Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 8 de junho de 2012

CPT 21 - Dependência e Recuperação

O SEMANAL, ANO 8, Nº 375


O SEMANAL - 07 A 13 DE JUNHO de 2012

IELB – Comunidade Evangélica Luterana São Paulo - celspnh.blogspot.com
Rua Joaquim Nabuco, 973 – Centro – Novo Hamburgo / RS
Secretaria: 3066-6434 / celspnh@sinos.net
Pastores: Marcos Schmidt: 8162-1824 – marsch@terra.com.br
Edgar Züge: 8574-1172 – edgarzuge@yahoo.com.br
______________________________________________________________________________________
2º Domingo após Pentecostes

Tema:                          Anseio por perdão
Leituras:   Sl 130     Gn 3.8-15     2 Co 4.13-5.1     Mc 3.20-35


Mensagem: Cada um de nós tem os mais diversos anseios. Anseio por saúde, bem estar, boa situação econômica, bons relacionamentos, e por aí vai. Quando vamos à igreja também ansiamos por algo, às vezes por novidades em relação à forma exterior das coisas, sem darmos a devida atenção à essência. O autor do Salmo 130 mostra um anseio em relação à  maior necessidade do ser humano, anseio de correto relacionamento com Deus, anseio por algo que resolva seu problema de culpa. A resposta que o salmista encontra é a mesma que nós precisamos. Está embutida em duas palavras: arrependimento e perdão! (pastor Edgar Züge)


Programação na Semana

1206 - Terça
13h30
18h30
19h30
Assistência Social
Aulas de flauta
Coral
13/06 - Quarta
14h30
20h
Servas Centro
Encontro Teológico
14/06 - Quinta
14h
20h
3ª Idade
Culto “São Paulo”
15/06 - Sexta
18h15
19h
19h40
20h
Instrução 1º e 2º Anos
Instrução Pré- Confirmandos
Juventude Mirim
Leigos  
16/06 - Sábado
9h
18h
20h
Aulas de teclado e violão / Instrução de Adultos
Culto “Jesus Redentor”
Culto “São Paulo
17/06 - Domingo
9h
Culto “São Paulo”


Lembretes


ANIVERSÁRIO 3ª IDADE – No culto deste 10 de junho o Departamento da 3ª Idade lembra o seu aniversário com participação especial. Parabéns!
JOVENS – Nos dias 16 e 17 de junho acontece a 1ª fase da olimpíada esportiva dos jovens do distrito, nos moldes de vôlei e pingue-pongue. Será no Colégio Sinodal da Paz, com início às 13h30 de sábado. Não tem juventude local neste domingo.
ASSEMBLÉIA – A diretoria da comunidade convoca para o dia 30 de junho, 20h, Assembleia Extraordinária para apresentar projeto de revitalização do Cesaspa. O culto e a assembleia serão mesclados – num momento único.
ACAMPADENTRO – No dia 30 de junho, após o culto, a Juventude Mirim realiza um “acampadentro” nas dependência do ginásio.
FESTA JUNINA – Os jovens convidam para Festa Junina, 23 de junho, após o culto.
ENCONTROS TEOLÓGICOS Próximas datas: 13/06 e 27/06 - 4ª feiras, 20h. CONFIRMAÇÃO – Nos cultos de 7 e 8 de julho, 22 jovens serão confirmados em sua fé cristã. A turma será repartida em duas, no sábado e no domingo.
PRE-CONFIRMANDOS – No dia 3 de agosto inicia nova turma da Instrução do Pré-Confirmandos. Aqueles que completam 11 anos a partir de agosto de 2012 estão aptos para participar. Inscrições na Secretaria.
CASAISNos dias 14 e 15 de julho tem o retiro de casais, no Hotel Candeeiro, Salvador do Sul. Preço por casal com todas as despesas: 280 reais (duas parcelas: 10/06 e 08/07). Após, 300 reais. Inscrições na secretaria ou com pastor Marcos.



ROLANTE – O pastor Marcos prega no culto de aniversário na Comunidade “Cristo” de Rolante, 9h, nesse 10 de junho.
SERMÃO DO CULTO – Leia no blog celspnh.blogspot.com.
CPT na TV – Assista esse programa televisivo no blog da congregação.
MENSAGEIRO LUTERANO Pegue um e coloque 5 reais na caixinha!
Amigo(a) visitante, bem-vindo(a) a este culto. Deus lhe abençoe. 

