ASCENSÃO
DO SENHOR – 2012
Textos: Sl
47 At 1.1-11 Ef 1.15-23 Lc 24.44-53
Tema: Os
efeitos da Ascensão de Jesus nas subidas e descidas de minha vida terrena!
pastor Marcos Schmidt
_________________________________________________________________
A Ascensão de Jesus aos céus tem
implicações muito importantes na tua e na minha vida. Implicações que a gente
nem percebe no dia-a-dia. Eu gostaria, neste sermão de hoje, lembrar o valor
deste fato bíblico – de Jesus ser levado aos céus 40 dias depois de ser
ressuscitado. Não lembrar simplesmente da histórica, de um episódio que
aconteceu há dois mil anos atrás. Mas avivar em nossa memória e em nosso
coração os efeitos desta ação gloriosa de Jesus para a nossa vida terrena.
Antes de tudo, é preciso perceber este
detalhe: Jesus subiu com o seu corpo ressuscitado e glorioso. Subiu
visivelmente. Conforme os anjos, assim “ele
voltará do mesmo modo que o viram subir” (Atos 1.11).
Muito importante este detalhe para a
nossa fé na doutrina da ressurreição. Especialmente nestes tempos quando o
espiritismo toma conta nesta ideia da reencarnação, da vida além da morte sem o
corpo – só espírito.
Ao subir com o seu corpo, Jesus nos
diz: Cuidem do corpo de vocês enquanto estão
aí na terra, porque ele foi criado e é sustentando por nós, por mim e por meu
Pai. O corpo de vocês foi santificado pelo Espírito Santo, ele é templo do
Espírito Santo. Um dia ele será perfeito, igual ao meu corpo glorificado. Por
isto, vocês que já vivem o céu aí na terra, lembrem-se de usar o corpo de vocês
como se já estivessem vivendo a vida no céu. Usem o seu corpo para me
glorificar.
Jesus não está apenas em espírito à
direita de Deus, no reino glorioso dos céus. Ele está com o seu espírito e
corpo. O Deus encarnado, o Deus homem, que nós recebemos misteriosamente e
sacralmente na Santa Ceia, nos entrega esta mensagem importantíssima ao ser
levado aos céus desta forma visível – numa manhã, creio eu, com “céu de
brigadeiro”, claro e ensolarado: - “Eu sou homem, e sei exatamente o que vocês
são e precisam”.
Sem dúvida, foi uma imagem de cinema,
de 3D, mas uma imagem real, com centenas de testemunhas.
No entanto, este fato da última visão
terrena de Jesus, subindo aos céus e desaparecendo entre as nuvens, não
desperta grande interesse na vida dos que continuam pisando o chão deste
planeta. O Natal – a descida de Jesus – é festejado e lembrado. Está na mídia,
nos jornais, na televisão. Mas a subida de Jesus até entre os cristãos não tem
grande destaque e impacto.
E por quê?
Penso que isto se deve a algo parecido
ao que acontece com a ascensão do dólar, conforme escrevi no meu artigo no
Jornal NH: alguns gostam, outros acham ruim, e há os indiferentes. E pelo que
se percebe, os indiferentes são a maioria...
Todos vocês devem estar acompanhado esta
questão sobre a valorização do dólar. Para alguns é uma coisa boa, no caso as
indústrias que exportam a exemplo do setor calçadista. Já para a importação, é
uma coisa ruim, pois encarece os produtos estrangeiros.
E para os indiferentes?
De alguma forma ou de outra, todos nós,
consumidores, cedo ou tarde sentiremos as consequências desta ascensão do
dólar, boas e ruins.
Nesta comparação com a Ascensão de
Jesus, é preciso lembrar que todos serão atingidos por aquilo que Jesus foi
fazer no céu.
O apóstolo Paulo tentou dizer isto a um
grupo de pessoas pagãs, na câmara municipal de Atenas (conforme Atos 17). Ele
afirmou a estas pessoas que adoravam ídolos: “Deus não mora em templos feitos por seres humanos (...) É Deus quem dá
vida a todos, respiração e tudo mais (...) Nele vivemos, nos movemos e
existimos (...) Deus não é parecido com um ídolo de ouro, de prata ou de pedra
(...) Ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos
seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por
meio de um homem que escolheu”.
Diz o texto mais adiante que alguns
zombaram, outros não deram ouvidos, mas alguns creram.
Estas são as mesmas reações das pessoas
hoje, quando ouvem a história deste Deus que criou o mundo, que desceu a este
mundo, e que subiu aos céus para governar o mundo. São três tipos: deboche,
indiferença e fé.
Penso que nenhum de nós aqui pratica
este tipo de blasfêmia: debochar, zombar da Palavra de Deus. Aliás, parece que
isto hoje está também em ascensão: a zombaria com as coisas de Deus.
Em todo o caso, o perigo que nós,
cristãos, enfrentamos é sermos indiferentes. Fazer como alguns diante de Paulo,
quando responderam: “Em outra ocasião
queremos ouvir você falar sobre este assunto” (Atos 17.32).
