Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cultos - 4º Domingo após Epifania

Tema: O chamado de Deus para nós.
Mensagem: Costumamos avaliar as coisas de acordo com a aparência: roupas, calçados, móveis, celulares, carros... Normalmente preferimos aquilo que tem boa aparência. Se a aparência não é boa, às vezes pensamos que a qualidade também não deve ser. Do nosso ponto de vista, parece que Deus faz escolhas erradas. Ele não nos julga pela aparência. Ele frustra o nosso orgulho nos mostrando que não somos chamados para a salvação portermos qualidades, mas nos chama porque nos ama e, por isso, quer nos levar até Cristo. (pastor Ezequiel)
Leituras Bíblicas: Sl 1; Mq 6.1-8; 1Co 1.26-31; Mt5.1-12.
Músicas (Hinário Luterano): 178, 382, 325, 259, 257, 256.

Artigo - Os cardumes de lambaris

Nasci e me criei nas barrancas do rio. Nos fundos da casa de meus pais, entre taquareiras e árvores silvestres, o rio Areia aflui no Rolante. O video-game eram as pescarias, os passeios de caíque, os banhos e brincadeiras nas cachoeiras. Um dia segui o caminho da maioria dos filhos e fui embora. Nas visitas à terrinha, a primeira coisa era dar um “chego” nos fundos e dizer: “Olá, meu amigo rio, como é bom te ver”. Um reencontro, porém, ficou marcado na memória. O grunhido da retro-escavadeira e o grito agonizante das árvores ainda zumbem nos meus ouvidos. Na idéia de facilitar o transcurso fluvial da enchente, acabaram com a ilha - uma área de mata atlântica, do tamanho de um campo de futebol, que por alguns minutos impedia o pleno enlace dos rios. Foi um crime ambiental que vi com os meus próprios olhos. Árvores centenárias, leitos e cachoeiras naturais, e até ninhos de coruja - uma biodiversidade destruida em poucas horas. As cicatrizes desta insanidade permanecem, e as enchentes também. Poços onde antes se procriavam lambaris, joanas, carás, tabaranas, jundiás, cascudos e outras espécies, assoreados, entupidos de areia e por troncos de árvores que sucumbem, execradas com suas raizes expostas às márgens.
Mas o rio resisti corajosamente. E por teimosia se regenera. Mesmo assolado por plásticos, latinhas, esgoto, exala vida e beleza. Nas encostas, árvores de todos os tipos ressuscitam – um botão automático que o Criador um dia apertou. Uma transformação que acompanho, agora que resido mais perto destas barrancas. E assim relembro os tempos saudáveis de criança com os próprios filhos, com aulas práticas do respeito a este presente maravilhoso de Deus recolhendo lixo e tudo o que é jogado pelo ser (ir)racional. É aquela historinha do beija-flor que tenta apagar o incêndio carregando água no bico.
A Bíblia diz que a criação sofre e geme devido o poder destruidor que o mantém escravo (Romanos 8.22). Uma opressão comandada pela natureza pecaminosa do ser humano. A criatura de alma vivente, que deveria cuidar do jardim (Gênesis 2.15), desde a queda no pecado derruba “amazônias” e aniquila o meio-ambiente. Na intenção de ser um “deus”, de conhecer o bem e o mal (Gênesis 3.5), o homem nunca mais deixou de ser um “diabo”. O apóstolo conclui: A criação se tornou inútil até o dia quando ficar livre deste poder destruidor (Romanos 8.20). É a esperança cristã do novo céu, da nova terra (Apocalipse 20.1), que evidentemente enfrenta a lógica da ciência. Mas é a fé. E acima de tudo é a presente transformação. Da ganância ao despreendimento, da ambição ao contentamento, do egoismo à solidariedade, do eu ao nós.
Mas o texto sagrado lembra: Desde que Deus criou o mundo as qualidades invisíveis dele têm sido vistas nitidamente. Só mesmo um tolo para negar o poder divino, perceptível cientificamente na biodiversidade da vida no Universo (Romanos 1.21). Uma constatação que não ajuda espiritualmente porque até os demônios sabem disto (Tiago 2.19). Porque é lógica, é razão. É preciso fé. Uma crença no Deus-Cristo que livra do poder destruidor, do medo, e que arrigementa preservacionistas.
Pois nestes tempos em que o planeta Terra agoniza consequências globais da insensatez humana, jogar um simples saco plástico no rio pode ser a última gota d’água. Enquanto isto, sigo juntando lixo lá nas barrancas com o desejo de rever os cardumes de lambaris.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 31 de janeiro de 2008