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sermão 2º Domingo após Pentecostes


2º Domingo após Pentecostes, 10.06.2012
Autor: Edgar Züge
Tema: “Anseio por perdão”

Texto: Salmo 130



Introdução.
A. Anseio por novidades.
É natural ansiar por algo. É natural ansiarmos por novidades. Ao entrarmos na igreja também podemos ter este sentimento. O professor Raul Blum escreveu interessante artigo no Mensageiro Luterano de junho deste ano neste sentido. Geralmente queremos novidades. Diz ele que em cada culto há novidades: Leituras bíblicas diferentes, hinos diferentes.

B. O mesmo, sim; mesmice, não.
O que permanece igual é o evangelho. Às vezes há diferença entre o que queremos e o que realmente precisamos. Queremos diferentes formas de adorar. Isto pode ser feito. Há espaço para o dito tradicional e para o jeito mais contemporâneo. Mas quem muito anseia por mudanças constantes jamais ficará satisfeito. Se atentarmos demais para o continente, não daremos a devida atenção para o conteúdo, o que de fato interessa. A forma sempre deve estar a serviço do conteúdo.
E qual é o conteúdo? É o que a palavra de Deus nos apresenta mais uma vez no dia de hoje, com destaque para o  Salmo 130.

C. Introdução e títulos do Salmo 130.
Salmo de penitência: Este Salmo é o 6º dos 7 salmos de penitência, na ordem: 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143. O pecador não pode chegar ao templo de Deus sem arrependimento, sem pedir perdão ao Deus que é cheio de misericórdia e graça. Por isso na liturgia sempre consta como primeira parte principal a Confissão e  Absolvição dos pecados.
Salmo “paulino”: Lutero o chamou de salmo “paulino”, pois até parece ser um hino predileto de Paulo, uma vez que o tema aparece muito em suas cartas, a penitência.
Salmo de peregrinação: Mas também é um salmo de peregrinação, como aparece no título em hebraico. Entoado durante as romarias para Jerusalém, para o templo.
Títulos dos tradutores: Os principais que aparecem são de duas ênfases: a) Das profundezas, apontando para o pedido de perdão; b) Oração pedindo ajuda, que também está no texto, mas sempre lembrando que a ajuda principal é o perdão, a salvação.


I. Como o perdão é conseguido


A. O ser humano quer se esquivar de um encontro com Deus.
Em Gn 3.8-15 temos o relato da confrontação de Deus com Adão e Eva logo depois da primeira desobediência destes. Quando Deus veio ao encontro deles, trataram logo de se esconder. Quando Deus pergunta: “onde estás?”, desviam o assunto não respondendo onde estão, mas o que estavam fazendo. Quando Deus pergunta se tinham comido o fruto proibido, também não respondem mas começam a jogar a culpa um no outro: Adão joga a culpa em Eva e esta joga a culpa na cobra. Deus dá um castigo temporal específico a cada um como consequência imediata, mas surpreende com uma nova possibilidade de vida.

B. Deus promete perdão e salvação.
Surpreendentemente Deus não cumpre a ameaça inicial de castigo eterno a quem desobedecesse, mas contrapõe uma oportunidade de perdão e salvação através de uma estranha proposição: O descendente da mulher seria ferido no calcanhar e a cabeça da serpente seria atingida em cheio, na cabeça (um golpe mortal e definitivo). Gn 3.15

