência – isto é hipocrisia, falsidade, quando por fora somos uma coisa e
por dentro outra.
Mas, assim como é importante cuidarmos
de nosso aspecto físico para causar uma boa impressão, é importante mais ainda
cuidarmos de nosso aspecto espiritual.
E porque é importante este cuidado –
digamos, com este tipo de vaidade? (se é que dá pra chamar de vaidade)
Por um simples fato: para darmos bom
testemunho de que somos filhos de Deus.
Interessante, no entanto, o que escreve
João em nossa epístola. Ele diz: “Vejam como é grande o amor do Pai por nós!
O seu amor é tão grande, que somos chamados de filhos de Deus e somos, de fato,
seus filhos. É por isso que o mundo não
nos conhece, pois não conheceu a Deus.”
O mundo não nos conhece como filhos de
Deus, não percebe, não vê, não enxerga – diz o texto. “Mundo” aqui são as
pessoas descrentes que hostilizam, agridem, zombam, perseguem os cristãos. Se
elas conhecessem Deus, elas também conheceriam os filhos dele, os cristãos.
Pois é exatamente por este motivo, do
mundo não enxergar que somos filhos de Deus, que devemos nos preocupar com a
nossa aparência espiritual. Porque, caso contrário, se as pessoas descrentes,
que não conhecem Deus, começarem a nos reconhecer como filhos de Deus, então
eles estarão vendo outro “deus”, e não aquele que é o verdadeiro.
O que eu quero dizer é o seguinte (e é
isto que a leitura da epístola nos fala hoje): nós temos uma aparência
espiritual diferente do mundo, a mesma aparência que Cristo tem. Uma aparência a
Cristo tanto no corpo como na alma, uma aparência de atitudes e de
comportamento. Somos a cara de Cristo, o jeito de Cristo. Como dizem: “cara e
focinho”.
Vejam só o que o nosso texto diz, no
versículo 2 (1 João 3): “Meus amigos,
agora nós somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos o que vamos ser”.
(não sabemos o que vamos ser porque a Bíblia não revela em detalhes como
seremos na vida eterna). O texto continua: “Porém,
sabemos isto: quando Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois o
veremos como ele realmente é”.
Na vida eterna seremos parecidos com
Cristo, isto é, perfeitos, santos, sem pecado. E com um corpo parecido com
Cristo, glorioso, perfeito, sem as consequências do pecado.
No entanto, é preciso dizer que isto já
está acontecendo em nós. Esta aparência de Cristo em nós já existe. Podemos comparar
esta nova vida em nós com uma criança que está na barriga da mãe. Desde o
momento que a criança foi concebida, quando houve a fecundação, começou o
processo da semelhança desta criança com o pai e a mãe. No dia do nascimento,
do “dar à luz”, finalmente a criança mostrará a todos a sua semelhança com os
pais.
Pois, desde o momento quando fomos
concebidos pela água e palavra no Batismo, quando a fé foi colocada em nosso
coração, começou em nós este processo de “ser parecido com Cristo”. Por isto as
palavras: “quando Cristo aparecer,
ficaremos parecidos com ele”.
O mundo que não conhece Deus, que
não tem a Cristo, faz algo parecido com esta legalização do aborto dos
anencéfalos, e todos os outros tipos de aborto. Eles não reconhecem a vida que
existe no útero da mulher, e se acham no direito de exterminá-la.
Algo semelhante contra os cristãos, que
vivem numa gestação espiritual, na barriga da igreja. O mundo quer abortá-los,
porque não aceitam a paternidade divina deles.
Diante disto estão estas palavras de
João: “É por isso que o mundo não nos
conhece, pois não conheceu a Deus”.
E o que
seria o aborto de um cristão?
É aquilo que está no verso 7 e 8: “Meus filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que faz o que é
correto é correto, assim como Cristo é correto. Quem continua pecando pertence
ao Diabo”.
“Continuar pecando” aqui é não ter a fé
em Cristo que perdoa os pecados. O cristão, mesmo pecando, ele tem o perdão ao
se arrepender e crer no amor de Deus.
Mas, aqui existe um perigo: de pecar e
continuar pecando, e não se arrepender e crer no perdão. Este regreesso
espiritual, se permanecer, terá como consequência o aborto da vida com Cristo.
É preciso entender isto: precisamos permanecer
ligados a Cristo através do cordão umbilical da fé. Através deste cordão
umbilical, recebemos todos os nutrientes espirituais necessários para uma
gestação sadia e tranquila.
Por isto o alerta: “Não deixem que ninguém os engane”.
Com respeito ao aborto em si,
esta prática comum na sociedade humana. Segundo estatísticas, no mundo
acontecem em todo de 50 milhões de abortos todo o ano. No Brasil são em torno
de 1 milhão, legais e ilegais. E cada vez mais se tenta legalizar este tipo de
assassinato, como agora o caso com as crianças sem cérebro. E eles encontram
várias justificativas a favor deste tipo de crime, sendo a principal delas de
que a mãe/mulher é dona de seu corpo e tem o direito de escolher o aborto ou
não.
Pois este é o maior de todos os enganos
– e por isto as palavras “não deixem
ninguém os enganar”. Esta ideia de que nós somos os donos de nosso corpo,
de nossa vida, de nossos atos, e ninguém tem nada a ver com isto, isto é a
maior mentira da humanidade.
Esta é uma visão das pessoas do mundo,
os filhos do Diabo, filhos sem o Pai Celestial. Eles pensam que podem tudo, mas
não podem nada.
Nós cristãos obedecemos ao nosso Pai. E
obedecemos por um fato bem simples. Por aquilo que está no primeiro versículo: Vejam como é grande o amor do Pai por nós!
Outro engano que sempre nos tenta é de
não acreditarmos que somos filhos legítimos de Deus, de não crermos que temos
uma aparência semelhante a Cristo.
Este tipo de ignorância, de falta de
entendimento, leva um cristão a se achar parecido com as pessoas do mundo.
Este foi o problema dos discípulos,
conforme a leitura do Evangelho, quando nem mais lembravam da aparência de
Jesus, e o confundiram com um fantasma. Eles esqueceram quem eram porque
esqueceram quem era Jesus. Tipo aquela história que todos vocês conhecem, do
ovo de águia que foi colocado no ninho de galinha. A águia depois cresceu no
meio das galinhas, e achou que era uma galinha. E por isto ficou ciscando,
correndo no chão, sem abrir as asas e voar.
Precisamos sempre olhar para o Jesus
ressuscitado, para saber quem somos e não ser nem viver como as pessoas do
mundo são e vivem.
Neste sentido, o texto é bem preciso: “A diferença clara que existe entre os
filhos de Deus e os filhos do Diabo é esta: quem não faz o que é correto ou não ama o seu irmão não é filho de
Deus”.
Viver como filho de Deus é ser
correto e amar o próximo, porque Deus é correto e ama os seus filhos.
Estimados irmãos, como disse no começo,
todos nos preocupamos com a nossa aparência física. Mas, devemos ainda mais nos
preocupar com a nossa aparência espiritual. Esta aparência vai dizer e provar
que somos filhos de Deus. E se o mundo não reconhece em nós que somos filhos de
Deus, isto também é outro prova quem somos e com quem somos parecidos.
E o mais interessante no meio deste
cuidado com a nossa aparência espiritual, está a promessa do Salmo deste culto:
“Lembrem
que o Senhor Deus trata com cuidado especial aqueles que são fiéis a ele; o
Senhor me ouve quando eu o chamo” (Salmo 4.3).
Amém.