Leituras: Sl 143; Ez 37.1-14; At 2.22- 36; Jo 7.37- 39b.
Hinário Luterano: 138, 132, 140, 259, 133.
Louvai ao Senhor: 48, 51.
Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.
Mordomia da Oferta Cristã
Dá para misturar futebol com religião? A Fifa diz que, em campo, isto não pode acontecer. Se algum jogador mostrar mensagens religiosas por baixo do uniforme durante as partidas da Copa, vai pagar 2 mil dólares de multa. A entidade alega que, como o Mundial é transmitido para centenas de países de diversas religiões, qualquer manifestação fora do contexto do futebol deve ser evitada. Mas, e fora de campo, um cristão pode pedir: - Senhor, ajude a nossa Seleção? A gravadora gospel MK Music acha que sim. Lançou o “CD Brasil Com Cristo - Batendo um Bolão”, com letras que os crentes podem cantar na hora da torcida. E agora? Será que isto é uma boa tática no jogo da fé cristã?
Um assunto bem complicado, sobretudo quando o tema é cultura brasileira onde futebol e religião estão na alma do povo. Sob o título “Copa, santos e bruxaria”, em outro Jornal o colunista Moisés Mendes diz que “roupas, santos, rezas, talismãs, vale tudo. A fé ou que outro nome possa ter a crença em algo inalcançável para a lógica dos descrentes pode vencer uma copa”. No entanto, segundo o antropólogo Édison Gastaldo, "Deus não toma partido. Todas as torcidas gostariam disso, mas não é o que acontece. O que toma partido é o poder econômico, corrompendo juízes e anulando jogos".
Evidentemente Deus não torce para nenhum time. O fato é que o futebol funciona com um “bálsamo” na vida de meio mundo. Alguém já disse que “futebol é religião. Ir ao estádio aos domingos é uma celebração litúrgica com 22 sacerdotes num altar-mor gramado”. Além do mais, este esporte é fonte de fama, dinheiro e poder. Misturando todos estes ingredientes, é inevitável a religiosidade, especialmente numa Copa do Mundo. E a conclusão que se tira de tudo isto é uma só: superstição.
Agora, para não ficar apontando o dedo para os outros, o que é uma coisa feia, todos precisamos de certo cuidado quando as emoções afloram. Está bem gravada na memória a oração daquele pastor inglês na Copa de 2002. Na hora do culto suplicou que Deus ajudasse seu país contra os inimigos brasileiros. Imaginem se no culto dele tivesse um cristão brasileiro? Ora, oração é coisa séria.
E se a Copa do Mundo produz tantas coisas estranhas, para aqueles que foram convocados em outra “seleção”, lembra aquilo que o apóstolo escreveu, que “todo o atleta que está treinando agüenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre” (1 Coríntios 9.25). E já que neste jogo nós não estamos na torcida mas em campo, é fundamental seguir o exemplo de Paulo, que sugeriu: “Eu trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado para que, depois de ter chamado outros para entrarem na luta, eu mesmo não venha a ser eliminado dela” (1 Coríntios 9.27).
Em todo o caso, nada de errado cada um torcer para seu time. Sem, é claro, dizer palavrões e xingar o juiz. E se no dia 9 de julho a nossa Seleção canarinho estiver disputando a final, lá estaremos na frente da televisão, todos torcendo com o coração na mão.
Marcos Schmidt