Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Artigo - Jesus “Frankenstein”

Estou lendo o livro “Evangelhos perdidos” de Bart D. Ehrman, escritor norte-americano especialista sobre os primórdios do cristianismo. Ele fala sobre as várias cartas e evangelhos apócrifos – obras supostamente escritas por Pedro, Tomé, Paulo e outros apóstolos. Há umas quatro dezenas deste tipo de literatura que desapareceram ou que restam apenas fragmentos – a maioria do segundo século e que forjaram um documento usando o nome dos apóstolos. Bart explica que a razão na época para este tipo de falsificação era para “atrair mentes para uma opinião”. O que acontece ainda hoje pela internet, quando artigos e poemas são enganosamente atribuídos a Luis Fernando Verissimo, Charles Chaplin, e outros famosos, tudo para garantir atenção.
Além do mais, a maioria destas “bíblias” apócrifas, ou secretas, dizia coisas diferentes às doutrinas cristãs expostas nos 27 livros canônicos do Novo Testamento. Declaravam, por exemplo, que não havia somente um Deus, mas dois, doze, ou trinta. Outros diziam que o mundo não tinha sido criado por Deus, mas por uma divindade menor e ignorante. Todos eles com influência do gnosticismo – uma filosofia da Grécia antiga que anunciava a “salvação” através da “gnosis” (conhecimento). O resultado deste cristianismo místico foi um “Jesus Frankenstein”, isto é, um Cristo apenas humano e não divino, ou apenas divino e não humano, e assim cortava a cabeça da igreja – o próprio Salvador.
O apóstolo já alertava: “Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cristo veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus” (1 João 4.1,2). E se agora chega o Natal, nada mais oportuno para os cristãos fortalecerem a fé no Jesus “Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se encarnou pelo Espírito Santo na virgem Maria e foi feito homem” (Credo Niceno).
Ainda preciso terminar o livro “Evangelhos perdidos”. Enquanto isto, assisto perplexo os políticos perdidos, escondendo dinheiro nas meias e nos bolsos. É a política apócrifa, secreta, falsa, que usa o nome do povo e até invoca Deus em oração, para enganar e roubar. Mas então lembro o Natal, tempo da justiça, e ouço o cântico de Maria com o Salvador no ventre: “Deus derruba dos seus tronos reis poderosos”. É a primeira e a última esperança.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 3 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Artigo - É tempo de não esquecer

Histórias de pais que esquecem filhos dentro do carro já viraram rotina. Agora foi na cidade de São Paulo. No último dia 18 de novembro uma menina de cinco meses morreu depois de permanecer cinco horas dentro de um veículo estacionado no sol. A mãe contou na delegacia que normalmente deixava a criança numa creche e depois seguia para a escola onde largava a outra filha de 6 anos. No dia da tragédia, ela inverteu a rotina e deixou a mais velha antes, e por isso não lembrou que a outra ainda permanecia no carro. A mãe de 40 anos, gerente financeira de uma empresa, só se deu conta quando deixou o trabalho e foi para o carro. Os vidros do veículo eram escuros e ninguém na rua movimentada enxergou o bebê que agonizava.
A Bíblia pergunta: “Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? (...) Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria vocês” (Isaías 49.15). Pois este “será” não é mais uma possibilidade. Este “será” já é. Vivemos o tempo do relógio sem ponteiros, que não faz barulho e assim não avisa que os dias são iguais, com a mesma duração de antigamente. Queremos tudo em pouco tempo e não conseguimos nada. E assim – neste silêncio digital, moderno, de vida corrida e barulhenta, contraditória, de pais que esquecem filhos porque precisam trabalhar para sustentá-los – perdemos o que é mais precioso. Pois ainda há chance para acordar, sair do pesadelo, levantar. E refletir sobre as conseqüências deste jeito louco de viver.
No próximo domingo entra o Advento, dias que preparam para o Natal. Deveria ser um período mais tranqüilo, no entanto, é a época mais conturbada do ano. E quando chega o Natal, lá está o bebê na manjedoura, esquecido no meio de gente apressada nas calçadas de vitrines decoradas, escondido atrás de “vidros escuros” dos enfeites natalinos, do papai-noel, das compras e das festas. E ele morre, pois “as preocupações deste mundo sufocam a mensagem” (Mateus 13.22).
Mas a gente só esquece o que tem. Uma mulher não pode esquecer um bebê que não tem. Se hoje deixamos Deus de lado, é porque nós temos um Deus. “Eles se esqueceram de Deus, o seu Salvador” (Salmo 106.21), diz a Bíblia sobre um povo que tinha tempo e tinha salvação. E mesmo quando somos tentados a acreditar que Ele se esqueceu de nós, ou de pensar que a história do Natal é uma fábula, que a Salvação depende do esforço de cada um, mesmo assim, Ele permanece lá em cima e continua aqui em baixo. E quando esquecemos os filhos – e os “matamos” com coisas que os sufocam e que lhes negam a respiração da alma – a promessa fica: “Eu nunca esquecerei vocês”. É o Salvador do Advento. É o tempo que ainda corre. É a chance de lembrar, a hora de não esquecer.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 26 de novembro de 2009