É difícil não cometer infração no trânsito. Mas o diretor do Detran de Brasília extrapolou: 42 nos últimos dez anos. Justificou: “Eu sou um ser humano como outro qualquer, sujeito a erros”. Mas são 42 infrações? Uma situação constrangedora para alguém que já cassou a carteira de 30 mil motoristas do Distrito Federal. Se a lei fosse aplicada, este sujeito do “façam o que eu mando, mas não façam o que eu faço” teria 220 pontos na carteira. O que chama a atenção é que ele assumiu o cargo prometendo acabar com a indústria das multas, e hoje no posto, além de desistir da idéia, ter incrementado a aplicação de multas e cassações de habilitação de motorista. "Os pardais são um mal necessário", explicou o diretor do Detran. Mas neste caso, um mal só para os outros.
O que vemos aqui é uma incoerência, algo típico de certas autoridades que se colocam acima da lei quando deveriam ser os primeiros a dar o exemplo. Isto me fez pensar no assunto deste primeiro domingo após Epifania, quando lembramos o batismo de Jesus conforme a liturgia na tradição cristã. Distante da condição de um ser humano igual a outro qualquer, sujeito a erros, Jesus é o próprio Deus-Homem, santo e perfeito. Mesmo assim ele se colocou debaixo da lei. E mais, pagou a pior multa, humanamente impagável, pregando-a na cruz (Colossenses 2.14).
Narra o Evangelho que no momento em que estava saindo da água, Jesus viu o céu se rasgar e o Espírito de Deus descer como pomba sobre ele. E do céu veio uma voz que disse: Tu és meu Filho querido e me dás muita alegria (Marcos 1.10,11). Marcos usa a expressão “o céu se rasgar” enquanto os outros evangelistas dizem “o céu se abrir”. As versões do original grego para o português não observam este detalhe. Em todo o caso, é somente uma força de expressão para sublinhar o poder misericordioso de um Deus que não teve dúvidas em “explodir” as portas do céu. Tudo porque o paraíso estava trancafiado devido as infrações cometidas por todos os seres-humanos. O que custou um alto preço para o Filho de Deus. O apóstolo explica: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo tornando-se assim igual aos seres humanos (Filipenses 2.6,7).
A desculpa deste diretor do Detran, de que é “um ser humano como outro qualquer, sujeito a erros”, não justifica seus delitos. Nem os nossos quando é comum este tipo conversa. Evidentemente é preciso reconhecer as falhas, mas não justificá-las comparando-se com os outros. Se é difícil evitar infrações de trânsito, com certeza isto não convence o guarda rodoviário. O jeito é pagar a multa e fazer de tudo para não receber outro “canetaço”.
A desculpa deste diretor do Detran, de que é “um ser humano como outro qualquer, sujeito a erros”, não justifica seus delitos. Nem os nossos quando é comum este tipo conversa. Evidentemente é preciso reconhecer as falhas, mas não justificá-las comparando-se com os outros. Se é difícil evitar infrações de trânsito, com certeza isto não convence o guarda rodoviário. O jeito é pagar a multa e fazer de tudo para não receber outro “canetaço”.
- “Senhor Deus, eu sei que sou um pecador, mas todo mundo é”.
Longe de nós este papo-furado. Mesmo quando o céu já está “rasgado”. Mesmo quando a Bíblia diz que todos se desviaram do caminho certo e são pecadores (Romanos 3.12). Mesmo tranqüilos sob a graça de Deus, que não exige nada diante do sacrifício de Cristo (Romanos 3.24,25). Longe de nós a petulância de estar acima da lei de Deus. Por isto, se o batismo de Jesus é a “sujeição do chefe do Detran” aos códigos divinos, tudo aconteceu para que através do nosso batismo fôssemos ressuscitados com Cristo para uma nova vida (Romanos 6.4).
Marcos Schmidt
Jornal NH de 10 de janeiro de 2008
Jornal NH de 10 de janeiro de 2008