Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Artigo - Fome e obesidade

Depois da comilança no Natal e agora, Fim de Ano, surgem as famosas receitas para desintoxicar o organismo. Muita água, frutas e verduras, é o que sugerem. Um problema, no entanto, não só nesta época, e sim, no ano todo. Triste ironia, pois, enquanto seis milhões de pessoas no mundo morrem de fome todos os anos, 1,3 bilhões estão com excesso de peso.

Fome e obesidade. Contraditoriamente, as duas piores epidemias que vem aumentando a cada dia. Por incrível que pareça, a solução para a fome está no lixo. Uma pesquisa diz que o desperdício de comida no Brasil daria para alimentar 8 milhões de lares. Nem precisaria mais do Bolsa Família. No mundo, um terço dos alimentos se estraga nas prateleiras e lixeiras – enquanto 1 pessoa a cada 7 padece fome. Já boa parte do problema da obesidade está nos fast-foods. Na agitação da vida moderna, o fator tempo é algo escasso, e a praticidade da comida rápida virou a solução – pobre em proteínas e rica em gordura. Interessante. Para alguns falta comida, para outros, falta tempo para comer coisa boa.

Este também é um problema espiritual, quando a Palavra de Deus é comparada na Bíblia com o alimento. Muitos morrem porque não têm a Palavra, outros morrem porque não tem tempo para a boa Palavra. Não foi por nada que, através do profeta, Deus alertou: “Por que vocês gastam dinheiro com o que não é comida? Por que gastam o seu salário com coisas que não matam a fome? Se ouvirem e fizerem o que eu ordeno, vocês comerão do melhor alimento, terão comidas gostosas” (Isaías 55.2). O próprio Jesus chamou de “bem aventurados os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele os deixará completamente satisfeitos” (Mateus 5.6).

Depois de tanta comida rápida e gordurosa do Papai- Noel, sem tempo para o nutritivo Pão da Vida (João 6.35), ainda resta a oportunidade na virada para um ano diferente. Igual ao que fez Zaqueu que preparou uma janta para Jesus em sua casa, e teve todo o tempo do mundo para uma saudável refeição. A desintoxicação foi tão eficaz que resolveu dar a metade dos seus bens aos que estavam com fome (Lucas 19.8). No final, a solução para a fome foi a própria obesidade.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 30 de dezembro, 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Artigo - Natal congestionado

Natal é gente saindo, é gente chegando. É tempo de pegar a estrada e seguir pelo caminho às origens. É o maior ciclo migratório no mundo humano. Algo parecido com a viagem de José e Maria à cidade de Belém, quando também somos obrigados a um recenseamento onde tudo começa. Qual a explicação disto? Por que nesta época o ponteiro da bússola insiste para o norte – este lugar magnetizado, conhecido e desconhecido ao mesmo tempo? De onde surge este sentimento que obriga no retorno para casa?

A situação caótica das pessoas presas nos aeroportos da Europa, coberta de neve, expressa bem a angústia humana em querer voltar. O Natal congestionado nas estradas, nas ruas, indica esta obsessão de chegar ao destino de cada um. De onde este desejo em retornar ao seio familiar, à casa dos pais? Ou, no caminho inverso, em ir até onde estão os filhos, os netos? Inexplicavelmente, Natal é uma inconsciente viagem para o sentido da vida. Mas, onde está a vida?

Creio que tenho a resposta para este desejo incontido no Natal. No ciclo migratório no mundo animal, a explicação está no instinto de sobrevivência que indica quando e para onde seguir. No nosso caso, a explicação está nas palavras do anjo aos pastores: “Hoje, em Belém, numa manjedoura, nasceu o Salvador de vocês”. Precisamos voltar para aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14.6). E precisamos voltar “hoje”, porque “hoje é o dia de ser salvo” (2 Coríntios 6.2). Sabemos disto. Está lá, no íntimo de cada um...

Mas, porque somos estrangeiros e peregrinos por este mundo (1 Pedro 2.11), nunca chegaremos ao destino enquanto a estrada estiver obstruída. Mesmo com os modernos meios de transporte, a humanidade não consegue sair do lugar. Por isto a necessidade de uma complexa engenharia: “Preparem o caminho para o Senhor passar! Abram estradas retas para ele” (Mateus 3.3). Como? João Batista deu as coordenadas: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto” (Mateus 2.3).

Natal é gente saindo, é gente chegando. Mas, é gente que não sabe para onde vai. Os viajantes do Oriente sabiam. Seguiram a estrela. Acreditaram na Profecia – na Palavra que é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Salmo 119.105). Na verdade, no Natal nem é preciso sair porque é o Salvador que vem.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 23 de dezembro, 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Artigo - O “wikileaks” de cada um

O assunto é Wikileaks – um site na internet que publica documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis. No último dia 28 de novembro, esta organização divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos – que provocou reação negativa de diversos países e deixou o governo dos Estados Unidos muito envergonhado.

O logotipo do Wikileaks – o planeta Terra vazando – mostra bem que nestes tempos da Internet, nada fica em segredo por muito tempo. Tudo vaza. Bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque a gente fica sabendo de coisas que nunca deveriam ficar em segredo. Ruim porque, cedo ou tarde, os nossos próprios segredos e confidências estarão às vistas de todos. Quem sabe um cumprimento profético daquilo que disse Jesus sobre a falsidade: “Tudo o que está coberto vai ser descoberto, e o que está escondido será conhecido. Assim tudo o que vocês disserem na escuridão será ouvido na luz do dia. E tudo o que disserem em segredo, dentro de um quarto fechado, será anunciado abertamente” (Lucas 12.2,3).

O teólogo Dietrich Bonhoeffer, que morreu torturado nos campos nazistas, escreveu que nos acostumamos a viver com um duplo engano que permite até viver despreocupadamente. Acreditamos que os nossos erros ficarão para sempre no abismo do esquecimento, e que o oculto nunca será revelado. “Vivemos duas vidas, uma pública e uma escondida”, disse o mártir alemão. No tempo dele não tinha Internet, mas se referia ao engano humano diante do wikileaks divino.

Conta-se que uma viúva teve problemas com o testamento, e foi procurada por um advogado amigo que se ofereceu para cuidar da questão. No entanto, a viúva demorou em buscar auxílio jurídico. Percebendo a gravidade, foi ao encontro do advogado, mas este a recebeu com as seguintes palavras: - Sinto muito, mas agora fui escolhido para ser o juiz desta questão.

Escreve a Bíblia: “Se alguém pecar, temos Jesus Cristo...; ele nos defende diante do Pai” (1 João 2.1). É Advento, tempo para fugir dos nossos enganos e crer na reveladora história do Natal.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 16 de dezembro, 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Artigo - Sirene para o Natal

A triste história da adolescente que recebeu vaselina na veia no lugar de soro revela de forma trágica que um simples erro humano pode ser fatal. Um hospital de São Paulo, que tinha a tarefa de socorrer a paciente, seguiu pelo caminho inverso. As embalagens eram idênticas, mas os conteúdos bem diferentes. Já disse o Sábio que “há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando para a morte” (Provérbios 14.12). Segundo estatística, a probabilidade de morte decorrente de remédios mal administrados em pacientes hospitalizados é três vezes maior do que as mortes por acidente automobilístico.

Falhas humanas desta natureza estão cada vez mais evidentes quando depende-se da tecnologia para quase tudo nesta vida cibernética. A palavra “cibernética” vem do grego e significa “timoneiro”, aquele que pilota a embarcação. Hoje é um termo usual para expressar a complicada relação homem-máquina. Além da nociva dependência tecnológica, também nos transformamos em robôs ao fazer as coisas automaticamente – sem nos dar conta dos atos e das consequências. Deve ter sido assim com a enfermeira, também vítima da rotina estressante de um despreparado hospital. Ela não percebeu que injetava na veia da menina a própria morte.

É Advento, tempo para fugir da automação espiritual e refletir mais atentamente sobre o que é soro e o que é vaselina nesta sociedade que virou um grande e confuso hospital. Por isto a voz de João Batista, sempre destacada neste período no púlpito das igrejas: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto” (Mateus 3.2). Arrepender-se literalmente no grego é “mudar de mente”. Naquele tempo bíblico como hoje, as pessoas corriam sem saber para onde iam, e injetavam nas veias da alma uma religiosidade viscosa e mortal. Por isto a ordem: “Preparem o caminho para o Senhor passar” (3.3). Igual a ambulância que pede passagem, esta é estridente sirene para o Natal do Deus que se tornou gente a fim de salvar as gentes desenganadas. Graças a Deus que ainda é tempo para dar passagem...

Marcos Schmidt
Jornal NH de 9 de dezembro, 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Artigo - Polícia pacificadora e o Natal

O comandante-geral da PM do Rio garantiu que a população da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão terá um Natal de paz. É uma promessa das armas para o advento do sossego. Lamentavelmente, não existe outro jeito nesta sociedade de Caim. A tranquilidade social sempre dependerá da polícia. Não existe lugarzinho neste mundo cheio de gente, nos morros ou vales, nas favelas ou bairros de luxo, que não dependa das armas para manter a ordem. O polonês Leonard Kaczmarkiewicz, conhecido como “Alemão, até buscou uma vida sem guerras no Brasil, fugindo dos nazistas na Europa. Comprou terras cariocas, que depois vendeu em lotes para gente que também queria uma vida melhor na cidade maravilhosa. No entanto, a paz neste morro – que leva o apelido do imigrante – agora depende da “polícia pacificadora”. É assim em nosso Estado, cidade, rua. Sem os soldados do bem, os agentes do mal tomam conta.

