Feriado da coisa
pública
Para fugir do
calorão carioca naquele novembro, D. Pedro II foi à Petrópolis buscar o ar
refrigerado das montanhas. O feriadão do imperador foi a chance dos republicanos
para derrubar a monarquia. Ainda hoje quando nossos “reinados” estão em crise,
ausentar-se é um risco.
Geralmente é na volta das férias que muitos são demitidos. Em todo o caso, os
detalhes narrativos da Proclamação da República há 123 anos confirmam que a
história sempre se repete. Não só pelas incertezas do que vamos encontrar no
retorno do feriadão, mas pela instabilidade dos tronos onde estamos assentados.
Que o digam os réus do “mensalão”,
gente que ficou poderosa por meio de esquemas ilícitos para manter uma falsa
república. República é uma palavra que vem do latim – res pública, “coisa
pública” – que atende por uma forma democrática e justa de governo, onde o poder
vem do povo e os bens públicos em favor do povo. Na teoria deveria ser assim.
Mas na prática a corrupção insistentemente tem golpeado os direitos dos
cidadãos. E a estratégia continua a mesma: aproveitando os feriados, as
ausências, a omissão, o deixa prá lá, a fuga do calor.
Marcos
Schmidt
pastor
luterano
Igreja Evangélica
Luterana do Brasil
Comunidade São
Paulo, Novo Hamburgo, RS
15 de novembro de
2012