5º Domingo de
Páscoa – 2012
Sl 150 At
8.26-40 1Jo 4.1-11 Jo 15.1-8
Tema: A ligação com Jesus e as ligações com o mundo!
pastor
Marcos Schmidt
O assunto nos últimos dias envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira pode nos ajudar na reflexão dos textos bíblicos deste fim de semana. São muitos políticos e empresários que estão sendo investigados, tudo por conta das gravações de conversas telefônicas com este empresário desonesto.
Nenhuma novidade neste mundo de corrupção, que parece aumentar cada vez mais.
Mas, o que chama a atenção nesta semana, é a denuncia do envolvimento de jornalistas e empresas de comunicação com Carlinhos Cachoeira.
Para influenciar e ajudar na produção de reportagens contra políticos, autoridades e seus concorrentes, há indícios de que certos jornalistas e empresas de comunicação estão envolvidos nesta trama de interesses por dinheiro e poder.
Numa reportagem, li o seguinte título: “Caso Cachoeira põe à prova corporativismo da imprensa...”
E agora, em quem confiar?
Os textos deste 5º Domingo de Páscoa também tratam de “ligações” e de “colocar a prova”.
Na Epístola lemos: “Meus queridos amigos, não acreditem em todos os que dizem que tem o Espírito de Deus. Ponham a prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda a parte”. (1 João 4.1)
Enquanto isto, diz Jesus no Evangelho: Eu sou a videira verdadeira e vocês são os ramos...
Jesus e o apóstolo João não estão falando de política. Mas isto não pressupõe que o recado deles desconsidere as questões políticas e os negócios terrenos.
De alguma forma, estar ligado a Jesus e colocar a prova os falsos profetas do Evangelho, isto tem influência direta na vida política, profissional e social das pessoas. Não dá para separar o que é espiritual do que é terreno. É uma coisa só – alma e corpo.
Diante disto, dependendo em que, ou com quem tenho ligações, as minhas atitudes serão boas ou ruins. Por exemplo, neste caso do Carlinhos Cachoeira, as pessoas que estão ligadas a ele nestas falcatruas que envolvem o dinheiro público, são pessoas iguais – ou seja, desonestas, corruptas...
Ao dizer que ele é a videira e nós os ramos, que ele é a parreira de uvas e nós os galhos, Jesus está dizendo que quem está ligado a ele, é igual a ele. O Salvador usa um exemplo bem simples, mas, em última análise, um fato bem complicado na prática. Complicado porque assim como existe corrupção na política e nos negócios humanos, existe corrupção na vida dos cristãos.
E aqui começa então a nossa batalha: lutar contra a corrupção para ser igual a Jesus, e assim um bom filho de Deus.
E qual é a fórmula para isto acontecer?
Jesus dá a resposta: “Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês”.
Isto é uma coisa óbvia quando a comparação é a Videira – um pé de uva. Qualquer um sabe que se o galho não estiver ligado à videira, ele morre.
É uma coisa óbvia, mas na prática, as coisas espirituais não são óbvias, racionais.
Tem muita coisa que tenta desligar o cristão de Jesus, e que a gente nem percebe. A gente sempre fala: o pecado, o Diabo e o mundo são os três grandes inimigos do cristão. E de fato são. Quem sabe, de maneiras diferentes, com roupagem moderna, mas os mesmos inimigos desde que mundo é mundo.
Por exemplo, as religiões e filosofias que chegam até nós e rejeitam o verdadeiro ensinamento sobre a Videira Verdadeira. No tempo de João – que escreveu estas três cartas agrupadas no final da Bíblia – ele precisou alertar os cristãos contra o gnosticismo, uma crença pagã que se infiltrou na igreja e que dizia que Jesus não se tornou homem, mas foi apenas um espírito iluminado – que se encarnou num corpo e depois foi embora, deixando para trás este corpo na sepultura. Por isto as palavras: “Quem afirma que Jesus Cristo veio como ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem nega isso de Jesus não tem o Espírito de Deus; o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo”.
Estas heresias hoje estão em diversas religiões, que citam a Bíblia e falam de Jesus. Outras dizem que Jesus, ao contrário, foi apenas homem, e não Deus – um profeta, um exemplo de vida.