No entanto, a polícia apenas pode garantir um Natal de paz até onde vai o poder de seu exército. Existe outro Natal e outra paz, que segundo Jesus, o mundo não pode dar (João 14.27). Porque existe outra guerra (Efésios 6.12). Por isto o ponto de interrogação: “Olho para os morros e pergunto: De onde virá o meu socorro?”. O salmista já tinha a resposta: “O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra” (Salmo 121.1). Tal certeza existia porque “se o Senhor não proteger a cidade, não adianta nada os guardas ficarem vigiando” (Salmo 127.1). Uma proteção que foi planejada em mínimos detalhes – conforme registrados no Velho Testamento. Sete séculos antes de sua execução, a profecia prometeu: “As botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo. Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será nosso rei. Ele será chamado de Conselheiro Maravilhoso, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Isaías 9.5,6).

Não tenho dúvidas disto, de que a vitória do bem sobre o mal nos morros do Rio de Janeiro neste primeiro Domingo de Advento, simboliza a chegada da definitiva e permanente paz do Deus que um dia nasceu numa favela.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 2 de dezembro, 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Artigo - Tumulto de Natal

Não consigo deixar de associar a tragédia no festival das águas no Camboja com o tumulto das festas de Natal e Fim de Ano. O que era para celebrar pelo fim da temporada de chuvas, transformou-se num “dilúvio” de gente espremida numa ponte, com centenas de vítimas esmagadas, pisoteadas, afogadas no rio. As imagens são chocantes. Mas porque as pessoas se metem nestes lugares? Eram 2 milhões de gente aglomerada? Tragédias deste tipo já estão anunciadas. Só nos últimos 20 anos aconteceram 16 grandes tumultos parecidos, com um total de 5 mil mortos. Melhor mesmo é ficar em casa, longe destas festas.

Bem melhor se pudéssemos ficar longe deste Natal tumultuado. Longe das correrias, dos engarrafamentos, das filas, da corrida pelos presentes, do estresse... Afastados do perigo de sermos pisoteados pela multidão de compras em várias prestações. Nada contra o comércio. Apenas um alerta do velho Simeão, de que o menino de Belém seria a destruição e a salvação para muita gente (Lucas 2.34). Não é isto que acontece? A festa da Água da Vida (João 4.10) em afogamento e morte? Nem penso na loucura do trânsito, nas bebedeiras e outras inconsequências. Falo do significado desta festividade do Deus encarnado. Coisa que a gente está cansada de ouvir, mas, quando chega este tempo de atravessar a ponte de Belém para um ano abençoado, fica preso e espremido na multidão insana, sem conseguir sair. Por isto, “vida de gado, povo marcado, povo feliz” – canta Zé Ramalho. Ou então, escreve o teólogo: “O Senhor Jesus veio a uma humanidade tão acostumada com a miséria e a desgraça, e feliz numa situação na qual ninguém pode ser feliz – a menos que não esteja certo da cabeça”.

Mas então é Advento, tempo para escapar deste caminho que parece certo, mas que pode acabar levando para a morte (Provérbios 14.12). Tempo de ouvir João Batista: “Preparem o caminho para o Senhor passar” (Mateus 3.3). Pode ser caminho espremido, mas ainda é o período na liturgia da igreja que arruma o Natal através da reflexão bíblica sobre os três “nascimentos” de Jesus: pela mãe Maria, pelas Escrituras Sagradas, e na segunda vinda dele pelo Juízo Final. Por isto não consigo deixar de ver na tragédia do Camboja o tumulto de Natal. Dá vontade de chorar...

Marcos Schmidt
Jornal NH de 25 de novembro, 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Artigo - A profecia de Silvio Santos

Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar. Sílvio Santos vem aí... Quem não conhece esta marchinha? No entanto, o apresentador mais popular do Brasil está vivendo na carne a profecia que “do mundo não se leva nada”. Em dezembro ele completa 80 anos, e recebe um presente de grego – ele que é de origem grega. Um dos negócios dele, o Panamericano, está falido. Este banco usou dinheiro que não tinha como garantia de empréstimo, uma fraude de R$ 2,5 bilhões. Nesta semana Silvio Santos anunciou que vai demitir 40 parentes envolvidos no esquema. Até parece Ali Babá e os 40 ladrões. A lenda conta que Ali Babá, um pobre lenhador árabe, encontrou um tesouro numa caverna, que se abre com as palavras "Abre-te Sésamo". Na história real, as palavras mágicas estavam nos baús de presentes de Natal para crianças, vendidas em prestações, que se transformaram no famoso Baú da Felicidade.

Histórias assim ouvimos todos os dias: gente “rica” que é pobre mas vive com aparência de riqueza, fortunas que desaparecem, fraudes, parentes que enganam parentes, empresas familiares que quebram na segunda ou terceira geração, e tantas outras parecidas. São as surpresas dos “baús” deste mundo onde tudo passa. “Nú saí do ventre de minha mãe, e nú voltarei”, queixou-se o sofrido Jó. O rico rei Salomão também sabia que “como entramos neste mundo, assim também saímos, isto é, sem nada” (Eclesiastes 5.15). Por isto, nenhuma surpresa a desventura do Silvio Santos. Bancos e empresas quebram todo o santo dia. Aliás, desconfia-se que outros bancos onde nosso dinheiro está guardado também escondem o jogo num baú repleto de fraudes.

Por isto a história do Natal, o baú da felicidade sem surpresas desagradáveis. Natal é o inverso do Panamericano, que se fez de rico mas era pobre. No baú da manjedoura, Jesus Cristo que era rico, se tornou pobre para que nós ficássemos ricos por meio da pobreza dele (2 Coríntios 8.9). Ele, num domingo, entrou em Jerusalém e as pessoas cantavam Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar. Jesus Cristo vem aí... Melhor mesmo as palavras do evangelista: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Marcos 11.9).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 18 de novembro, 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Artigo - Ricos demais

Um casal idoso do Canadá não conseguiu se adaptar à vida de milionário e resolveu doar 98% dos 19 milhões de reais que ganhou numa loteria. A doação foi feita para organizações de caridade, instituições sociais e também para hospitais onde a esposa fez tratamento contra um câncer. Semana passada o estranho gesto despertou o interesse dos jornais. Numa entrevista, o casal explicou: “Ninguém entende por que demos o dinheiro, mas nós não precisávamos daquela fortuna”.

Alguém pode pensar: “Já estão no final mesmo”. Sim, mas não seria a oportunidade para aproveitar o que resta da vida, conhecer o mundo, usufruir intensamente os prazeres do conforto, da tecnologia, sobretudo neste período quando a velhice gera inúmeras limitações?

Histórias assim impressionam. Afinal, vivemos tempos marcados pelos “prazeres da modernidade”. Dias atrás encontrei o seguinte destaque numa revista eletrônica sobre moda de roupa: “Glamour e hedonismo podem ser adquiridos a preços acessíveis”. Chamou-me atenção a palavra hedonismo. É uma filosofia da Grécia antiga que considera o prazer a finalidade da vida. Jesus usou esta palavra na parábola do Semeador, ao dizer que “as sementes que caíram no meio dos espinhos são as pessoas que ouvem a mensagem. Porém as preocupações, as riquezas e os prazeres (hedonón no grego) desta vida aumentam e sufocam essas pessoas. Por isso os frutos que elas produzem nunca amadurecem” (Lucas 8.14). Os frutos da fé nele, bem sabemos, são o amor ao próximo, um amor maravilhosamente exemplificado em outra parábola, a do bom samaritano (Lucas 10.25-37).

E não é preciso ser milionário para obedecer o que Jesus diz no fim da história bíblica “vá e faça a mesma coisa”. A cada dia, cada hora, no nosso caminho surge alguém “assaltado” por problemas e necessidades. Para ajudá-lo, teremos que sair do conforto de nossa rotina, dos trilhos de nossa comodidade. Mas, como disse este casal bondoso, eles se consideravam felizardos apenas por estarem vivos, e tinham um ao outro. Algo parecido quando Paulo escreveu: “Pois para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Mas, se eu continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil” (Filipenses 1.21,22).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 11 de novembro, 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Artigo - Livra-nos da idiotice

Eleição e Finados se juntaram num feriadão, e por uma boa causa. É que o presidente da nação tem a sublime tarefa de retardar o dia dos mortos de cada cidadão. Mesmo que o cemitério seja o destino certo, tanto para um ilustre presidente como para um simples cidadão, todos desejam viver por muito tempo, e viver bem. Por isto, penso que esta famosa foto do afago de Lula em Dilma após a vitória, representa o carinho que os brasileiros desejam, gestos que tragam qualidade de vida para todos.

Mas para isto, o país precisa de bons políticos. Refiro-me aqui ao povo em geral. Ainda não li o livro “Política para não ser idiota” do filósofo Mário Sérgio Cortella, mas assisti a entrevista dele no programa da Maria Braga nesta segunda-feira, quando ele comentou sobre a obra. Achei interessante quando explicou que a palavra idiota vem do grego idiótes, expressão usada na Grécia antiga para designar quem não participava da vida política, considerada atividade nobre. Aliás, foi isto que o apóstolo Paulo – que viveu naquele tempo e lugar – lembrou aos cristãos, conforme Filipenses 1.27, para que não fossem omissos, mas vivessem uma vida política de acordo com o evangelho de Cristo (ele usa o termo grego politeuste).

Certamente, se não quisermos terminar os dias terrenos numa urna mortuária como idiotas, precisamos ser bons e ativos cidadãos não apenas na hora de ir à urna eletrônica. A mesma coisa na igreja. Não basta cumprir os votos no altar e depois esquecer os deveres religiosos na comunidade cristã e na sociedade civil. “Sejam filhos de Deus”, ressalta o apóstolo, “vivendo sem nenhuma culpa no meio de pessoas más” (Filipenses 2.15). E se na política a única forma para ser um bom filho do Brasil é através de uma educação eficaz, na vida cristã só existe um caminho: “Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente” (Filipenses 4.8).

