Histórias iguais a do pai que matou a filha para receber um seguro e não pagar a pensão são rotineiras e revelam o grau da perversidade humana. Nem adiantou a adolescente implorar “paizinho, por favor, não me mate”. Outro exemplo recente vem dos Estados Unidos, de um genitor que esquartejou o filho deficiente de sete anos porque “dava muito trabalho”. As estatísticas confirmam que a violência familiar tem aumentado de forma assustadora. No Brasil, mais de 6 milhões de crianças e adolescentes sofrem algum tipo de maus tratos físicos, levando à morte 35 mil a cada ano, e boa parte disto ocorre dentro do próprio refúgio onde deveria existir amor e segurança.
Violência fora, violência dentro. Para onde fugir? Este tipo de maldade traz tanta indignação no coração de Deus, a ponto de Jesus dizer que seria melhor o agressor ser jogado ao mar com uma pedra amarrada no pescoço. Interessante que tais palavras estão no contexto dos recados de Jesus sobre o casamento: “que ninguém separe o que Deus uniu”, e na sua bênção às crianças: “deixem que venham a mim”. Entendo que os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram estes três episódios num único conjunto para enfatizar o que a humanidade tem esquecido: o bem estar das crianças é uma bênção divina que depende da união estável no matrimônio. O apóstolo Paulo diz a mesma coisa ao lembrar que marido e esposa devem se amar pelo respeito que têm por Cristo. Só depois fala da relação de filhos e pais (Efésios 6).
A Bíblia explica que a violência vem “dos maus desejos que estão sempre lutando” dentro de nós (Tiago 4.1). Num tempo quando não havia tantos objetos de consumo, diz que as pessoas “querem muitas coisas, mas, como não podem tê-las, estão prontas até para matar” (4.2). Diabolicamente, a violência é fruto da cobiça. Não foi por nada que o Salvador veio pobre ao mundo e ensinou a ajuntar riquezas no céu onde ladrões não podem arrombar. Se o pai de Gaurama tivesse este “seguro”, ele não mataria a filha, mas daria a vida por ela.
Marcos Schmidt
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
18 de agosto de 2011