C. Como o perdão é conseguido (vv.1-4).

Adonai. O nome mais comum do Antigo Testamento para Deus é Javé, Senhor. Mas aqui consta “Adonai”, “meu Senhor”, é o inferior se apresentando diante do superior.
vv. 1 e 2: Diante da majestade de Deus o humilde e arrependido faz sua confiante súplica por ajuda por causa do seu grande mal, o pecado. É o pedido reiterado por alguém que está afundado, atolado, à beira do desespero.
v. 3: As nações todas são pecadoras e o salmista também se inclui. Aqui está a verdadeira natureza do problema do ser humano, que é diferente de depressão, saudades do lar, ou perseguição: O verdadeiro problema é o pecado que se manifesta nas mais diversas formas de desamor, levando à “culpa”.
v. 4: Temos aqui a expressão de sua fé, da confiança irrestrita “a fim de que sejas temido.” É excluído o pedido de perdão meramente formal, rotineiro. Não há medo no verdadeiro temor. Há confiança, adoração e serviço. Caso contrário, fugiríamos do Senhor.
“O sincero arrependimento inclui o reconhecimento da imensidade de nossos delitos, o que necessariamente nos faz temer a Deus; e a fé na existência do perdão completo, que tira do temor o medo, mas faz, reverentemente, respeitar o Deus misericordioso e assim consolar-se.”
Na certeza do perdão de Deus estamos consolados, até mesmo quando perdura o sofrimento, pois este já não pode ser castigo, já que “o castigo que nos trás a paz estava sobre Ele”. Is 53.5


II. A atitude do autor perdoado e seu conselho a Israel

A. O salmista aguarda a ajuda do Senhor (vv. 5 e 6).
O salmista aguarda pela ajuda do Senhor porque sabe que Suas promessas são fiéis. Às vezes a noite parece ser longa, mas a aurora rompe a escuridão. Isto não é triste resignação, é fé.
Cada vez que me deparo com este versículo lembro dos tempos de quartel, no 19º BIMtz, de São Leopoldo, em 1975. O “segundo quarto” da guarda, das 4 às 6 da madrugada, era o mais terrível. Como ansiava pelo romper da manhã! Assim o salmista aguarda a salvação do Senhor!
Esta esperança sobre assuntos espirituais é a mesma quanto a assuntos temporais. Eles não são mutuamente excludentes, mas complementares. Evidente que, quanto aos temporais, devemos dizer sempre: “Seja feita a Tua vontade.”  A vontade de Deus tem seu fim último em nossa salvação. Claro que entre as duas vem em primeiro lugar a bênção espiritual.
Nas páginas amarelas de Veja da última semana há uma entrevista muito interessante com Silas Malafaia. Só senti falta de uma coisa. Não há nenhuma palavra sobre arrependimento, perdão e salvação eterna. Só sobre a “vida abundante” que um evangélico tem aqui e agora. Só falta o principal. Isto sem falar que falsas esperanças são apresentadas.
Mas a ajuda de Deus é integral pois as pessoas são um todo, corpo e alma.

B. O salmista exorta Israel a ter a mesma atitude (vv.7, 8).
Israel não exclui Judá. Trata-se de todo povo de Deus. Hoje é a igreja, você e eu. É o povo dos crentes, dos fiéis. Todo Israel, de todos os tempos, é exortado a se aproximar do trono da graça de Deus, com toda humildade e confiança, pois só Nele há “copiosa redenção”, isto é, seu amor perdoador é derramado como cachoeira abundante.
“Onde abundou o  pecado, superabundou a graça”, escreve o apóstolo Paulo. Pela fé somos redimidos não só da raiz do problema que é o pecado, mas também de todas as suas conseqüências, castigo, morte e inferno.



Conclusão

A. Uma advertência.
Infelizmente há um jeito de não usufruir destas bênçãos. Pela incredulidade, pela falta de fé. No evangelho de hoje, em Mc 3.20-30, Jesus advertiu severamente os que blasfemavam contra Deus dizendo que Ele, Jesus, agia em nome do maioral dos demônios.
Jesus adverte a que não pequemos contra o Espírito Santo. Uma vez que é o Espírito Santo que opera e mantém a fé, expulsá-lo ou rejeitá-lo por vida ímpia e incredulidade é o mesmo que rumar voluntariamente para a eterna condenação. É uma advertência muito dura, mas só motivada pelo maior amor que existe, daquele que deu sua vida por nós na cruz, onde pagou por todas as nossas culpas.

B. Uma orientação.
A salvação pelo perdão dos pecados (e só assim há salvação) tem que ser divulgada. É o que Paulo preconiza na epístola de hoje: “As Escrituras Sagradas dizem: ‘Eu cri e por isso falei.’ Pois assim nós, que temos a mesma fé em Deus, também falamos porque cremos.”   2 Co 4.13.
Somos instados a testemunhar a nossa fé. Isto fazemos com palavras e atitudes nos nossos relacionamentos, diretos e virtuais nestes tempos internéticos. E por ofertas e orações vamos onde nossos lábios e cliques do mouse ou toques na tela não alcançam.