A presidenta Dilma, na primeira entrevista, disse que deseja honrar o cargo que recebeu. Na verdade, isto deve ser uma meta de cada cidadão, especialmente daquele que reconhece que a vida humana é um voto divino.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 4 de novembro, 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Artigo - Fio de ouro

Dilma ou Serra? Independente do resultado neste domingo, as Escrituras afirmam que “nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus” (Romanos 13.1). Isto é questão de fé, logicamente. Uma confiança que afirma que em Deus “vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17.28); uma certeza que sustenta a insignificante contabilidade divina dos fios de cabelos da cabeça, que não caem sem a permissão do Criador (Lucas 21.18).

Desde aquele dia quando Deus criou os céus e a terra (Gênesis 1.1), há outro fio, invisível, de “ouro”, que segue pelos tempos e atravessa a história humana, e que, mesmo sem a maioria perceber, rege o mundo, governos e pessoas. E se o Rei dos reis foi o “santinho” em destaque nesta corrida presidencial, mesmo depois descartado junto aos restos de campanha, ainda continuará mexendo os pauzinhos. Aliás, isto a gente sempre faz – só lembra de Deus na hora que precisa e depois...

Em todo o caso, governos, por melhores ou piores, deste ou daquele partido, são a mão de Deus, necessários para a ordem e sobrevivência. Pais, mães, patrões, chefes, professores, policiais, enfim, por melhores ou piores, qualquer função existe “porque as autoridades estão a serviço de Deus para o bem” das pessoas (Rm 13.4). O que seria deste planetinha azul sem o comando no lar, na empresa, na escola, no país? Especialmente através do poder público Deus protege e sustenta a família, a vida, a propriedade, a honra e a dignidade do povo, preservando a ordem e a disciplina. Não é por menos a recomendação: “Por isso você deve obedecer às autoridades, não somente por causa do castigo de Deus, mas também porque a sua consciência manda que você faça isso (Rm 13.5).

Esta certeza – de que este Deus que amou o mundo de tal maneira e que tem o domínio total nas pequenas e grandes coisas – tranquiliza o coração daqueles que dão a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Uma certeza que também faz agir na oração “pelos reis e por todos os outros que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica, com dedicação a Deus e respeito aos outros” (1 Timóteo 2.2).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 28 de outubro, 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Artigo - Mistura indigesta

A história tem mostrado que misturar religião e política não traz coisa boa. Exemplos não faltam. No próximo 31 de outubro, junto à urna eletrônica, seria oportuno dar um voto de confiança aos conselhos de Lutero. Foi neste dia, em 1517, que ele chamou os seus adversários para um debate público sobre a prática das indulgências – um fraudulento negócio com o perdão de Cristo parecido com a venda do voto. É o início da Reforma Luterana, movimento que traz mudanças globais no cenário político e religioso e a própria separação entre igreja e estado.

Lutero e o povo alemão não tinham o direito de escolher seus governantes – viviam sob o regime imperial. Mas, cumprindo o seu dever pastoral, aconselhou os príncipes a não se intrometerem em assuntos espirituais e os sacerdotes em questões da administração política. Há dois escritos básicos dele, o Magnificat (1521) e Da Autoridade Secular (1523), que expõem com sabedoria uma ética que falta no atual contexto brasileiro. Lembra que é preciso “distinguir cuidadosamente os dois regimes de Deus e deixá-los vigorar – um que torna cristão, o outro que garante a paz civil e combate as obras más”. Ao questionar: “Que são, pois, os sacerdotes e bispos?”, responde: “Seu regime não é de autoridade ou poder, mas de serviço e função”. Já o estado “não pode estender-se ao céu e sobre a alma, mas somente sobre a terra – o convívio dos seres humanos”. Onde existe mistura, o resultado será a ruína do convívio das pessoas, alerta o reformador.

Neste princípio, os estatutos de minha instituição religiosa são claros: “Em obediência ao princípio bíblico da separação entre Igreja e Estado, tanto a IELB como as congregações não se envolverão em questões de política partidária”. Por isto o código de ética do pastor em exercício: “Mesmo que deva estar atento aos problemas da sociedade, não quero, enquanto pastor, exercer política partidária”. Isto não sugere omissão e passividade política, mesmo porque, se no pensamento de Lutero “política é o esforço constante e paciente para estabelecer e manter uma ordem social compatível com os valores do cristianismo”, isto só acontece no exercício cristão da cidadania política.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 21 de outubro, 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Artigo - São José – da mina e do Herval

Qual a relação da história dos 33 mineiros soterrados no Chile com a do gaúcho milionário da Mega Sena? Não é só nome São José! Enquanto os chilenos finalmente são libertos da mina de ouro, o brasileiro agora está soterrado sob o peso de milhões em dinheiro. Alguém deve estar pensado: “Este pastor é mesmo bobo”. Concordo! Quem não sonha em ficar rico, viajar mundo afora, ter uma casa com tudo o que tem direito, viver do bom e do melhor. No entanto, afortunado assim não poderia continuar fazendo o que faço, a não ser que inventasse uma mega igreja da prosperidade. Seria um sucesso. Mas daí teria que enterrar toda a minha teologia.

O novo milionário já descobriu a profundidade do seu tesouro. Está comprando imóveis e veículos à vista para trazer os parentes a Porto Alegre e fugir dos vizinhos e amigos. Ele teme os assédios, assaltos e sequestros. Perdeu a tranquilidade. Já os 33 mineiros podem ficar sossegados. Os parentes, amigos, o Chile inteiro, ninguém está interessado no dinheiro deles. Só querem se aproximar para um abraço. Por isto a contradição das euforias – a festa em São José do Herval e a festa na mina de San José. Uma traz um mundo de cobiça, afasta parentes e amigos; a outra devolve o convívio e o carinho dos parentes e amigos.

A gente passa a vida toda sonhando com coisas extraordinárias e gasta boa parte do tempo em busca de uma sorte grande, e esquece que tem nas mãos um tesouro ao céu aberto. Por outro lado, o que adianta ter uma mina de ouro, se ela prende e sufoca? O Senhor Jesus já alertou: “Arranjem bolsas que não se estragam e guardem as suas riquezas no céu, onde elas nunca se acabarão; porque lá os ladrões não podem roubá-las, e as traças não podem destruí-las. Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Lucas 12.33,34).

E pensando mais, se a previsão do resgate dos mineiros era só para o Natal, então isto tem outra relação. É um presente adiantado que aponta para a história do José em pessoa, ou melhor, para o enteado dele – o próprio Deus e dono de todas as minas, que nasceu e viveu na pobreza desta terra a fim de nos resgatar de um buraco sem fim.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 14 de outubro, 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Artigo - Voto de confiança

O rei Davi tinha um homem de confiança chamado Aitofel. Os conselhos dele eram aceitos como se fossem a própria palavra de Deus (2 Sm 16.23). No entanto, certo dia este homem recomendou Absalão matar Davi, seu pai, e ficar com o reino dele. Tempos depois, após pacificar a nação, Davi desabafa no Salmo 146: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém”.

Em quem confiar? Este é o dilema dos recém eleitos no último domingo. Rodeados de amigos e interesseiros, todo o cuidado é pouco. Deveriam seguir os conselhos de Lutero: “Deves dar ordens e arriscar, mas não deves confiar e fiar-te em outros, a não ser em Deus somente” (Da Autoridade Secular, 1523). É assim mesmo. Não só na política, mas em qualquer setor onde pessoas dependem de pessoas. Evidentemente, é preciso “confiar”. Mas, a chave deve ser entregue com cópia. Neste mundo de poder, onde a cobiça é grande, sempre haverá traição e decepção. Foi a triste descoberta de Lutero naquele tempo imperial: “A maior inconveniência que existe nas cortes é quando um príncipe subordina sua razão aos grandes senhores e bajuladores, deixando ele próprio de governar”.

Mas qual o jeito próprio e correto de governar? Sempre dependerá da mútua confiança, ainda que resulte no caminho mais difícil. Sem esse voto, o meio político será um profícuo covil de Absalões (ou de Tiriricas). Lutero já protestava: “Se, porém, de acordo com seu cargo, dedicassem cuidados a seus súditos, certamente descobririam por si mesmos que muito baile, caçada, torneio e jogos deveriam ser deixados de lado”. A brincadeira com o patrimônio público, escandalosamente, sempre correu solta, só trocando os festeiros. Por isto o recado do reformador da igreja: “O político não deve procurar o seu interesse, mas proteger, ouvir e defender o povo”.

Em todo o caso, com tanto político invocando o nome de Deus, que sigam o exemplo daquele a quem Davi dirigiu as palavras desse mesmo Salmo: “O Senhor sempre cumpre as suas promessas”.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 7 de outubro, 2010


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Artigo - Bendito voto

Muita gente não tem liberdade para escolher esposa, marido, profissão, lazer, amigos, religião, governo... Independentemente do fracasso no casamento, no trabalho, nas relações, na fé, na política, se existe a chance para julgar, opinar, expressar, fazer o que se quer e para onde se quer, então, viva o sucesso e viva o fracasso das escolhas de cada um. Que morra o autoritarismo para isto ou aquilo, porque a liberdade é o primordial e supremo desejo do ser humano, e quando lhe é negada, perde-se o sentido da vida.

Contudo, a liberdade tem preço. Ela vale o custo que carrega, mas impõe esforço. E por uma simples razão: ela termina onde começa a do próximo. O meu caminho acaba onde aparece uma rua preferencial – os direitos do outro. “Porque nenhum de nós vive para si mesmo” (Romanos 14.7). É perverso o pensamento pós-moderno, hedonista, que busca o intenso prazer pessoal sem valer-se das consequências. É antidemocrático. O “faça o que estiver no coração” é ditadura do egoísmo. É a tirania do incômodo barulho do vizinho, do lixo jogado na rua, da imprudência no trânsito, da desonestidade na política, da infidelidade dos cônjuges, das falcatruas nos negócios... É a prisão numa mina chilena.

