Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Artigo - Já raiou a liberdade

Nesta semana escutei de um carro de som: - “Você lembra em quem votou na última vez para deputado? Não? Não esquenta, ele também não lembra de você!”. Pior que é verdade, a gente esquece em quem votou e até nem lembra porque hoje é feriado. Mas, lembrar mesmo para quê? É que todos estamos desiludidos, desmotivados. O que adianta saber em quem votei se ele é um sanguessuga? O que adianta conhecer a história do Sete de Setembro se hoje quem precisa de independência sou eu, que morre com todos os impostos que pago para um governo que faz do Piratini e de Brasília um longínquo Portugal? Sem dúvida, estamos todos “até aqui” com estes personagens que ficam gritando e prometendo coisas na frente de riachos. Afinal, eles estão com a independência da honra e nós sob a morte do descaso.
Mas hoje é sete de setembro. Dia de lembrar o legado de Dom Pedro I que bradou: "Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou morte!". Dia de cantar: Brava gente brasileira! Longe vá temor servil Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil. E se a liberdade veio sem guerra e sangue, esta é a maior bênção que desfrutamos hoje, uma democracia que apesar de tudo oferece as letras da Constituição em vez do fio da espada.
Mas aí surge a terrível amnésia. Esquecemos da nossa cidadania. Em vez de subir no cavalo e gritar, nos acomodamos na morte da omissão, do “deixa pra lá que isto nunca vai mudar”. Esquecemos que o poder emana do povo e em quem votamos. Algo parecido na vida cristã e combatido pelo apóstolo Paulo. Ele sacode a memória e diz que “nós somos cidadãos dos céus” (Filipenses 3.20). O termo “cidadão” no original grego do Novo Testamento é politeuma, e significa “usufruir por completo todos os direitos da cidadania”. Politeuma não é termo passivo. Não é sentar-se, contemplando as belezas e orgulhando-se de seus direitos. É termo ativo e expressa uma condição de responsabilidade. Paulo, além de judeu, era um polites, um cidadão do Império Romano. Várias vezes buscou seus direitos para escapar da injusta perseguição que o império promovia contra os cristãos. Estava preso em Roma ao escrever que “nós somos cidadãos do céu e estamos esperando ansiosamente o nosso Salvador, o Senhor Jesus”. Aqui ele recorre ao significado do status político que ainda o mantinha são e salvo a fim de lembrar os cristãos da condição política celestial deles.
É por isto que Paulo diz no início desta carta: vivam de acordo com o evangelho de Cristo (Filipenses 1.27). “Vivam” no original da Bíblia é precisamente politeuesthe. A tradução adequada seria: sejam politicamente corretos neste mundo de acordo com o evangelho de Cristo. Lembrando assim que o cristão tem duas cidadanias, a terrena e a celestial. Uma dupla responsabilidade que o próprio Jesus lembrou ao dizer: daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Na verdade este feriado lembra que não devemos ser uns alienados. Panacas, seria a palavra. Mesmo quando nossa politeuma é o privilégio de servir (Filipenses 1.29), permanece a luta de continuar gritando “independência ou morte”. Afinal, tanto aqui em baixo como lá em cima, é bom nunca esquecer em quem votamos e confiamos. Não é assim que cantamos? Brava gente brasileira! Longe vá temor servil! Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil!
Marcos Schmidt (Jornal NH - 7 de setembro de2006)