Não adianta, o assunto é a conquista do Internacional, são os 90,7% de aumento no salário dos deputados e senadores, é o Natal. É futebol, política e religião. Do Japão gritos de vitória e orgulho colorado. De Brasília, derrota e vergonha nacional. De Belém, promessa e cumprimento divino. Não tem como escapar destes assuntos. Querendo ou não, interferem na vida de todos. É o barulho dos foguetes, é a atitude comprometedora dos parlamentares, são as festas, os presentes, o feriado. E no meio de tudo as dúvidas: O título foi merecido? O Brasil tem jeito? O nascimento de Jesus é uma lenda?
Dias atrás o assunto “Natal” cruzou o caminho de uma professora na Inglaterra. Disse para os seus alunos de 9 e 10 anos que o Papai Noel não existe. Defendeu sua posição e foi sumariamente demitida. "Nós ficamos realmente chateados, porque ainda acreditamos que ele existe", disse uma das crianças. Os pais ficaram furiosos. "Estou perturbada porque foi tirada parte da magia no Natal. Um professor não deveria ter o direito de dizer essas coisas", lamentou uma mãe desconsolada. Sem dúvida, a educadora poderia ter ficado quieta. Ou mencionado que quem não existe é Jesus, assim não estragaria o Natal e nem expulsa do colégio. Seguir, por exemplo, a recomendação de lojas nos Estados Unidos que instruem os funcionários a desejar apenas, “Boas Festas” e não “Feliz Natal”, temendo ofender os clientes que não acreditam em Cristo. A professora não foi politicamente correta e a sua história saiu em todos os jornais.
O velho Simeão também não “tinha o direito” de dizer que aquele menino tinha sido escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação. Segurando no colo o recém-nascido filho de Maria, revelou que muitas pessoas falariam contra Jesus, e assim os pensamentos secretos delas seriam conhecidos (Lucas 2.34,35). Se os líderes religiosos tivessem escutado estas coisas, José e Maria teriam que antecipar a sua fuga para o Egito. Mas, cá para nós, Simeão não queria estragar a alegria do primeiro Natal. Ao contrário, cumpria o seu papel, inspirado pelo Espírito Santo conforme narra o evangelista. Poderia ter ficado quieto, mas isto custaria a legitimidade da história natalina.
Em certas situações não existem três ou mais alternativas, apenas duas. No final do jogo era o Internacional ou o Barcelona. No reajuste dos 90,7% era o voto contra ou a favor. No colo de Simeão era a salvação ou a destruição das pessoas. Lembro aqui uma explicação do meu professor de Teologia, Otto Goerl: “Jesus está no mundo. Está nos braços de Simeão. Está no caminho de todo ser humano. Não pode ser ignorado. Não pode ser contornado. Qual rocha no meio da corrente que faz as águas se partirem – correm à direita, correm à esquerda – assim Jesus divide as pessoas, os séculos, os pensamentos, os destinos eternos. Para Deus só existem justos e injustos, crentes e descrentes, os da direita e os da esquerda no juízo final, enfim, os que encontram em Jesus o seu levantamento ou a sua ruína”.
Vitória ou derrota! Sim ou não! Fé ou descrença! O próprio aniversariante confirma: Aquele que crê em mim não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus (João 3.18).
Natal é magia ou é verdade! É para cá ou é para lá! Pensando melhor, nem é uma questão de escolha, porque Natal é um presente dado por Deus (Efésios 2.8).
Marcos Schmidt
(Artigo para o Jornal NH)