Como saber se esta ou aquela crença, este ou aquele ensino, vem de Deus? O conselho é o mesmo: Ponham a prova! Façam uma CPI, investiguem, analisem, vão a fundo...
Mas para colocar a prova é preciso conhecer. Como está fazendo um grupo de pessoas nos Encontros Teológicos (Introdução ao Novo Testamento). Ou aqueles que leem e pesquisam periodicamente a Bíblia. Quem conhece a Deus nos ouve..., escreve João a epístola. É desse modo que podemos saber a diferença que existe entre o Espírito da verdade e o espírito do erro.
No tempo desta carta, “ouvir” era o jeito de estudar a Bíblia. As Escrituras eram apenas o Antigo Testamento. O Novo Testamento estava se formando através dos apóstolos. E ouvi-los era o caminho para a Verdade. A história de Filipe e o funcionário da Etiópia é um exemplo (Atos 8). Ele estava lendo Isaías, e precisa de entendimento. Filipe explicou e o homem da Etiópia ouviu. E o final está lá registrado.
Hoje a Bíblia está completa, e além de podermos “ouvi-la”, podemos ler a sua mensagem. Assim estamos em vantagem, porque o que não faltam nestes tempos da comunicação são oportunidades para se aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus. Mas, lógico, é preciso interesse e disposição. Estão aí a televisão, internet, revistas, e tantas coisas. Nada de errado, mas um mundo tentador quando a Palavra de Deus deixa de ser ouvida e lida. E pior, um mundo repleto de informações, filosofias, e crenças, que vão contra a verdade revelada nas Escrituras. E se não estivermos bem fundamentos, teremos dificuldades em saber o que é verdade e o que é mentira. Algo parecido com o que acontece nos meios políticos: quem está com a verdade.
A par de tudo isto, surge outro inimigo. Bem mais sutil porque está em nós. É o velho homem – a natureza pecaminosa que habita no coração de cada um de nós.
Na parábola de Jesus, a figura dos galhos que precisam ser podados, nos lembra que na vida cristã, se não fizermos o mesmo com respeito as nossas malditas inclinações, os frutos serão escassos ou nulos. Todos os ramos que não dão uvas, o lavrador corta... Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e deem mais uvas ainda, diz Jesus.
Esta é a parte mais difícil na vida cristã, mas fundamental para permanecer unido a Cristo e ter uma vida coerente com esta união. É necessário podar, tirar aquilo que atrapalha.
Na verdade, Deus, que é o dono, o viticultor, ele quer PRODUTIVIDADE!
Mas aqui nós precisamos tomar um grande cuidado, para não comparar este tipo de exigência com a nossa vida profissional. No mundo dos negócios vive-se sob a pressão de metas, objetivos de lucro – a produtividade. Se ouvirmos a parábola de Jesus com esta ideia, sentiremos um peso, uma cobrança de um Deus que explora, que exige, que não dá folga, não dá moleza. Que só fiscaliza e espera resultados! E pior, com medo de ser despedido.
Quem vive assim em relação a Deus, ou se revolta e pede as contas (sai da igreja), ou vive uma vida de hipocrisia, tentando agradar a Deus assim como os maus políticos na hora de buscar o voto, ou do empregado que só faz o serviço direito quando o patrão está por perto.
Não é esta a relação que nós devemos ter com a Videira. Vejam só o que nós ouviremos no próximo culto, na continuação da Parábola – versículo 15 de João 15: Diz Jesus: Eu não chamo mais vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai.
Existe uma diferença enorme na relação de patrão e empregado, e na relação de amigo e amigo – diferença que não precisamos explicar.
E outra coisa, amigo não é aquele que só diz coisas boas para o seu amigo quando este precisa ouvir uns conselhos. Amigo mesmo é aquele que diz a verdade. E Jesus é o nosso melhor amigo. Ele deu a sua vida por nós.
Diferente das amizades do mundo, pois, como diz o Salmo 146, não confiem em seres humanos, pois são mortais. Sempre vamos nos decepcionar com as pessoas assim como as pessoas vão se decepcionar com nós. Por isto a necessidade de estar sempre ligado a Videira Verdadeira, de onde vem o perdão e a força para uma vida diferente de tudo aquilo que acontece neste mundo que não está ligado a Jesus. Amém.