Desvio do dinheiro público no Brasil é assunto diário nos jornais. Somente as notícias de um dia relatam a máfia dos remédios, o jantar devolvido do Sarney, a suspeita sobre o patrimônio de Palocci, a suposta fraude de consultas e cirurgias pelo SUS. Por que tanta corrupção? Li num artigo que é um mal que atinge a todos, mas aqui é por falta de fiscalização. A sugestão seria um sistema imunológico. Exemplo que vem da Dinamarca com 100 auditores para 100 mil habitantes, enquanto no Brasil são oito para 100 mil. Dizem, no entanto, que a corrupção está no “gene brasileiro”, uma herança portuguesa. Fato comprovado numa canção popular dos anos de 1810: "Quem rouba pouco é ladrão, quem rouba muito é barão. E quem mais rouba e esconde, passa de barão a visconde". É desta época o primeiro registro de corrupção no Brasil. Um funcionário público foi preso na Bahia por desviar dinheiro público, mas contratou um advogado e logo foi solto.
Somente através de leis rigorosas, educação no lar, ensino nas escolas, que a corrupção pode diminuir. Outro jeito é chegar à raiz. Porque, se é do coração que vêm os roubos (Marcos 7.21), então é lá que o mal pode ser enfraquecido. Foi o caso de Zaqueu que cobrava impostos a mais e enriqueceu com o trabalho dos outros. Depois da visita de Jesus em sua casa, resolveu dar a metade dos bens aos pobres e devolver quatro vezes mais a quem tinha roubado (Lucas 19). Lutero, que presenciou na Idade Média uma Europa imersa na corrupção pública e religiosa, no entanto, explicou que não basta ser honesto, mas é preciso também ajudar o próximo a melhorar e conservar os seus bens e o seu meio de vida. Neste sentido, Jesus orientou ao falar do amor: “Quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo fique sabendo o que você fez” (Mateus 6.3). Percebe-se assim que corrupção e honestidade têm paralelo: é feito em segredo e Deus recompensa.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 19 de maio, 2011