Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sermão 26 - 2º Domingo de Advento, N.H., 6,8,9/11/2012


Sermão 26

2º Domingo de Advento, N.H., 6,8,9/11/2012

Tema: “O que faremos?”
Texto: Lc 3.10

Introdução
A. O Grito
O Grito









O Grito (no original Skrik) é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci.
A série tem quatro pinturas conhecidas: duas na posse do Museu Munch, em Oslo, outra na Galeria Nacional de Oslo, e outra em coleção particular[1]. Em 2012, esta última tornou-se a pintura mais cara da história a ser arrematada, num leilão, por 119,9 milhões de dólares.[2]

A fonte de inspiração de O Grito pode ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem educado por um pai controlador, que assistiu quando criança à morte da mãe e de uma irmã. Decidido a lutar pelo sonho de se dedicar à pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, bem pelo contrário. Munch acabou por se envolver com uma mulher casada que só lhe trouxe mágoa e desespero e no início da década de 1890, Laura a sua irmã favorita, foi diagnosticada com doença bipolar e internada num asilo psiquiátrico. O seu estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu no seu diário:
Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
       Munch imortalizou esta impressão no quadro O Desespero, que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à da sua experiência pessoal. Não contente com o resultado, Munch tentou uma nova composição, desta vez com uma figura mais andrógina, de frente para o observador e numa atitude menos contemplativa e mais desesperada. Tal como o seu percursor, esta primeira versão d’O Grito recebeu o nome de O Desespero. Segundo um trabalho de Robert Rosenblum (um especialista da obra do pintor), a fonte de inspiração para esta figura humana estilizada terá sido uma múmia peruana que Munch viu na exposição universal de Paris em 1887.
O quadro foi exposto pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto de seis peças, intitulado Amor. A ideia de Munch era representar as várias fases de um caso amoroso, desde o encantamento inicial a uma rotura traumática. O Grito representava a última etapa, envolta em sensações de angústia.
B. Interpretação do quadro
Vemos ao fundo um céu de (cores quentes), em oposição ao rio em azul (cor fria) que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo (onde o que interessa para o artista é a expressão de suas ideias e não um retrato da realidade). Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduza as ondas sonoras. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto, quem não se abalou (supostamente seus amigos, como descrito acima) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros elementos, continua reto.
A dor do grito está presente não só na personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Inserido-se o observador no quadro, passa a ver o mundo torto, disforme e isso afeta diretamente a participação do mesmo, de forma quase interativa, na obra.
  
C. Toda a angústia humana tem sua origem na desobediência de Adão e Eva.
Com ela entrou o pecado no mundo. Em última análise, o grande problema do ser humano é o pecado. Não que doenças e problemas específicos sejam originados diretamente por erros específicos. Pecados, dores, angústias, tudo nos leva ao grito: “Que faremos?”

I. Toda angústia humana pode ser expressa na pergunta feita a João Batista: “O que faremos?”
A. Dizem que mais importante do que respostas corretas são as perguntas corretas. Depende. Depende se as pergunts forem para instigar a reflexão, aí tudo bem. Mas há casos em que as respostas devem ser as certas. Quando se trata do destino eterno de uma pessoa, então a resposta correta passa a ser vital: dela depende a vida ou a morte eterna.
B. Diante da pregação de João Batista as pessoas fizeram a pergunta certa: “O que faremos?” João tinha pregado a necessidade de arrependimento: “Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês.” É a mesma pregação que Jesus retoma ao iniciar seu ministério público. Verdadeiro arrependiemnto consiste em tristeza por ter ofendido a Deus, fé no perdão de Deus e disposição para não errar mais. Tudo isto deve ser levado em conta ao se perguntar: Que faremos? Que respostas vamos dar a esta pergunta?
C. O moço rico perguntou a Jesus: “Que devo fazer para que seja salvo?” Como ele achava que cumpriu os mandamentos, Jesus lhe disse: “Vai, vende tudo que tens, dá o dinheiro aos pobres. Depois vem e segue-me.” Como ele era ganancioso, foi embora triste.
D. Os discípulos perguntaram a Jesus: “Quem pode ser salvo?” Isto logo depois de Jesus dizer que é mais fácil um camelo passa pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino do Céu. Jesus responde: “Para os homens é impossível. Só é possível para Deus.”
E. Em Atos dos Apóstolos a pergunta se repete. Quando Paulo e seu colega são lebertados milagrosamente da prisão o carcereiro exclama: “Que devo fazer para que seja salvol?”
II. Respostas (que não satisfazem)
A. Abafar a voz da consciência. Simplesmente negar o erro. Acreditar que tropeços são humanos, normais, e que não há consequências.
B. Esconder-se atrás de paliativos. Festas, orgias, bebedeiras, drogas em geral, fugas de todo tipo. Oferendas a pretensos deuses e divindades.
C. Justiça própria. Como o moço rico, se justificar: “Tenho cumprido os mandamentos.
  