A liberdade está nos genes humano. Está no coração de Deus. Uma autonomia humana até para o bem e para o mal (Gênesis 2.17). A escolha foi errada e deu no que deu, mas foi o primeiro voto da humanidade. Se não fosse a outra e única chance, a morte estaria eternamente ungida. Por isto a santa propaganda eleitoral: “Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente” (Gálatas 5.1).

A respiração da democracia, que oferece “direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (5º artigo da Constituição), nas virtudes e nos defeitos, lembra os desafios de cada um nas pequenas e grandes decisões do dia-a-dia. E se o governo político existe com a permissão divina (Romanos 13.1), então o voto é uma bênção que merece raciocínio e discernimento. Bendito voto!

Marcos Schmidt
Jornal NH de 30 de setembro, 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Artigo - Mãos e dedos da política

"Pessoas sem a verdade fazem da religião um meio de enriquecer, diz a Bíblia (1 Timóteo 6.5). "Isto a gente vê também na política. Por isto o descrédito. O que é ruim, porque ninguém vive sem estas duas coisas. Martinho Lutero, no escrito “Da autoridade secular”, lembra que igreja e estado são dois regimentos de Deus – a mão direita e a mão esquerda dele. Diz isto num tempo quando as duas ordens viviam de mãos dadas para tirar, no lugar de oferecer. Insistiu na necessidade de distingui-las e relacioná-las corretamente. Sobre a igreja, escreve: “Seu governo não é outra coisa que pregar a palavra de Deus e com ela conduzir os cristãos, e vencer a heresia”. Da política, lembra que a “instituição humana não pode estender-se ao céu e sobre a alma, mas somente sobre a terra, o convívio externo dos seres humanos, onde pessoas podem ver, reconhecer, julgar, opinar, castigar e salvar”.

Este escrito de 1523 deveria ficar na agenda de qualquer político, sobretudo se é cristão. Para não esquecer que, se igreja e estado constituem as mãos divinas, os dedos são humanos, fracos, tortos, sempre prontos para manusear o poder em benefício próprio. Por isso, o que Lutero testemunha sobre os desmandos do seu tempo é bem moderno: “Não conhecem nem fidelidade nem verdade, e portam-se de uma maneira que até ladrões e bandidos considerariam excessiva. Seu regime secular é tão decadente como o dos tiranos eclesiásticos”. Uma triste realidade que o apóstolo Paulo também viu, e por isto alertou os cristãos do império romano: “Vivam de acordo com o evangelho de Cristo” (Filipenses 1.27). “Vivam” é “politeuste” no grego, palavra que aponta para a cidadania responsável.

No pensamento de Lutero, política é o esforço constante e paciente para estabelecer e manter uma ordem social compatível com os valores do cristianismo. Valores prescritos nos Dez Mandamentos, na ética, na moralidade. Reconheceu que a última finalidade do governo é proteger a humanidade do caos. Enquanto o instrumento da igreja é o Evangelho, que transforma corações pelo poder do Espírito Santo, o estado tem nos dedos o poder da lei para a paz social – nos dedos porque as mãos são de Deus.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 23 de setembro, 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Artigo - O bom e velho casamento

“Casar faz bem. O casamento hoje dá mais trabalho, mas traz mais satisfação”. Com esta capa, a última Veja de agosto fez uma matéria que aproveitei num retiro de casais, quando sublinhei a última frase: “Não há melhor antídoto para as agruras da vida moderna, enfim, do que o bom e velho casamento – mas que seja bom, acima de tudo”. É sempre assim, a gente precisa perder para dar valor. Está lá no bom e velho Testamento: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade”. Ou, em outra versão: “Far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Alguns usam isto para dizer que a mulher precisa ser submissa ao homem. Se isto é verdade, Deus também precisa ser. Das 20 vezes que “auxiliador” (ézer no hebraico) aparece no Antigo Testamento, 17 se referem a Deus. Idônea, ou “como se fosse a outra metade”, mostra que o Criador coloca alguém ao lado do homem, e vice-versa, para que a submissão no auxílio seja recíproca (Efésios 5.21).

É claro, tem a história do pecado. E daí, o machismo e o feminismo. Mas que tem remédio: “Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo. Deste modo não existe diferença (...) entre homens e mulheres” (Gálatas 3.26-28); “No entanto, por estarmos unidos no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher. Porque assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher. E tudo vem de Deus" (1 Coríntios 11.11,12).

Há 28 anos lido com o aconselhamento matrimonial, e há dezoito, com o próprio matrimônio. Aprendi que as crises e as soluções são todas iguais. E se o casamento conserva a sua força e modernidade no “mundo civilizado”, quando ninguém é mais obrigado a viver de aparência (Veja), então, é a oportunidade para lembrar o velho tripé desta invenção divina: “É por isso que o homem DEIXA o seu pai e a sua mãe para SE UNIR com a sua mulher e os dois SE TORNAM uma só carne” (Gênesis 2.24). Dá trabalho, mas traz satisfação.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 16 de setembro, 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Artigo - Lições no Iraque

Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003, busquei na parábola do joio a sabedoria de Jesus para dizer que George Bush cometia um grande erro. Foi no artigo “o joio e a guerra”, editado no Diário Popular de Pelotas. Na famosa história, os empregados perguntam ao patrão: “O senhor quer que arranquemos o joio?” A resposta vem logo: “Não, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo” (Mateus 13.29). Sete anos depois os soldados americanos deixam o Iraque, e nas areias do deserto, o trigo queimado junto ao joio – a vida ceifada de 100 mil civis, 13 mil soldados iraquianos, 4 mil e 446 soldados americanos, além de 40 mil feridos e um rastro de destruição e de incertezas.

Vejo algo semelhante acontecendo no âmbito religioso, numa guerra entre a moralidade e a imoralidade, entre a justiça e a iniquidade. Em meio às ameaças, o grande perigo é invadir o território do outro com armas humanas e truculentas. Igual à espada de Pedro que arranca a orelha do soldado. “Você não sabe que, se eu pedisse ajuda ao meu Pai, ele me mandaria agora mesmo doze exércitos de anjos?” (Mateus 26.53). As palavras do Senhor deveriam acalmar a ânimo dos discípulos, que, no anseio de resguardar a ordem moral, podem desprezar o poder do Evangelho. A grande missão da igreja sempre foi evangelizar, e não moralizar. Diante disto, a parábola mereceu explicação de quem a proferiu: “Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao Reino, e o joio, as que pertencem a Satanás. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos” (Mateus 13.37-39). Portanto, basta ao discípulo ser a boa semente. Que germine, cresça e frutifique. E a colheita? Esta será feita pelos anjos...

Separar o joio do trigo antes da hora é colher a injustiça no lugar da justiça, o ódio no lugar do amor, a lei no lugar do evangelho. É uma volta parecida com a dos soldados americanos.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 9 de setembro, 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Artigo - GPS do céu

Uma pesquisa na Inglaterra confirma o que já sei por mim: os homens dirigem cerca de 440 km a mais por ano que as mulheres porque não pedem informações. A pesquisa foi realizada com mil motoristas, e mostrou que 74% das mulheres param a fim de pedir informações, enquanto que 37% dos homens não. Preciso admitir que sou um desses que não se dobra quando está perdido. A minha mulher fica braba comigo. Só depois de alguns litros de combustível em vão é que obedeço aos insistentes pedidos dela.

Por que a gente é assim, tão teimoso? Acho que é por isso que tem mais mulher na igreja do que homem. Igreja é lugar onde a gente estaciona e pede ajuda. Para fazer isto, é preciso reconhecer que se meteu em lugar desconhecido, e sozinho não vai encontrar o caminho certo. Este foi o problema do rei Davi. Só depois de gastar todo o tanque, confessou: “Ó Senhor, eu já não sou orgulhoso (...) Não vou mais atrás de coisas grandes e extraordinárias, que estão fora do meu alcance” (Salmo 131). A triste história deste motorista na Bíblia nos serve de lição (2 Samuel 11 e 12). Por isso também as suas palavras no Salmo 32 (8,9): “O Senhor Deus me disse: Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo. Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam”.

Jesus insistiu muito com os arrogantes fariseus para que estacionassem o carro e pedissem orientação. A palavra “fariseu” vem do hebraico e significa “santo”, alguém separado dos outros. Eles se achavam os tais. Um dia Jesus lhes disse: “Ai de vocês, mestres da Lei! Pois guardam a chave que abre a porta da casa da Sabedoria. E nem vocês mesmos entram, nem deixam os outros entrarem” (Lucas 11.52). Hoje Jesus diria: Vocês têm a chave do carro, mas nem vocês nem os caroneiros chegam ao destino certo.

Tomé era homem e cabeça-dura, mesmo assim humilhou-se e perguntou: Como podemos saber o caminho? Jesus respondeu prontamente: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim” (João 14.6). E ele atendeu a sugestão!

Marcos Schmidt
Jornal NH de 2 de setembro, 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Artigo - O socorro vem de cima

Os mineiros soterrados numa mina no Chile serão resgatados no Natal. Eles não podem fazer nada, a não ser confiar no plano de ajuda das pessoas de fora, e aguardar. Neste tempo de espera, há um meio de contato entre o céu e o fundo da terra – um cano por onde enviam água, alimento, oxigênio, remédios, e mensagens de esperança. É a salvação que vem de cima. Enquanto isto, os mineiros têm um enorme desafio nesse advento. Precisam alimentar a esperança, conservar o ritmo de sono e manter o grupo unido. A boa notícia é que, juntos, as chances são maiores. Se um fraquejar, os outros ajudam. A pessoa sozinha acaba ficando desesperada.