C. Um consolo.
Não poderíamos deixar de olhar o versículo seguinte de Paulo: “Pois sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Ele e nos levará, junto com vocês, até a presença dele.”  2 Co 4.14.
O que nos aguarda “nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu”, mas “a glória nunca irá cessar!”, como entoamos com o autor sacro de “Acordai, os guardas chamam.” Amém.




S O L I    D E O    G L O R I A !

Artigo Vida Sustentável


Vida sustentável

Participei do 2º Fórum ADCE para Sustentabilidade e voltei mais determinado em fazer a minha parte na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Neste encontro em Porto Alegre, promovido pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa, sob o tema “educar pelo exemplo e agir”, empresários, economistas, teólogos, políticos, engenheiros, professores e outros, expuseram ideias e experiências sobre formas sustentáveis de vida. Para mim foi um enorme aprendizado nesta matéria que sempre me interessou. Lembro-me que em 1982, ao optar pelo tema “ecologia” para a minha dissertação do bacharelado, desaconselharam-me por ser um assunto “sem interesse” no aspecto teológico. No entanto, quando hoje o termo “sustentabilidade” é definido como a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais, de imediato os cristãos têm a tarefa de lembrar uma quinta questão, a espiritual. Segundo a fé bíblica, a sustentação, a rocha firme, a pedra angular é Cristo, e sem ela a casa cai.

Entre tantas palestras interessantes,  fiquei impressionado com a abordagem do ex-ministro da Casa Civil, Luis Roberto Ponte. Com voz embargada, disse que “a doutrina social da igreja ajuda a esclarecer a verdade sobre os sofismas que levam a injustiça, e demonstrar através do exemplo de vida que é somente pela prática do bem que se alcança a sociedade sustentável”. Percebi certa decepção dele com a vida pública, homem experiente que é nos seus 78 anos de idade. Penso que a maioria dos que chegam a este tempo de existência terrena, deve se sentir assim, frustrada com os “sofismas”, ou seja, as argumentações falsas com aparência de verdadeiras. É a insustentabilidade da palavra com a verdade o pior desastre ambiental deste planeta que sofre os efeitos do pecado. Mas foi por isto mesmo que “a Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade” (João 1.14).   

Marcos Schmidt 
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
7 de junho de 2012

Sermão Trindade


Trindade – 2012
Textos:  Sl 29   Is 6.1-8     At 2.14ª, 22-36     Jo 3.1-17
Tema:  Um encontro decisivo e inevitável
pastor Marcos Schmidt
_________________________________________________________________

A vida de cada um está marcada por encontros importantes e decisivos. Por exemplo, para os comprometidos com uma aliança na mão esquerda, ninguém esquece do primeiro encontro com a pessoa a quem fez uma promessa de fidelidade; ... para os que trabalham numa empresa, está na memória quem sabe a entrevista que foi fundamental para o emprego; ... aqueles que tem uma grande amizade, está marcada aquela primeira conversa com a pessoa que se tornou mais que um irmão. Enfim, todos nós temos histórias de encontros. Mas também de encontros marcados por coisas ruins: com um assaltante que deixou um trauma em nossa vida, com o médico que trouxe uma notícia desagradável, com alguém carregando uma carta para assinar a demissão do emprego. E por aí vai...

Na verdade, ninguém consegue fugir de encontros decisivos, marcantes, que mudam radicalmente a vida, para o bem e para o mal.

Preparem-se para se encontrar com o seu Deus ” (Amós 4.12), diz o profeta para as pessoas do seu tempo e de todos os tempos. Tem gente que até pode duvidar disto ou tentar fugir disto, mas este é um encontro inevitável, e o mais importante.

- Na tua vida é um encontro bom ou ruim? Agradável ou desconfortável? Se quiseres te encontrar com Deus de forma agradável, só existe um jeito.

A história do Evangelho deste Domingo da Trindade fala de um homem que teve a oportunidade para uma feliz, uma agradável relação com Deus. Seu nome é Nicodemos. Pessoa importante da sociedade, homem honesto, exemplar. É um fariseu, um líder religioso.

