Nestas horas a gente pode pensar que já é o fim do mundo. Afinal, foi Jesus quem disse, falando sobre os sinais dos tempos, que “em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias” (Lucas 21.11), que “a maldade vai se espalhar tanto que o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12), que “muitos entregarão os seus próprios irmãos para serem mortos, e os pais entregarão os filhos, e os filhos ficarão contra os pais e os matarão” (Mateus 10.21). Mas ele também alertou: “Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu, dizendo: ‘Eu sou o Messias’ ou ‘já chegou o tempo’” (Lucas 21.8). O pior mesmo é entrar em paranóia e seguir o primeiro “messias” que aparecer. A trágica história do pastor Jim Jones em 1978 mostra o quanto isto é perigoso, quando ele e 909 seguidores da Seita Templo do Povo cometeram suicídio coletivo. Aliás, parece que este tipo de coisa é que virou epidemia: matar a família e suicidar-se.
E se amanhã é o Dia do Trabalho, é oportuna a observação do apóstolo Paulo sobre a atitude de certas pessoas de sua época que aproveitaram os ensinamentos bíblicos sobre o fim do mundo para justificar o ócio: “Se afastem de todos os irmãos que vivem sem trabalhar (...) Quem não quer trabalhar que não coma (...) Há entre vocês algumas pessoas que vivem como os preguiçosos: não fazem nada e se metem na vida dos outros” (2Tessalonicenses 3.6, 10-11). Este tipo de febre apocalíptica gera confusão e transtornos à sociedade civil, além de ser um desvio da boa fé e conduta cristã.
Por isto, antes das máscaras contra a gripe, é necessário usar filtros para o espírito de porco que obriga seguir o estouro da manada. À exemplo desta doença mexicana quando as notícias dizem que medo e desinformação estão provocando uma corrida louca às farmácias. Em São Paulo, uma única cliente levou para casa todo o estoque de máscaras da loja. Outro cliente levou R$ 500 só em remédio de gripe. Além de exageradas, são atitudes egoístas. Fico pensando o pior nesta sociedade sem equilíbrio e solidariedade, de “cada um por si e Deus por todos”, caso sofrermos de fato uma pandemia gripal: vamos ter que nos afastar uns dos outros mais do que já estamos afastados. Portanto, vale a recomendação paulina: “Não se perturbem facilmente nem fiquem assustados” (2Ts 2.2). Isto porque, se o vírus influenza da gripe se alastra de pessoa para pessoa, a influência do medo e da desinformação segue pelo mesmo caminho.
Pois quando nem os supremos juízes se entendem ou entendem alguma coisa, é bom manter a calma e a sobriedade, e praticar a oração: “Que o próprio Jesus Cristo, o nosso Senhor, e Deus, o nosso Pai, que nos ama e que na sua bondade nos dá uma coragem que não acaba e uma esperança firme, encham o coração de vocês de ânimo e os tornem fortes para fazerem e dizerem tudo o que é bom!” (2Ts 2.16.17).
Marcos Schmidt
Jornal NH de 30 de abril de 2009
Jornal NH de 30 de abril de 2009