Qualquer semelhança com outra história é pura coincidência. Ou não? Em vários detalhes, o resgate desses homens lembra o maior de todos. A própria euforia da descoberta que estão vivos, estampada no rosto dos parentes, na comemoração do país inteiro, lembra a alegria nos céus. Nesta hora vem à memória as parábolas dos “perdidos” em Lucas 15 – da ovelha, da moeda e do filho – onde o evangelista destaca as palavras de Jesus sobre a reação da mulher ao encontrar a moeda: “Pois eu digo a vocês que assim também os anjos de Deus se alegrarão”.

Mas fico imaginando a situação desses mineiros, enterrados vivos a 700 metros, num minúsculo ambiente úmido, quente e sem luz. Eles ainda não foram notificados sobre os quatro meses que terão de aguardar. Por isto, além das condições físicas, o equilíbrio psicológico é fundamental. Um controle que dependerá da esperança em sair do buraco. Eles precisam olhar para cima. E conversar, cantar, animar-se mutuamente. Li numa reportagem a respeito, que em situações extremas desse tipo, os desentendimentos e confusão são comuns. É necessário manter o grupo unido e coeso num só objetivo: esperar o resgate de cima.

Um dos mineiros soterrados é Franklin Lobos, que foi jogador pela seleção chilena de futebol. A filha dele preparou uma longa carta, afirmando que o pai terá todo o tempo do mundo para lê-la. É outro detalhe parecido quando o salmista escreve: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (119.105). Em todo o caso, quando os mineiros forem resgatados, então será Natal e eles terão dois grandes motivos para festejar.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 26 de agosto, 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Artigo - Jesus e o apedrejamento

O que o senhor diz sobre isto? A pergunta dos fariseus era para “pegar” Jesus, quando arrastaram até a presença dele uma mulher flagrada em adultério. Conforme a lei, ela deveria ser apedrejada até a morte. “Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo” (João 8.6). Eles insistiram na pergunta. Jesus se levantou e disse a eles: - Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! Depois, abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. É o único relato nos Evangelhos de que Jesus escreveu algo. Aliás, de toda a Bíblia, a única parte que Deus redigiu de próprio punho são os Dez Mandamentos, entregues a Moisés. O restante foi ditado por Deus e escrito pelas mãos dos profetas e evangelistas – a doutrina da inspiração divina. Intrigante este fato de Deus não permitir que a santa lei fosse originalmente escrita por um ser mortal. E as palavras de Jesus escritas no chão? Quais foram? O evangelista não diz. Penso que Jesus, o Deus encarnado, escreveu algo que o homem também não poderia redigir por si mesmo. Creio que ele desenhou um coração e no meio uma cruz. Sobre isto, alguém disse: “Jesus escreveu os seus pensamentos divinos no pó, mas os homens desejam que os seus pensamentos fiquem gravados no mármore”.

Diz o Evangelho que “quando ouviram isto, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos”. Os comentaristas explicam: “Os mais idosos, naturalmente, lembraram-se do maior número de pecados”. No final, só sobrou o Santo e a pecadora. Então Jesus se levantou e disse: - Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? – Ninguém, senhor, respondeu ela. Jesus disse: - Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais.

O atual apedrejamento de adúlteros em alguns países islâmicos recomenda até mesmo o tamanho das pedras: “Não devem ser tão grandes para não provocar morte imediata, mas também não devem ser tão pequenas”. Qual o tamanho das pedras do nosso juízo religioso e moralista? Que tenha a medida certa, perfeita, santa. Ou então, que elas permaneçam junto ao pó de nossa própria miséria. Só assim ouviremos a resposta do “o que o Senhor diz sobre isto?”: Eu vim para salvar o mundo, não para julgá-lo (João 3.17).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 19 de agosto, 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Artigo - Na garganta do diabo

Tinha lá meus 10 anos, e está bem gravado na memória. Levei um puxão de orelhas bem forte do meu pai ao chegar em casa, feliz da vida, por ter encontrado um maço de dinheiro na rua. Parte dele já tinha gasto com balas e chicletes. Outra vez fiquei de castigo no recreio escolar, e tive que escrever cem vezes no quadro negro “não devo roubar as bergamotas do vizinho”. “Eduque a criança no caminho em que deve andar e até o fim da vida não se desviará dele” (Provérbios 22.6), avisa o texto sagrado. Será que esses vereadores aprenderam a lição “não roubar” quando crianças? Se lhes foi ensinado, os pais e professores deles devem agora estar extremamente envergonhados.

Lutero, no Catecismo Maior (1529), ao sugerir que o roubo, além de imoral, é um problema cultural, aconselha “inculcar o mandamento divino à gente moça, para que se acautelem e não sigam a velha e desenfreada multidão”. Falando à igreja, diz que a “nossa responsabilidade apenas é instruir e repreender com a palavra de Deus”. Mas reconhece que para isto “requerem-se príncipes e magistrados que tenham olhos e ânimo para estabelecer e manter ordem”. Um baita problema quando aquele que faz e executa as leis, que cuida dos bens públicos, é o próprio larápio. Uma praga em nossos municípios, estados, país.

Sem dúvida, honestidade é um princípio moral que precisa ser incutido na infância. Depois só mesmo a polícia. Mas outro empecilho quando “os juízes desonestos se vendem por dinheiro e por isso são injustos nas suas sentenças” (Provérbios 17.23). No entanto, para uma árvore que nasce torta e cresce torta ainda resta o corte profundo na raiz. À exemplo do desonesto Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos, visitado por Jesus (Lucas 19.1-10). Esse publicano parou de “fazer turismo com dinheiro público” após um cursinho presencial com Jesus. O resultado foi a decisão de entregar metade dos bens aos pobres e devolver quatro vezes mais do que havia roubado.

Nesta terça, no Jornal do Almoço, o flagrado presidente da Câmara de Triunfo fez o sinal da cruz antes de iniciar a sessão. Milagre de Zaqueu ou outra fachada? Pois ainda é tempo dessa turma mudar de vida, e no lugar de admirar a Garganta do Diabo nas Cataratas, atender a voz de Deus que ordena “não furtarás”.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 12 de agosto, 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Artigo - Pai meu que está na terra

Está virando rotina histórias como a desse pai que assassinou o filho por causa de um prêmio da Mega-Sena em Cuiabá, da mãe francesa que matou 8 filhos recém-nascidos. Isto não choca mais. Nem a matéria no Fantástico, domingo passado, onde revelou que uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já fez aborto no Brasil, ou seja, 5 milhões e 300 mil mulheres. Aliás, qual a diferença em matar uma criança pré-nascida de uma criança recém-nascida?

Apesar de tudo, o normal ainda é uma mãe e um pai proteger o filho, no ventre ou fora dele. Uma tarefa que sempre foi mais do pai, o provedor da família, aquele com o braço mais forte, que vai à frente e defende dos predadores. Mas também uma realidade que já não é tão comum – ou pela ausência física do pai (o censo do IBGE mostrará os números exatos), ou pela presença agressora e nociva do pai (o pai está entre o principal agressor contra crianças segundo constatação dos Conselhos Tutelares).

Por isto, como fica a pergunta de Jesus: “Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu filho, quando ele pede pão?” (Mateus 7.9) Diz isto, para tranquilizar sobre os cuidados paternais de Deus: “Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem” (7.11). Um pouco antes Jesus já tinha ensinado a oração do “Pai Nosso” – que segundo explicação de Lutero, “Deus quer atrair-nos carinhosamente com essas palavras, para cremos que ele é o nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos”. Mas, como fica esta imagem de Deus, nesse referencial “pai”? Obviamente, prejudicada. Por isto o primeiro pedido nessa oração: “Santificado seja o teu nome”. Isto é: “Ó Deus, me ajude a ser um bom pai para que os meus filhos possam crer que tu és um bom Pai”.

E sendo sincero, sem precisa ser um agressor ou assassino para ser um mau pai. Basta ser um “pai que está na terra”, com a imagem de Adão. Eis a razão do quinto pedido: “E perdoa as nossas ofensas”. Felizmente aquele que ensinou essa oração, também mostrou o caminho para ser pai: “Quem ouve e pratica os meus ensinos é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha” (Mateus 7.24).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 5 de agosto, 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Artigo - A “desvangelização” do secador de cabelo

Agora apareceu outro que está "desbatizando" gente com um secador de cabelo. Com o aparelho, ele retira toda a água lançada na cabeça para fazer o “desbatismo”. A cerimônia foi exibida num programa de televisão nos Estados Unidos, quando Edwin Kagin, responsável pela cerimônia anti-cristã, criticou os pais pelo grave erro de batizar seus filhos sem que eles tenham idade para decidir. Afirmou que alguns casos de educação religiosa deveriam ser punidos por "abuso infantil". Ele percorre os EUA defendendo suas idéias na auto intitulada “guerra civil religiosa americana”.

A “religião” deste cara é parecida com a história do cientista inglês Richard Dawkins, que seguidamente aparece na mídia. Ele declarou: “Meu grande sonho é a destruição completa das religiões”. Ele faz palestras pelo mundo afora nesta obra da “desvangelização”. Outro, que já morreu, é Mohan Chandra Rajneesh, o Osho. Escreveu o livro “Osho, religiosidade é diferente de religião”, onde desmoraliza o cristianismo, dizendo: “Mas porque todos deveriam carregar uma cruz? Você não pode encontrar nada mais para carregar? (...) Há coisas lindas para carregar: você pode carregar um violão. E se gosta de coisas muito pesadas – um velho piano – mas algo lindo, algo digno de um homem inteligente, não uma cruz”.