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Artigo - Deixa a vida me levar

Arriscado seguir a filosofia da canção “Deixa a vida me levar”, conforme letra de Zeca Pagodinho. Uma parte dela diz assim: “Se a coisa não sai do jeito que eu quero, também não me desespero, o negócio é deixar rolar. E aos trancos e barrancos lá vou eu! E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu. Deixa a vida me levar – vida leva eu”.
Que o desespero só atrapalha quando a coisa não sai do jeito que a gente quer, disto ninguém duvida. Flexibilidade, discontração, certo humor, coisas que ajudam numa jornada turbulenta de “bolsas” que sobem e despencam. Além do mais, ninguém aguenta aquele cara nervoso, sizudo, carancudo, que tem uma núvem carregada em cima dele e cria pânico onde não existe febre amarela.
Por outro lado, ir aos trancos e barrancos, deixar a vida levar - isto é canção da cigarra que pensa que a vida é um eterno verão. Não conheço o Zeca Pagodinho e não é dele que estou falando. Falo de mim mesmo. De buscar esta sabedoria para saber quando é tempo de ficar triste e tempo de se alegrar, tempo de chorar e tempo de dançar, tempo de economizar e tempo de desperdiçar (Eclesiastes 3).
Jesus mesmo recomendou que não se deve ficar ansioso com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações (Mateus 6.34). Mas em outra ocasião, depois de contar a parábola das moças que não levaram óleo de reserva e ficaram perdidas na escuridão, concluiu: Fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será o dia nem a hora (Mateus 25.13).
Salomão disse que a melhor coisa é comer e beber e se divertir com o dinheiro que ganhou. E lembra que mesmo isto vem de Deus. Mas no final tudo é ilusão. É como correr atrás do vento (Eclesiastes 2.26). Aos jovens dá um recado: Aproveite a sua mocidade e seja feliz enquanto é moço. Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração. Mas lembre de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer. Não deixe que nada o preocupe ou faça sofrer, pois a mocidade dura pouco (Eclesiates 11.9,10).
Foi aos trancos e barrancos da criminalidade o desfecho chocante de um bandido na última segunda-feira na capital paulista. Diante das câmeras de televisão atirou contra o próprio peito. Encurralado pela polícia e mantendo pessoas reféns, ainda falou com a mãe pelo telefone e depois puxou o gatilho. Será que estes criminosos não sabem que, se alguém não os matar, eles próprios se matarão?
O apóstolo Paulo escreveu que a pessoa colhe o que planta. Seria o óbvio se não fosse o que segue: Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna (Gálatas 6.8). Um pouco antes já tinha lembrado que as coisas que a natureza humana produz são imoralidade, impureza, ações indecentes, adoração de ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciúmes, raiva, ambição, desunião, divisões. Mas o Espírito de Deus produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade, domínio próprio.
Pensando bem, dependendo qual é a vida, melhor mesmo é deixar que ela nos leve. Foi o que fez o autor de outra canção: Pois para mim viver é Cristo, e morrer é lucro. Mas, seu eu continuar vivendo, poderei fazer algum trabalho útil. Então não sei o que devo escolher (Filipenses 1.21,22).
Então, “deixa a vida me levar, vida leva eu”.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 24 de janeiro de 2008