Estamos em perigo de morte o dia inteiro, diz a Bíblia (Romanos 8.36). Na virada de ano os riscos aumentam. Trânsito, bebida alcoólica, violência, foguetes, afogamentos. Parece que tudo aquilo que não se fez nos finados 365 dias, tenta-se nesta passagem – que para alguns é para a eternidade. Para mim, fim de ano é a busca de um refúgio. O ano todo foi uma batalha constante contra perigos. Por isto, longe de morrer na praia – literal ou metaforicamente – terminar o 2007 com toda a família reunida é um maravilhoso motivo para dizer: “Obrigado, Senhor Deus”.
O último projeto de lei protocolado no Senado em 2007 propõe que todos os acidentes com vítimas fatais praticados por motoristas alcoolizados passem a ser considerados crimes hediondos. Tomara que os nossos senadores trabalhem melhor neste ano e aprovem tal lei. Deveriam também restringir o uso dos rojões e fogos de artifício. Triste o fim daquela idosa atingida na cabeça por um rojão em Imbé. Ninguém sabe de onde veio o estouro. Estúpida a morte da jovem em São Luiz Gonzaga, atingida por uma bala-perdida provavelmente por alguém que disparou brincando no meio do foguetório. Outras dezenas de pessoas com mutilações, queimaduras, audição comprometida, tudo nesta desvairada e insana troca do ano. Por isto, o melhor lugar nestes minutos de fogo e álcool é ficar mesmo dentro de casa, quem sabe com colete e capacete à prova de balas.
“Ficar dentro de casa” desde o Natal está sendo o melhor lugar para o pastor Carlos Winterle, ex-presidente nacional da minha igreja. Há dois anos é missionário em Nairóbi, capital do Quênia, e por e-mail conta que às pessoas da sua congregação são aconselhadas a permanecer em casa e não virem aos cultos. As notícias nos jornais falam em 200 mortos, 50 pessoas queimadas dentro de uma igreja – uma onda de violência no processo de eleição presidencial neste país africano.
Na verdade, em qualquer lugar deste planeta estamos em perigo de morte o ano inteiro. Mesmo num eficiente bunker uma minúscula bactéria pode alojar-se no frágil e finito corpo humano e diluir a vida. Resta apenas um lugar: Em tempos difíceis, Deus me esconderá no seu abrigo. Ele me guardará no seu Templo e me colocará em segurança no alto de uma rocha (Salmo 27.5). Esta “rocha” é o amor do Criador, é a pedra fundamental da igreja – Cristo – um refúgio para todos, e que sustenta a vida quando surge a própria morte (Romanos 8.38).
No entanto, mesmo sob a proteção divina, expor-se indevidamente ao perigo é um convite astucioso de Satanás. Foi uma das tentações do Diabo a Jesus, que maliciosamente usou o Salmo 91: - Se você é Filho de Deus, jogue-se daqui, pois as Escrituras Sagradas afirmam: “Deus mandará que os seus anjos cuidem de você”. Pois nada adianta pedir que Deus nos proteja neste 2008 e depois dirigir o carro alucinados pelo álcool ou infringir as regras de trânsito. Por isto a resposta de Jesus ao perverso anjo: As Escrituras também dizem: “Não ponham à prova o Senhor, seu Deus” (Mateus 4.7).
Que Deus nos livre de todos os perigos! E nos livre também de qualquer provocação desaforada ao perigo!
Marcos Schmidt
Jornal NH de 3 de janeiro de 2008
Jornal NH de 3 de janeiro de 2008