Sempre acreditei que nós, cristãos, somos testemunhas de Jesus, e não advogados dele. Não precisamos defender Deus e muito menos atacar aqueles que não têm a mesma fé ou são ateus e até ridicularizam a nossa crença. A tarefa que temos sempre será esta, indicada por Jesus: Vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a obedecer a tudo o que eu tenho ordenado” (Mateus 28). Por isto, não vai ser um secador de cabelo, ou qualquer outro instrumento humano que conseguirá desfazer “a mensagem da morte de Cristo na cruz – loucura para os que estão se perdendo, mas poder de Deus para os que estão sendo salvos” (1 Coríntios 1.18).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 29 de julho, 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Decisão do Chamado pastoral

O Rev. Edgar Züge comunicou oficialmente a decisão em aceitar o chamado pastoral da Comunidade São Paulo. Formado em teologia no ano de 1982, tem 53 anos, e atualmente é pastor no Paraná. Casado com Marilene, pai de uma filha e um filho, que já são casados. Em setembro assumirá suas funções em Novo Hamburgo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Artigo - Mão à palmatória

Meu filho de 10 anos, atento a tudo, já me disse: “Pai, qualquer coisa ligo para o 190”. A brincadeirinha dele, no entanto, virou coisa séria. Este projeto de lei contra a palmada está gerando grande discussão. Gente da área jurídica afirma que é inconstitucional, pois o Estado interfere na privacidade das famílias, impondo limites ao direito que os pais têm de educar os filhos. Também há o argumento que, se o maltrato acontece contra a criança, é porque a lei que já existe não é aplicada. “É uma questão de lógica”, escreve Reinaldo Azevedo, “se o sujeito não teme a lei que proíbe o mais, não vai temer a lei que proíbe o menos”.

Quanto ao mérito da palmada, as opiniões também se contradizem. Alguns afirmam que o castigo físico não resolve, pelo contrário, deseduca e desperta a cultura da violência. Outros já defendem que, na medida certa, tem função pedagógica. O assunto divide gente entendida. Gente entendida? Quem tem a razão? Confesso que eu mesmo estou em dúvida depois de tanta coisa que li e ouvi. Estamos no mato sem cachorro. O assunto é complicado, e penso que o grande proveito nisso tudo é a reflexão sobre o nosso jeito equivocado na educação dos filhos. Precisamos “dar a mão à palmatória” e confessar que perdemos o controle sobre as crianças (quem sabe porque perdemos o controle sobre nós mesmos) e não sabemos mais o que fazer com elas, que tomaram conta da casa, da escola, da rua.

Diz a Bíblia: “Não deixe de corrigir a criança. Umas palmadas não a matarão. Para dizer a verdade, poderão até livrá-la da morte” (Provérbios 23.13). Por outro lado, observa: “Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6.4). No livro de Hebreus (12.9) até há uma comparação com a disciplina divina: “No caso dos nossos pais humanos, eles nos corrigiam, e nós os respeitávamos. Então devemos obedecer muito mais ainda ao nosso Pai celestial e assim viveremos”.

Porque o lar terceirizou a educação dos filhos, o estado então sobrecarrega a sociedade com leis – que não consegue aplicar – e assume o papel da família. É preciso voltar a sermos pai e mãe antes que o Conselho Tutelar entre em nossa casa.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 22 de julho, 2010


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Artigo - Deu no que deu

Esperar o quê de alguém abandonado por uma mãe drogada e por um pai fichado na polícia 7 vezes? Criado pela avó, não teve uma família que toda criança precisa. Há exceções, mas são milagres. Em todo o caso, o infortúnio deste goleiro está na mídia porque é a vida de gente famosa. Mas uma história comum – fruto dessa sociedade que não sabe mais onde enfiar tanta gente nos presídios, que se prende a si mesma em segurança atrás de muros, e que sofre a violência no próprio lar.


Foi o ministro Gilmar Mendes que declarou num encontro sobre drogas: “Só a Justiça não conseguirá vencer a guerra. Cada família, cada cidadão – somos todos responsáveis”. Agora então a solução para salvar a sociedade está na família? E a solução para salvar a família? O psicanalista francês Charles Melman já alertou: “A instituição familiar está desaparecendo e as conseqüências são imprevisíveis”. Isto todos percebem. O que se desconhece é a causa da falência do lar, e que alguns sugerem a ausência paterna. Segundo Melman, devido o declínio do referencial masculino na família, os jovens têm dificuldades para estabelecer um ideal de vida. Um assunto abordado também pelo psicanalista brasileiro Rubens de Aguiar Maciel, ao afirmar que há descaso e desconhecimento científico sobre o tema “paternidade”. Sustenta que o pai é figura fundamental na estruturação da personalidade da criança, do lado emocional dela. Conclui que a falta do pai sempre é prejudicial, pela função que tem de estabelecer limites à criança, passar a noção de ela não é o centro do Universo. Na ausência do modelo paternal, afirma que isto “pode trazer uma série de fantasias e consequências, mais ou menos sérias, dependendo do convívio da criança com outras figuras masculinas”.

É por isto que, dos Dez Mandamentos, o único que contém uma promessa é este que trata da família pai, mãe, filhos: “Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe (...) Faça isso a fim de que tudo corra bem para você, e você viva muito tempo na terra” (Efésios 6.1,3). Bruno, tragicamente, não teve pai nem mãe para obedecer e se dar bem na vida. Deu no que deu.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 15 de julho, 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Artigo - Agonia do auto-controle

Dizem que o problema da Seleção Brasileira foi o descontrole. Um desafio não só no esporte, mas em tudo. No Novo Testamento, o termo grego para domínio próprio é “agonidzomai” – de onde vem o “agonizar”. O apóstolo Paulo usa esta palavra para dizer que aquele que deseja ganhar o prêmio que não estraga, precisa agonizar o corpo a fim de não ser desqualificado (1 Co 9.27). O poeta romano Horácio, contemporâneo de Paulo, também declarou isto, que “o jovem atleta que deseja vencer nas corridas precisa suportar muito e fazer muito; abster-se do amor e do vinho”. Mas não foi isto que Dunga impôs aos jogadores? Qual foi então o motivo da derrota? O problema está na cara, ou melhor, no coração.

A dificuldade da Seleção Brasileira é uma característica nossa, destes tempos de extrema competitividade. Em tudo precisamos provar que somos os melhores, e no estresse do jogo da vida e da morte, perdemos no segundo tempo. O goleiro do Flamengo, por exemplo. Se as suspeitas se confirmarem, foi pura falta de controle que o transformou em assassino da ex-amante. E esse PM que matou o motociclista na blitz policial em Caxias do Sul? Foi descontrole. O que acontece no campo de futebol diante de milhões de expectadores, se dá na vida real fora dos gramados. E pior, acontece com nós. No trânsito, no serviço, no supermercado, na família... E desse jeito perdemos o prêmio – a coroa da temperança, do bom senso, da vida.

Aristóteles escreveu: “Considero mais corajoso aquele que domina os seus próprios desejos do que aquele que conquista os seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre o próprio eu”. Paulo sabia disto e por isto confessa: “Não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é eu que faço (...) Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” Ele logo responde num desabafo: “Jesus Cristo” (Romanos 7.19, 25). Na carta aos Gálatas lembrou que um dos frutos do Espírito Santo é o domínio próprio (5.23).

Ao admitir que o maior inimigo sou eu mesmo, então, e só então, começa o treinamento. Uma agonia, sem dúvida, mas que redunda em domínio próprio. O único jeito nesta competição. Por isto a recomendação: “Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida” (Gálatas 5.25).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 8 de julho, 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Artigo - Jogo decisivo

“Devemos nos esforçar pela excelência da Copa do Mundo, e ao mesmo tempo, garantir que ela deixe benefícios para todo o povo”. São palavras de Nelson Mandela, que passou quase um terço da vida atrás das grades sob o regime racista do apartheid, e que hoje, aos 92 anos, ainda é considerado a pedra fundamental para a paz entre brancos e negros sul-africanos. Dono das virtudes do perdão e da reconciliação, a exemplo de José – o famoso personagem bíblico vendido pelos irmãos como escravo – Mandela seguiu pelo mesmo caminho depois da prisão ao tornar-se chefe da nação. Quem conhece a história bíblica, no entanto, lembra que o novo faraó do Egito “não sabia nada a respeito de José” (Êxodo 1.8), e os efeitos desta amnésia foi o apartheid no Egito. Mandela sabe deste perigo, e por isto outra frase dele: “Que a recompensa trazida pela Copa do Mundo prove que a longa espera pela liberdade em solo africano valeu à pena”.

E se as palavras deste líder africano têm respaldo na própria vida, valem também estas: "Não há caminho fácil para a liberdade”. Lembro aqui de outra figura bíblica, Paulo, que também esteve na prisão e marcou um dos gols mais bonitos no gramado das Escrituras: “Cristo nos libertou para que sejamos realmente pessoas livres. Por isto, continuemos firmes como pessoas livres e não se tornem novamente escravos” (Gálatas 5.1). Essa epístola tem um recado sobre o perigo de “outro evangelho” (1.7), crença baseada na justiça e regras humanas, e que coloca Cristo para escanteio. E por isto gera confusão no meio de campo: inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões (5.20).

Mandela joga na prorrogação de uma partida decisiva, e a Copa do Mundo pode coroar a vitória da liberdade política, conquistada com sacrifício. No entanto, educado no cristianismo e assistido por capelães religiosos nos tempos de presídio, aprendeu que a escravidão está mesmo no coração e não numa cela. Isto porque “não existe diferença entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos são um só por estarem unidos com Cristo Jesus” (Gálatas 3.28). Este é o maior benefício que alguém pode receber neste mundo injusto e segregado.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 1º de julho, 2010



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Artigo - A fogueira do João

No meio de fogueiras e futebol, João Batista é lembrado (e esquecido) neste 24 de junho, que conforme a tradição, nasceu 6 meses antes de Jesus. Foi um cara esquisito já nos padrões daquele tempo. Ermitão do deserto, com um roupão de couro de camelo, comendo gafanhotos, vuvuzelava às pessoas: “Arrependam-se dos seus pecados porque o reino do céu está perto” (Mateus 3). Teve um final melancólico – foi preso por falar o que não devia e decapitado, com a cabeça numa bandeja. Tudo pelos caprichos de um rei que também perdeu a cabeça, mas por uma dança sensual de Salomé (Mateus 14.11).