É um grande perigo para aqueles que
creem, porque o costume da indiferença tragicamente leva à descrença. E mais.
Cristãos apáticos, que esquecem que são cristãos, estão no caminho para um dia
serem zombadores da Palavra de Deus. Que Deus nos livre da indiferença...
Ainda sobre esta comparação do dólar
com Jesus, um fato nos tranquiliza: Deus não oscila, não desvaloriza, não muda.
É, portanto, uma dependência boa. Já quanto ao dólar que sobe e desce, tem gente
ganhando, tem gente perdendo.
Por
isto na epístola de hoje Paulo refresca a nossa memória: “Como são maravilhosas as bênçãos que ele prometeu ao seu povo e como é
grande o seu poder que age em nós, os que cremos nele. Esse poder que age em
nós é a mesma força poderosa que ele usou quando ressuscitou Cristo e fez com que
ele se sentasse ao seu lado direito no mundo celestial” (Efésios 1.18-20).
Que bênçãos são
estas que Deus nos prometeu? Que poder é este que age em nós? Poder que
ressuscitou Jesus e o fez subir e sentar-se à direita de Deus?
Antes de
responder a estas perguntas, precisamos pensar um pouco em outro poder, no
poder terreno e humano, e que tanto nos atrai e seduz. Como por exemplo, o
poder desta moeda americana que é e representa o reino financeiro e político no
mundo todo. Quem não gostaria de ter hoje uns dólares guardados no colchão?
Vejam o que
está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, nos países mais ricos do
mundo? Hoje eles vivem uma crise econômica sem tamanho, bancos quebrando,
empresas falindo, gente que tinha muito e agora não tem mais nada. E isto gera
uma intranquilidade e traz efeitos nos quatro cantos do planeta.
Este quadro da
economia mundial é uma imagem que pode e deve ser transportada para a nossa
vida pessoal. Ninguém de nós, rico, da classe média ou pobre, pode confiar
plenamente nas coisas terrenas que
possui. Aqui mesmo em Novo Hamburgo, quantas empresas já faliram, quantas
pessoas ricas já ficaram pobres? Muitos destes, que tinham o dinheiro como
ídolo, não suportaram a falência e tiraram a própria vida, se suicidaram.
Diante disto,
respondendo a pergunta: Que poder é este que age em nós, que bênçãos são estas
que Deus nos prometeu?... Na verdade, é o poder e a bênção de estarmos livres
desta dependência, desta falsa confiança, destes castelos de areia, que é o
dólar, o real, enfim, as coisas materiais.
Mas alguém pode
estar pensando: Espera aí pastor, o senhor mora onde?
Sem dúvida ninguém
vive sem dinheiro. Ninguém sobrevive neste mundo sem as coisas materiais. Mas é
aí, exatamente aí, neste mundo onde tudo oscila e perde valor, e que dependemos
de alguma forma, que o poder de Deus faz a grande diferença – um poder que nos
pertence e está em nós. Nos pertence não por domínio, mas por ação.
Falando desse
poder que age em nós, antes de partir Jesus disse algo para os discípulos, e
que também é para nós: “Deixo com vocês
a paz. É a minha paz que lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não
fiquem aflitos, nem tenham medo” (João 14.27).
Em outro
momento Jesus já tinha prometido: “Ponham
em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele
lhes dará todas essas coisas” (Mateus 6.33).
Por isto, quando
os textos bíblicos nos falam de bênçãos, de poder, de paz – tudo isto está
muito distante e ao mesmo tempo muito perto de nós.
Distante porque
são coisas espirituais e incompreensíveis ao nosso entendimento humano. Ou será
que podemos entender o que Paulo escreve (?): “Cristo reina sobre todos os governos celestiais, autoridades, forças e
poderes” (Efésios 1.21).
No entanto, perto,
porque este poder age em nós. Age em nós onde estamos no dia-a-dia. No serviço,
emprego, estudo. Age em nós quando recebemos o nosso salário e pagamos as
contas. Age em nós quando descansamos, nos divertimos, passeamos. Age em nós
quando temos que resolver problemas na família, no casamento, nos negócios. Enfim,
é um poder funcional, personalizado, customizado.
Aliás, está na
moda hoje a palavra “customizar”.
Dias atrás,
fazendo um orçamento para uns óculos multifocais, o mais sofisticado eram os
óculos com lentes customizadas. Ou seja, na medida certa, conforme os meus
ajustes e necessidades. Mas ficou longe do meu orçamento...
Pois, é isto
que Jesus foi fazer no céu: ele foi customizar a vida de cada um. E de graça...
E aqui então
surge o mais interessante para nós, quando festejamos a Ascensão de Jesus: o
Senhor não foi embora, mas está com nós aqui neste mundo de altos e baixos, de
subidas e descidas – um Deus que sempre permanece estável no seu cuidado e amor
– um serviço personalizado.
Poderíamos
falar muito mais coisa sobre a Ascensão de Jesus. Mas creio que isto já é o
suficiente para este momento. Que o Espírito Santo que Jesus prometeu antes de
subir aos céus, e depois enviou, nos ajude nesta reflexão. Amém.