Tema: “O Rei vem ao seu povo.”
Texto: Mc 11.1-10
NH - 1º de abril de 2012.
Às vezes, ao meditarmos nas coisas espirituais, temos a impressão de que tudo é tão abstrato, distante, irreal. Parece que não tem nada a ver com a realidade presente do dia a dia. Mas ao lermos o evangelho de hoje calmamente, passo a passo, tudo se materializa, concretiza: “um jumentinho e capas sobre ele...palmas, galhos e capas no chão...2 grupos, um atrás e outro à frente de Jesus...”.
Há um “frisson” no ar. Todos sabem que algo extraordinário está por acontecer. E o silêncio vai sendo quebrado pelo vibrante grito de saudação da multidão: “Hosana (Oh, salva!), Bendito (Abençoado, Louvado), o Rei sucessor do trono de Davi, Hosana nas alturas!”
O Rei dos reis desfruta um momento de glória (como já acontecera no Monte da Transfiguração). Mas ele sabe que é um vislumbre de glória antes da cruz. A multidão o aclama por ter ressuscitado a Lázaro, sendo isto para eles o sinal definitivo de que ele era o Messias prometido, o qual, na esperança política deles, os libertaria do jugo romano. Usam no louvor elementos do grande Halel (Sl 117, 118) e da Festa das Barracas, apesar de ser Páscoa, comemoração da libertação da escravidão no Egito. Em não se cumprindo tal expectativa, posteriormente virá o grito: “Crucifica! Crucifica!”
O que eles não sabem é que seu reino não é deste mundo, não é visível e não é implantado à força. Mas é um reino espiritual, eterno, de paz (Is 9.6,7; Zc 9.9-12; Mq 5.2-4). Para conquistá-lo ele tem que morrer. Ao morrer na cruz ele paga por toda culpa da humanidade, pois esta sempre erra o alvo diante de Deus. Assim ele destrona satanás e nos compra com seu sangue para Deus Pai. Vence pecado, morte e inferno. Morremos para o pecado e ressuscitamos para uma vida com Deus, pelo batismo. (Rm 6.2-4) No dizer de Lutero, recebemos “perdão, vida e salvação”.
O Rei dos reis, agora entronizado à direita do Pai (em toda sua majestade), vem ao nosso encontro. Nos encontra em nossa situação vivencial, no lar, trabalho, escola, casamento (ou separação), saúde (ou doença); rodeados de doutrinas falsas como curas milagrosas revestidas de farsas, prosperidade material não prometida, negação das duas naturezas do Rei, salvação de qualquer jeito desde que se seja bem intencionado.
É bem verdade que estamos repletos de erros ao alvo proposto pela santidade de Deus em pensamentos, palavras, ações, omissões, falta de amor, egoísmo, orgulho, vaidade. Mas é igualmente verdade, aliás, a única verdade, que só nos livramos destes males pela fé no sacrifício do Rei por nós.
Nesta Semana Santa, ou da Paixão, que iniciamos hoje, que nossa primeira atitude seja de arrependimento e fé. Em resposta ao amor de Deus que nós louvemos e adoremos o Rei dos reis; que demonstremos nosso amor em atitude de amor e serviço ao nosso semelhante, a começar pelo que está mais próximo, o cônjuge, a família; que confessemos com os lábios que Jesus Cristo, que deu sua vida por nós, é Senhor, para a glória de Deus Pai. (Ef 2.8-11).
Então, ainda é abstrato, distante ou irreal o que estamos vivenciando? O evangelho, a boa notícia da salvação eterna por Jesus Cristo, sempre provocou diversas reações: “Escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para nós, que cremos, poder de Deus para salvação.” (1 Co 1). Não espere de Cristo o que ele não prometeu. Não confie em seus próprios méritos. Confie em Jesus Cristo você também. Amém. (Pastor Edgar Züge)