Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 9 de março de 2011

Artigo - Santo Cristo e o Carnaval

A fuga da realidade segue por outros aspectos da vida humana, não só no profano, também no religioso. Se o reinado do momo é a festa da carne, tem a festa do espírito que procura em vão a mesma coisa: anular a dureza das desventuras terrenas. Em vão, porque usa um “santo Daime” – chá com poderes alucinógenos – oferecido num cenário fantasiado com promessas que entorpecem a mente e o coração. Este “carnaval” tem nome e endereço, um espetáculo da glória que esconde a cruz nos bastidores e mantém o sofrimento humano fora das passarelas. Doenças, pobreza, miséria, dor? Isto foi anulado em nome de Jesus – pregam eles. Puro analgésico que mascara a real enfermidade.

Entre fantasias e adereços, neste Domingo do Carnaval os cristãos celebraram a Transfiguração do Senhor (Mateus 17). Num retiro, três discípulos puderam ver o trailer da glória celestial onde uma luz intensa resplandeceu do corpo de Jesus. Não eram efeitos especiais. Era a realidade do esplendor celestial. Deslumbrado, Pedro quis armar barracas e ficar ali mesmo. Esqueceu que precisava descer do monte, pegar a sua cruz e voltar para o vale da sombra e da morte.

É preciso descer e ter os pés no chão. Como? Para os enlutados das 27 vítimas de Santo Cristo, só mesmo Cristo, o Santo. Até o Carnaval foi suspenso nesta cidade, pois a morte não usa máscaras. Restou apenas a quarta-feira de cinzas. Mas o que este Cristo pode fazer? Pedro, em outro episódio, depois que muitos seguidores abandonaram Jesus porque os milagres haviam cessado e restava apenas a cruz – foi enfático: “Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão a vida eterna! E nós cremos e sabemos que o senhor é o Santo que Deus enviou” (João 6.68,69).

Na marchinha de Carnaval “Pastorinhas”, Noel Rosa cantava que “a estrela d'alva no céu desponta”, para depois lamentar “meu coração não se cansa de sempre, sempre te amar”. Triste canção de um amor não correspondido num mundo cheio de desilusões. Por isto o hino do amor que sempre correponde e não ilude, amor daquele que disse: “Eu sou a brilhante estrela d'alva” (Apocalipse 22.16).

Marcos Schmidt
Jornal NH de 10 de março, 2011