Ele vai até a cidade de Betânia com muitas dúvidas. E vai com um propósito bem definido: encontrar-se com Jesus. Mas um detalhe chama a atenção: ele vai de noite. Por quê? Tudo indica que ele faz isto porque ele está preocupado com a sua reputação. - O que os seus colegas iriam falar dele? Este Jesus não tinha boa fama, boa reputação. Corria pelas conversas do povo que os milagres que Jesus fazia, o poder que tinha – tudo era devido a sua ligação com o Diabo.

Mas as dúvidas na cabeça de Nicodemos o fazem correr o risco – e o jeito menos perigoso é a escuridão da noite, sem ninguém perceber.

Aliás, este continua sendo o jeito comum para esconder as dúvidas e a busca pelas respostas. É comprometedor – porque não dizer desagradável –  os amigos e colegas descobrirem que estamos com problemas, e que buscamos a solução na Bíblia, na igreja, no gabinete do pastor. Por isto, o caminho mais adequado é o de Nicodemos – de noite, escondido, sem ninguém ver...

Em todo o caso, Nicodemos buscou este encontro, e teve  a oportunidade de ouvir o que nunca imaginou ouvir – e nenhuma diferença fez se foi no anonimato. O que é um grande conforto – saber que Jesus não rejeita aqueles que vêm a ele mesmo quando estão constrangidos, com medo de perder a reputação.

E o que logo chama atenção são as primeiras palavras de Nicodemos à Jesus: elas demonstram certa incoerência. O que ele diz, parece que diz mais para agradar a Jesus e assim esconder sua insegurança e o desconforto que sentia.
- Rabi, nós sabemos que o senhor é um mestre que Deus enviou, pois ninguém pode fazer esses milagres se Deus não estiver com ele.

“Rabi” ou “mestre” era um título que Jesus não tinha. Era quase que chamar de “doutor”. Se foi verdadeiro ou só para agradar Jesus, pouco importa. Não são títulos que fazem a pessoa, mas o que ela é de fato. Em todo o caso, para que o título “rabi” pudesse se transformar no título “Salvador”, Jesus vai direto ao “x” da questão:“Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.

Reino de Deus...! Porque Jesus vai direto ao este assunto? Não haveria assuntos mais oportunos a serem abordados? Ao menos para iniciar a conversa? Está ali um homem influente na sociedade, imbuído com autoridade não só religiosa, mas também política. Por exemplo, Jesus poderia aproveitar para falar sobre a questão da saúde. As pessoas naquele tempo viviam em média 23 anos, isto por causa das doenças, fome, pobreza... A política seria outro assunto pertinente. Os romanos dominavam os judeus cobrando altos impostos e cometendo atrocidades contra o povo.

Imaginemos hoje, um Senador da República entrando no gabinete do pastor para uma conversa. O assunto logicamente seria a CPI do Cachoeira, a corrupção, os altos impostos, e tantos outros temas sociais e políticos que afligem o povo brasileiro.  Seria descabido e incoerente falar logo de religião, fé, de reino de Deus...

De fato, parece um contracenso, falta de propósito, fora da realidade. No entanto, a imediata alusão de Jesus ao reino de Deus nesta conversa com Nicodemos tem um indicativo – indicativo que nós já conhecemos naquela promessa: Busquem em primeiro lugar o reino de Deus e tudo mais será acrescentado...

Jesus vai direto a este assunto porque na verdade, este era o problema de Nicodemos – o reino de Deus. E aqui precisamos então admitir: este problema é meu, é teu, é de todos nós – o reino de Deus. Não é por nada que Jesus nos ensinou a pedir: “Venha o teu reino”. Pedimos que ele venha até nós não por problemas no reino de Deus, mas por problemas no nosso reino pessoal, no nosso reino terreno. Foi neste sentido que Lutero explicou no Catecismo Menor: o reino de Deus vem por si mesmo, sem a nossa prece, mas suplicamos nesta petição que venha também a nós.

Mas, “o que é este reino? Onde ele está? Como ele age? Onde ele acontece? Quem pertence a ele? Como eu faço parte dele?”

