Rio+20 e mais
eu
O problema da
Rio+20 é a confusão das línguas. Não dos idiomas, mas de outra linguagem. As
traduções simultâneas não resolvem a babel desta torre que o ser humano tenta
erguer desde aquele dia quando arrancou o verde de uma árvore para tapar o
buraco na camada de ozônio do seu coração. Foi expulso do jardim porque iria
acabar com ele em pouco tempo. Se hoje consumimos 30% acima da capacidade de
reposição dos recursos naturais do planeta e algo urgente precisa ser feito, sem
dúvida uma tradução adequada é necessária para entender que a torre está
descendo em vez de subir.
Num pré-evento
desta conferência, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou que “o
Brasil reduziu o debate a uma discussão sobre economia, desenvolvimento social e
governança separado da ecologia”. Nenhuma surpresa. A voz do poder econômico e
político sempre ecoará mais forte e absoluta, e a sustentabilidade logo será uma
palavrinha desgastada e sem efeito. Por isto o clamor de Severn Suzuki, a menina
canadense de 12 anos que calou o mundo na Eco-92 com seu discurso contundente ao
criticar os governantes. Hoje com 33 anos, ela diz que “os líderes já deram pistas de que não haverá grandes
acordos na conferência. É a sociedade civil que tem que tomar a frente da
Rio+20”. Com urgência não podemos esperar
pelos outros.
Isto lembra
as desculpas para o Criador no acerto de contas após a queda no pecado. “Quem
fez a bobagem foi a companheira que tu me deste”, disse o homem; “a cobra me
enganou”, esquivou-se a mulher. Só existe um jeito para se safar das desgraças
da insustentabilidade: reconhecer os próprios pecados e crer no descendente da
mulher que esmagou a cabeça da serpente. Esta fé que altera atitudes compromete
ainda mais nos encargos individuais pela preservação da vida plena e
sustentável. E faz da parábola dos talentos (Mateus 25.14-29) um multiplicador
de moedas de ouro também na bolsa do meio ambiente.
Marcos
Schmidt
pastor
luterano
Igreja Evangélica
Luterana do Brasil
Comunidade São
Paulo, Novo Hamburgo, RS
14 de junho de
2012