Cachoeiras que
sobem
Qual seria o
resultado da CPI do Cachoeira se o Espírito Santo fosse o relator do inquérito?
Sem dúvida, as corredeiras da corrupção vazariam de vez para o fosso das águas
podres e a verdade triunfaria. “Rios de água limpa vão jorrar do coração de quem
crê em mim” (João 7.38), prometeu Jesus ao falar do Espírito Santo. Também
chamado de Espírito da Verdade, ele é lembrado neste Domingo de Pentecostes
quando foi “derramado” copiosamente sobre os apóstolos (Atos 2). Por isto, se a
palavra “cachoeira” hoje nos lembra tanta imundícia, é bom ouvir esta história
bíblica, até porque estamos cansados com tantas mentiras lavadas. Carecemos de
águas correntes e limpas. Necessitamos urgentemente de torrentes cristalinas e
puras.
Conta o livro de
Atos que chamas em forma de línguas de fogo se espalharam sobre a cabeça dos
discípulos. Isto sugere algo: quem tem o Espírito Santo, carrega a verdade na
cabeça e na ponta da língua, um fogo que incendeia e ilumina. No entanto, Tiago
lembra que ao mesmo tempo “a língua é um fogo que vem do próprio inferno (...)
Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua
tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas (...) Por
acaso pode a mesma fonte jorrar água doce e água amarga?” (3.1-11. Pior que
pode. Aqueles que têm o Espírito da verdade carregam junto o espírito da
falsidade.
Por isto não dá
para falar de boca cheia dos corruptos lá de Brasília. “Se dizemos que não temos
cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso”, admite João na sua primeira
carta. Mas daí surge os rios de água limpa que jorram no coração daquele que crê
na Verdade – Jesus. Um banho diário, completo. Uma purificação que transforma.
Concluindo, o que falta nesta sociedade são cachoeiras ao contrário, rios que
sobem os morros, águas que desobedecem à lei da gravidade. Ou seja, a verdade
como regra e não como exceção.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
24 de maio de 2012