Esta ignorância, esta falta de entendimento estava em Nicodemos, ele que era um conhecedor profundo da Bíblia, ele que era um representante oficial do reino de Deus. Diante disto, não sejamos presunçosos em pensar que também não enfrentamos este problema. Ou será que temos as respostas certas, exatas, convincentes sobre o reino de Deus?

Nicodemos logo mostrou que, de doutor, passou para a 1ª série do ensino fundamental:
- Como é que um homem velho pode nascer de novo? Será que ele pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?

Ele não entendeu nada o que Jesus estava lhe dizendo. Enquanto Jesus falava de coisas espirituais, Nicodemos só entendia pelo lado terreno, físico, racional. O que é uma coisa muito natural, humana. Na primeira carta aos coríntios, Paulo escreveria que quem não tem o Espírito de Deus ... não pode entender as verdades de Deus, porque o sentido delas é espiritual...

Por isto então a imediata afirmação de Jesus para Nicodemos: “Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual”.

- Como pode ser isso, perguntou Nicodemos? – (insistindo em sua ignorância)
Jesus respondeu: o senhor é professor do povo de Israel e não entendi isso?

Já era a terceira pergunta de Nicodemos, e agora, pela terceira vez Jesus vai dizer aquelas palavras tão enfáticas: “em verdade em verdade te digo”, ou na Linguagem de Hoje, “pois eu afirmo que isto é verdade”.

E o que está então registrado nos próximos versículos neste terceiro capítulo de João, é a verdade das verdades, sobretudo neste versículo que é chamado de miniatura da Bíblia, o João 3.16: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho para que todo o que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.

Nós não sabemos se Nicodemos fez mais perguntas, ao menos o evangelista não registra. Aliás, são três perguntas que ele faz. Eu até faço uma interpretação meio forçada, para dizer que, se ele fez três perguntas, é porque, na verdade, a resposta está no Deus Triúno, na Trindade lembrada neste Domingo. Se este número é uma feliz coincidência ou não, pouco importa, porque Nicodemos teve o grande privilégio de se encontrar com Jesus, o Filho de Deus, aquele que foi ungido pelo Espírito Santo. Nicodemos foi o primeiro a ouvir o versículo mais poderoso e espetacular da Bíblia. E tudo indica que este homem não só ouviu, mas acreditou.

O Evangelho de João menciona o nome dele mais duas vezes: no capítulo 7 onde relata que Nicodemos defendeu Jesus diante dos seus colegas fariseus, e no capitulo 19, onde está registrado que Nicodemos ajudou a sepultar o corpo de Jesus. Nestas duas vezes, o evangelista ressalta: “Nicodemos, aquele que tinha ido falar com Jesus à noite”.
O evangelista diz isto, para ressaltar esta mudança de atitude: agora este homem não está na noite, ele se expõe, mostra a cara e a coragem, sem medo de dizer que ele tinha as respostas. Quem sabe foi por isto que Jesus disse para aquele Nicodemos que ainda vive nas trevas: “as pessoas preferiam a escuridão porque fazem o que é mau”
Este foi o encontro mais importante que Nicodemos teve em sua vida. E na tua vida? Qual foi o encontro mais importante? Qual é o encontro mais importante? Não tenham dúvida disto: Foi no dia quando tu foste batizado. Neste dia o Espírito Santo, através da Palavra e da água, colocou a fé em teu coração. Uma fé que foi alimentada pela Palavra.
Mas permanecem questões que devemos responder:
- Somos um Nicodemos antes ou um Nicodemos depois?
- O conhecimento bíblico que temos, as doutrinas que aprendemos, a fé que professamos, nos dão as respostas verdadeiras para entrar no reino de Deus?
- Vivemos nos  escondendo, ou nos expondo?
- Temos vergonha, ou temos coragem e orgulho de sermos seguidores de Jesus?
- E o mais importante: para quem levamos as nossas dúvidas?
Nicodemos serve de exemplo: ele foi até a pessoa certa, a única que tinha as respostas. E mesmo antes de perguntar, Jesus já estava respondendo. Não é por nada que isto está registrado logo após as palavras: “E ninguém precisava falar com ele sobre qualquer coisa, pois ele sabia o que cada pessoa pensava” (João 2.25). Amém.

segunda-feira, 4 de junho de 2012