Estranho festejar a vida deste pobre coitado, vestindo-se de caipira e dançando quadrilha. Mas tem alguma coisa normal neste planeta? As contrariedades são as regras, as normalidades exceções. Por isto, seria uma vida decadente ao formato de sucesso, se Jesus não tivesse afirmado: “De todos os homens que nasceram, João Batista é o maior” (Mateus 11.11). “Ele é o cara”. Esta é a conclusão do Salvador. Com isto, João tem de volta a cabeça, a boca, a voz, a mensagem. A vida. E por quê? Porque ele preparou o caminho para passar aquele que disse: Eu sou a Vida. É que João Batista pregou o arrependimento dos pecados, a única estrada para o perdão que Jesus oferece na cruz.

Os problemas são os outdoors, as propagandas que surgem na viagem. E que convidam aos atalhos e caminhos alternativos. Algo parecido com a própria festa de São João. O objetivo dela é a reflexão. Nada contra os festejos, mas então, que fosse a Festa da Fogueira, ou coisa parecida. São as contrariedades. E assim a gente vive o dia-a-dia. Depois, quando termina a brincadeira, vem o que é sério. E daí não adianta dançar quadrilha, ou vestir a camiseta do time.

Também não adianta ser um João Batista. Foi Jesus quem disse: “Ele jejua e não bebe vinho, e todos dizem: está endemoninhado. O Filho do Homem come e bebe vinho, e todos dizem: Vejam! Este homem é comilão e beberrão”. (Mateus 11.18-19). Por isto a conclusão do Salvador: não importa o que as pessoas falam, o que interessa é o resultado, o que a pessoa é. Algo difícil quando a gente vive de aparência e não de substância. Mas nada impossível enquanto o reino do céu ainda está perto.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 24 de junho 2010


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Artigo - Hora do silêncio, hora do barulho

O barulho das “vuvuzelas” me incomoda já faz tempo. Tenho um zumbido nos ouvidos, um chiado constante e perturbador. Dizem que 17% dos brasileiros sofrem deste mal. Meu desafio é fazer igual a um alemão que encontrou a fórmula para "filtrar" o incômodo zunido das cornetas africanas, que chega aos ouvidos do mundo inteiro pela televisão. Ele desenvolveu um programa de computador que deixa a transmissão livre do barulho. No meu caso, o “filtro” é não pensar na zoeira que vem de dentro da cabeça.

Parece que o único jeito nesta sociedade do barulho é se acostumar com o barulho. Vivemos a cultura das “vuvuzelas”. Tem saída? A Fifa diz que não. Permitiu as cornetas nos estádios porque fazem parte da cultura local. Este é o nosso problema. Nos acostumamos com as loucuras que chamamos de cultura. E daí, o único jeito é inventar “filtros”. Mas já disse o Sábio que tudo neste mundo tem a ocasião certa – tempo de ficar calado e tempo de falar (Eclesiastes 3.7). Só que hoje não encontramos mais o tempo do “ficar calado”. Se não é o barulho que vem da rua, é o ruído constante dentro de casa vindo da televisão. E assim falta o saudável silêncio para a conversa com os outros e a conversa com Deus. Silêncio para a leitura, reflexão, meditação, oração. Coisa que o Senhor Jesus recomendou: vá para o silêncio do seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai (Mateus 6.6). E se até no céu houve silêncio após os gritos de louvores a Deus (Apocalipse 8.1), então, mais do que nunca, precisamos aqui em baixo de uma pausa para as vuvuzelas.

O próprio Filho de Deus foi um “mistério guardado em silêncio nos tempos eternos”, explica o apóstolo (Romanos 16.25). Uma quietude divina do Antigo Testamento antes da revelação de Jesus, rompida pelo coro dos anjos na noite de Belém (Lucas 2.14). E se o Salvador morreu igual a uma ovelha muda, sem abrir a boca (Isaías 53.7), prometeu que um dia voltará em meio às vuvuzelas celestiais (Mateus 24.31). Por isto a oração: “Ó Deus, não fiques em silêncio! Não te cales” (Salmo 83.1). Mas também a ordem: “Que todos se calem na presença de Deus, o Senhor, pois ele vem do seu lugar santo para morar com o seu povo” (Zacarias 2.13). Por isto, feliz aquele que sabe a hora do barulho e respeita a hora do silêncio.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 17 de junho 2010


terça-feira, 15 de junho de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Artigo - Copa do Mundo e Namoro

Uma partida de futebol é igual à relação no casamento: há paixão, amor, ódio, disputa, desentendimentos, torcida contra e a favor, e o jogo só funciona com dois times em campo sob regras e respeito. Amanhã começa o maior espetáculo do futebol e sábado é o Dia dos Namorados. São duas paixões que podem selar união ou desunião, alegrias ou tristezas, bênção ou desgraça. O presidente da África do Sul deveria saber disto, ele que joga contra três times e já pensa na quarta mulher. Uma delas não aguentou a deslealdade e fez um joguinho extra-oficial.

Referindo-se a Copa do Mundo na África, Nelson Mandela fez uma declaração que bem poderia ser sobre o casamento: “Devemos nos esforçar pela excelência do evento e, ao mesmo tempo, garantir que ele deixe benefícios para todo o povo”. Ele, que viveu 27 anos na prisão sob o regime apartheid, soube vencer a injustiça racial com paciência e persistência. Um belo exemplo quando as relações políticas e sociais têm as mesmas bases da relação entre um homem e uma mulher no matrimônio – lealdade, respeito, compromisso, justiça, trabalho. Que são atitudes do amor. Mas quando este amor não é convocado, o apito do juiz provoca mais barulho do que as festivas cornetas africanas, e o jogo fica feio. Por isto a bagunça neste planeta, que precisa de um tremendo aparato de segurança contra a violência para manter a harmonia em torno da bola – a jabulani, que significa celebração.

E celebração é o que todos desejam nos esportes, no casamento, na família, na política, na sociedade. É o que Deus também quer. Afinal, o mundo é obra Dele. E nada mais festivo do que as maravilhas da África. Mas os contrastes deste imenso continente, sua pobreza, fome, guerras, tudo isto revela um mundo contraditório, onde a “bola da vida” jabulani rola no gramado da morte e da desilusão.

Mas foi Mandela quem disse, que "não há caminho fácil para a liberdade”. É o que a Bíblia lembra: “Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência” (1 Coríntios 13). É o ágape, a bola perfeita fabricada por Cristo. É deste amor atitude que o mundo precisa – condicionamento espiritual que supera o egoísmo e as paixões inconsequentes, e transforma o futebol e o casamento em duradoura celebração.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Semanal - 3 a 9 de junho de 2010

Aniversariantes
03-Nubia Silva, Olívia Molter, Darci Kayser, Aline Assmann, Alonso Wasem, Valdenir Moura, Ismael Schefler, Elenice Mariano; 04-Judite Jost, Elvira Lindol, Dulce Dietrich, Lavinia Schmidt, Morgana Cherutti; 05-Alberto Bauer, Dulce Furtado, Moises Scheffler, Letícia Bunkowski; 06-Laura Zucatti, Antonio Silva, Valirio Esspich, Jessica Fusinato, Remi Krumenauer, Mariana Junqueira, Miloca Kohlrausch, Janete Hugentobler; 07-Julia Mauhs, Wilma Meurer, Denis Neumann; 08-Renata Garcia, Aline Hugentobler, Cleomar Kaufmann; 09-Ana Muller, Chaiele Vier

Lembretes
25 anos – No culto de 13 de junho o Departamento da 3ª Idade festeja 25 anos de atividades na congregação – neste ano quando o lema da igreja enfoca os idosos.

Retiro de Casais – No dia 12 de junho realiza-se o primeiro encontro do ano dos casais. O palestrante será o pastor Lucas Albrecht, capelão da Ulbra. O início será às 18h, no OK Center, NH. Inscrições na Secretaria ou com o pastor.

Instrução de Adultos – Interessados em fazer a profissão de fé para ingressar na igreja, são convidados para os escontros sempre aos sábados, 9h, na igreja. A inscrição deve ser feita na Secretaria. Mais detalhes na Secretaria ou com o pastor.

Instrução de Confirmandos – No dia 6 de agosto inicia uma nova turma de instrução de confirmandos. Crianças que completam 12 anos entre agosto/2010 a julho/2011 estão aptas para ingressar. Inscrição na Secretaria.

Calendário 2010 – É só pegar nos cultos ou na secretaria. Um por família.

Culto Cantate – Mensagens, canto congregacional, união coral, orquestra, e instalação do Prof. Paulo Nerbas – tudo isto no Culto Cantate, 13 de junho, 18h. Com a participação do nosso coral. No Seminário Concórdia, São Leopoldo.

106 anos – No dia 20 de junho, às 10h, será celebrado o Culto dos 106 anos da IELB, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo. Maiores informações no site da IELB: www.ielb.org.br

Escola Bíblica – No mês de julho não haverá Escola Bíblica nos domingos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Artigo - Levar um tufo

O Brasil está crescendo além da capacidade. Só no começo deste ano a taxa de crescimento deve ficar em 13%, a segunda maior do mundo. Os empresários estão otimistas e faceiros, mas os economistas preocupados. “O risco de acelerar demais é sair da estrada e ser obrigado a voltar para trás a fim de retornar à rota”, alertou um especialista. O maior perigo é a volta da inflação. É que as pessoas consomem mais e começa faltar coisas. Com a redução da oferta de serviços e produtos, os preços sobem. E inflação é tudo o que a gente não quer.