III. Respostas (que satisfazem)
A. Ml 3.5,7b: O que deve ser abandonado. Deus é contra: “os que não me respeitam, isto é, os feiticeiros, os adúlteros, os que julgam falso, os que exploram os trabalhadores e os que negam os direitos das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros que vivem com vocês.” Mas Deus também convida: “Voltem para mim, e eu voltarei para vocês.” Uma chamada ao genuíno arrependimento demonstrado em atitudes.
B. Fp 1.2-22: Paulo da prisão fala bem dos filipenses, colaboradores na divulgação do evangelho. Não só creram no evangelho. Eles praticaram a fé.
C. Jesus Cristo deixou algumas coisas muito claras aos discípulos e a nós. Sobre a justiça das obras, da lei: “Se a justiça de vocês não for muito maior que a dos escribas e fariseus jamais entrarão no reino de Deus” (Mt 5.20). Ao ser questionado sobre a dificuldade de entrar no Reino de Deus por esforço próprio, Jesus diz que aos homens é impossível, mas para Deus não há impossíveis. Só Deus pode nos salvar.
C. Atos dos Apóstolos. À pergunta do responsável pela prisão dos apóstolos Paulo responde: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e toda tua casa.”
D. No texto de Lc 3: João Batista apontara certa vez para Jesus dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29) No evangelho de hoje ele prega: “Arrependam-se para que sejam perdoados os seus pecados.” Arrependimento sincero é tristeza porque se ofendeu a Deus e não porque foi pego em flagrante, descoberto. Daniel Defoe (Reino Unido, 1719), autor de Robinson Crusoe, disse certa vez: “As pessoas não têm vergonha de seus erros e pecados. Elas têm vergonha de publicamente se arrependerem.” As pessoas que chegaram para João Batista para serem batizadas também tinham ideias falsas sobre como agradar a Deus: “Somos filhos de Abraão.” Hoje seriam os que confiam que ao cumprir certas obrigações com a igreja serão salvas. Ou por serem parentes de fulano. Ou por serem membros inscritos na igreja desde a infância.
Quem está verdadeiramente arrependido não confia em sua justiça ou no fato de ser de uma igreja, mas em Jesus Cristo, morto na cruz por seus pecados. E esta pessoa prima por mudança. Quando o povo perguntou a João Batista: “Que faremos?” ele não titubeou em dar respostar claras, diretas, objetivas. Ao povo disse: “Quem tiver duas túnicas (capas de cima) dê uma a quem não tem nenhuma e quem tiver comida reparta com quem não tem.” Aos cobradores de impostos: “Não cobrem mais do que a lei manda.” Aos soldados: “Não tirem dinheiro de ninguém e contentem-se com o salário de vocês.” Todas estas obras são frutos da fé, demonstram verdadeiro arrependimento. Sem tais obras a fé é morta e o arrependimento não é verdadeiro. 
Conclusão.

E você? Como se sente quanto a isso tudo? Seu arrependimento é verdadeiro? Confia em sua santidade própria ou em Jesus Cristo?
Se você é daqueles que exclama: “O que devo fazer?” Então ouça o que diz o poeta sacro: “Andas fraco e carregado / de cuidados e temor? / Vai ao Salvador amado, / vai com fé teu mal expor. / Busca o teu melhor amigo. / Fala a Cristo em oração. / Nele encontras terno abrigo / e repouso na aflição.” Amém.
Pastor Edgar Züge