“Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”. Valores? Constância? Quais são? É o chimarrão, a bombacha, o Centro de Tradições Gaúchas? E nas injustas guerras? Sou farroupilha ou imperialista, maragato ou chimango? Sou contra ou a favor da governadora? Gosto ou não gosto do presidente? Sou da direita ou da esquerda? Quero os mercados abertos ou fechados aos domingos à tarde? Sou gremista ou colorado? Tenho fé ou sou descrente? Sou desta ou daquela religião? Ou prefiro ficar em cima do muro, na idéia de que “política, religião e futebol não se discute”? Mas, em cima do muro os tiros não vêm dos dois lados? Então é preciso descer e posicionar-se? Mas de que lado está a verdade? Onde encontrar valor e constância nesta guerra da falta de valores, da inconstância de virtudes em meio à corrupção e indecência?
Na Revolução Farroupilha boa parte da sociedade rio-grandense ficou com o Império, entre eles os comerciantes portugueses, os imigrantes alemães, a classe média urbana, parte dos charqueadores e a própria cidade de Porto Alegre. Se a guerra farroupilha fosse hoje, com quem ficaríamos? Com o revolucionário Bento Gonçalves ou com o governador imperialista Fernandes Braga? Sem dúvida é fácil cantar os nossos hinos, difícil é decidir qual o lado ficar e depois defender a posição tomada. Ou como diz o hino: “Mas não basta pra ser livre ser forte, aguerrido e bravo. Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.
Algo parecido em outra revolução quando a Bíblia diz que “nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas”. E daí o recado: “Por isso, peguem agora as armas que Deus lhes dá” (Efésios 6.12,13). Aqui não tem meio termo: “Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar, está espalhando” (palavras de Jesus em Lucas 11.23). Por isto é fácil cantar nas trincheiras do templo: “Se fiel até à morte, luta com real valor, mesmo sendo a tua sorte sofrimento, aperto e dor”. Difícil é guerrear contra o mundo das vantagens egoístas e ter uma vida dominada pelo amor de Cristo que entregou a sua vida (Efésios 5.2).
Graças a Deus não precisamos mais morrer por ideais como aconteceu com os três mil e quatrocentos combatentes nos campos farroupilhas. Nossa constituição democrática oferece garantias e liberdade de expressão política e religiosa. O que não nos permite baixar a guarda, pois “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Ou como diz o livro dos cristãos: Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente” (Gálatas 5.1).
Marcos Schmidt
Jornal NH de 17 de setembro de 2009
Jornal NH de 17 de setembro de 2009