Crescimento rápido é um perigo na vida de cada pessoa. Se de uma hora para outra, ganho muito dinheiro, sou promovido no emprego, torno-me um “emergente” – isto pode inflacionar o ego e criar conflitos no casamento, nas amizades, na vida espiritual. Histórias não faltam de pessoas que tiveram dificuldades em acompanhar a ascensão profissional, financeira e social. Conheço muita gente próxima que em pouco tempo ganhou tudo, e em pouco tempo perdeu tudo.

Na vida cristã acontece algo parecido. O apóstolo alerta o jovem pastor Timóteo: Não seja neófito, para não ficar orgulhoso e ser condenado igual ao Diabo (1 Tm 3.6). A palavra “neófito” literalmente no grego é “recém plantado”, um termo exclusivo da Bíblia para designar a pessoa recém convertida à fé cristã. Paulo alerta que alguém espiritualmente novato não tem condições para assumir a função de pastor ou de líder na igreja. Antes, ele precisa crescer na medida certa, Senão fica orgulhoso – “tuphos” no grego, que é “fazer fumaça”. E no meio da fumaça, da neblina, a pessoa não enxerga mais nada além de si mesma. Fica arrogante. Quem sabe daí a expressão “levar um tufo”.

Por isto Paulo lembra que a igreja precisa de bons “economistas” (oikonomos no grego) para não ficarem orgulhosos (1 Coríntios 4.2,7) E oferece então a dica: “Para progredir na vida cristã, faça sempre exercícios espirituais. Pois os exercícios físicos têm alguma utilidade, mas o exercício espiritual tem valor para tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro” (1 Timóteo 4.7,8). Não seria interessante os oikonomistas do Lula lerem a Bíblia?

Marcos Schmidt
Jornal NH de 3 de junho de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Semanal - 27 de maio a 2 de junho de 2010


Aniversariantes
27-Gladis Baronio, Fernando Karg, Anderson Dieter; 28-Iraci Hedlund, Mirian Juchem, Karin Schwartzhaupt; 29-Maria Koller; 30-Paulo Bauer, Bianca Silva, Nara Schmitt, Mateus Souza, Taila Rheinheimer; 31-Isolde Luguesi, Diego Baronio, Doris Scheffler, Eloisa Kohlrausch; 01- Athos Dutra, Hilda Tiggemann, Alessander Garcia; 02- Lili Bock, Anna Bauer, Ivoni Stelter, Cintia Muller, Gabriela Silva, Iria Reinheimer

Lembretes
Chamado de pastor – Neste sábado, 29/05, 20h30, após o culto que será reduzido, realiza-se uma Assembléia Extraordinária, dentro do processo para o chamado do próximo pastor. Dos 28 candidatos, 11 pastores responderam o questionário.

Deca – No culto deste 30 de maio, o Departamento de Culto e Altar lembra 16 anos de atividades. Voluntários que queiram participar, são muito bem-vindos!

Redentora – A Comunidade Jesus Redentor, no dia 5 de junho, festeja 20 anos.

Retiro de Casais – No dia 12 de junho realiza-se o primeiro encontro do ano dos casais. O palestrante será o pastor Lucas Albrecht, capelão da Ulbra. O início será às 18h, no OK Center, NH. Inscrições na Secretaria ou com o pastor.

Instrução de Adultos – Interessados em fazer a profissão de fé para ingressar na igreja, são convidados para os escontros sempre aos sábados, 9h, na igreja. A inscrição deve ser feita na Secretaria. Mais detalhes na Secretaria ou com o pastor.

Instrução de Confirmandos – No dia 6 de agosto inicia uma nova turma de instrução de confirmandos. Crianças que completam 12 anos entre agosto/2010 a julho/2011 estão aptas para ingressar. Inscrição na Secretaria.

Calendário 2010 – É só pegar nos cultos ou na secretaria. Um por família.

Culto Cantate – Mensagens, canto congregacional, união coral, orquestra, e instalação do Prof. Paulo Nerbas – tudo isto no Culto Cantate, 13 de junho, 18h. Com a participação do nosso coral. No Seminário Concórdia, São Leopoldo.

106 anos – No dia 20 de junho, às 10h, será celebrado o Culto dos 106 anos da IELB, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo. Maiores informações no site da IELB: www.ielb.org.br

Veículo novo – A congregação adquiriu um carro novo, Prisma da GM, conforme aprovado na última Assembléia.

Telefones – Samuel Fuhrmann, 82204266 e Regis Müller, 81340337
 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Artigo - Vida em laboratório?

A notícia da semana passada, que pesquisadores americanos recriaram a vida, lembra aquela historinha do cientista que chegou para Deus e disse:

– Senhor, agora podemos também criar a vida.

– Tudo bem, disse Deus. Mas, antes, vamos fazer um teste.

– Que tipo de teste?

– Um teste de fazer gente, respondeu Deus.

– Legal, exclamou o cientista. Rapidamente se adiantou, pegou um punhado de barro e disse:

– Vamos lá, estou pronto!

Mas Deus retrucou:

– Assim não vale, tu tens que criar o teu próprio barro.

Propaganda enganosa – descreveu Moacyr Scliar sobre esta célula sintética inventada em laboratório. O que eles fizeram foi colocar na célula um enxerto que poderá ser programado para fabricar vacinas, medicamentos e até biocombustível, explica o médico. E ressalta o que todos já sabem: atrás desta pesquisa há muito interesse em grana. Por outro lado, "nas mãos erradas, a novidade de hoje pode representar amanhã um devastador salto ao desconhecido", afirmou o Vaticano. Esta é a preocupação sobre a célula sintética, que pode trazer um impacto imprevisível e catastrófico à humanidade. Parecido com o urânio enriquecido, que além do uso medicinal, produz a bomba atômica.

Foi assim na primeira tecnologia – o manuseio do petróleo tanto na Arca de Noé como na Torre de Babel (Gn 6.14 e 11.2). “Logo serão capazes de fazer o que quiserem”, questionou o Criador, antes de derrubar a soberba construção. Mas, e hoje quando as torres alcançam infinitamente os céus da tecnologia. Infinitamente? Scliar responde: “O problema para nós, humanos, não é o de criar a vida; o furo está mais abaixo (ou mais acima). O problema é o que fazer com a nossa vida. E, a resposta nenhum laboratório a dará”.

O que fazer com a vida? O que fazer com a morte? Contraditório! Quanto mais descobertas, mais dúvidas; quanto mais remédios, mais doenças; quanto mais tecnologia para a vida, mais tecnologia para a morte. Não será isto um alerta quando os mistérios nos microorganismos e no Universo têm a permissão para serem desvendados? Por aquele que soprou nas células do complexo corpo humano a alma vivente? Um sinal amoroso daquele que se fez homem para recriar no laboratório da cruz a divina imagem perdida? Creio que sim!

Marcos Schmidt
Jornal NH de 27 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Semanal - 20 a 26 de maio de 2010

Aniversariantes
20-Asenir Muller, H.Rangel Dieter, Nelda Huhnfleisch; 21-Lucas Souza, Pedro Thoen, Betina Martins, Isabela Thoen, Gabriela Kruse, Nadir Krumenauer; 22-Julia Nitz, Luan Borconi, Dionei Saraiva, Alberto Zimmer, Daniel Pospichil, Diovane Saraiva, Rodrigo Hanauer, Ivanir Diefenthaler; 23-Ida Muller, Andreza Cruz, Rodrigo Moura; 24-Lucas Silva, Gilson Trisch, Felipe Coelho, Iraci Diefenthaler, Rejane Fagundes, Brenda Oberdieck; 25-Thereza Iung, M.Gerci Roos, Eduarda Rocha; 26-Nelida Cruz, Jair Hedlund, Mateus Oliveira, Alessandra Dieter, Marines Mombach

Lembretes
Falecimento – Faleceu no dia 17 de maio, aos 82 anos, Walter Mauhs. O culto em ação de graças será neste 23/05, às 9 horas.

Chamado de pastor – Dos 28 indicados, 11 pastores responderam o questionário e agora seguem no processo do chamado. A próxima Assembléia Extraordinária, dentro do processo, será no dia 29/05, 20h30, após o culto (o culto será reduzido).

Retiro de Casais – No dia 12 de junho realiza-se o primeiro encontro do ano dos casais. O palestrante será o pastor Lucas Albrecht, capelão da Ulbra. O início será às 18h, no OK Center, NH. Inscrições na Secretaria ou com o pastor.

Instrução de Adultos – A partir de 8 de maio (sábado) 9h, na igreja, começaram os encontros para instrução para profissão de fé. A inscrição pode ser feita na secretaria. Mais detalhes na secretaria ou com o pastor.

Instrução de Confirmandos – No dia 6 de agosto inicia uma nova turma de instrução de confirmandos. Crianças que completam 12 anos entre agosto/2010 a julho/2011 estão aptas para ingressar. Inscrição na Secretaria.

Calendário 2010 – É só pegar nos cultos ou na secretaria. Um por família.

Coral – A Camila, regente do coral, avisa sobre as datas dos próximos ensaios: 25 de maio, 1º e 8 de junho, 19h30 na igreja. E dias 6 e 13 de junho, 15h, no Seminário Concórdia para o culto Cantate. Novos coralistas são bem vindos.

Chá das Servas – O Departamento de Servas promove no dia 26/06, 15h, um chá, ao preço de 10 reais o cartão.

Galeto dos jovens – Os jovens promovem um galeto (para levar) no dia 29 de maio, ao preço de R$ 9,00 o cartão.

Desisntalações – O pastor Rafael Wilske, de Dois Irmãos, e o pastor Martim Brehm, de Canudos, NH, aceitaram chamado e foram desinstalados de sua paróquia.

106 anos – No dia 20 de junho, às 10h, será celebrado o Culto dos 106 anos da IELB, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo. Maiores informações no site da IELB: www.ielb.org.br

Telefones – Samuel Fuhrmann, 82204266 e Regis Müller, 81340337