O mentor do triplo assassinato em Caxias do Sul tinha o sonho de subir na vida. Assassinou o ex-patrão, o filho dele e o amigo do menino, tudo para eliminar o estorvo de sua aspiração profissional. Ganhou casa, comida, emprego e confiança da vítima, mas enxergava nele uma pedra de tropeço em sua ascensão. Na internet desabafou sobre o chefe: “Você pode até me tratar como se eu fosse uma galinha, mas eu sei que sou uma águia”. Ficará agora na gaiola sem poder voar. E assim, termina outra história chocante que já nos habituamos – logo virão as próximas e tudo ficará no esquecimento. Quem ainda lembra-se da estagiária Carolina dos Santos? Ela matou duas colegas de trabalho em Cubatão para ter o emprego.
“Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las” (Tiago 4.2). Isto foi dito há dois mil anos quando não havia tantos objetos de desejo e sonhos de consumo. Hoje a propaganda abarrota nossa conturbada mente com a idéia de que feliz é aquele que consome. Luciano Boles queria uma cobertura e não pensou duas vezes em colocar o seu estorvo no andar de baixo. Sonhamos com carros sofisticados, casas luxuosas, eletrodomésticos e aparelhos de última geração, viagens, enfim, um mundo de coisas. Seriam apenas sonhos, desejos comuns, se não virassem cobiça e insana ambição. No competitivo e cruel mercado de trabalho tudo é válido para subir de posto.
Será que ainda vale o conselho bíblico? “Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo” (Filipenses 2.4-7). Que Deus nos proteja contra este tipo de desejo doentio para não sermos nem vítimas e nem agressores.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
2 de fevereiro de 2012