Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Artigo - Viver a morte

Na terça-feira passada oficiei o sepultamento do seu Walter Mauhs, 82 anos. Ele morreu 10 dias depois da sua esposa, Olinda, 86 anos. O casal havia completado 51 anos de matrimônio neste mês de maio. Apesar da idade, tinham boa saúde e uma vida ativa nos encontros da igreja. Mas em janeiro dona Olinda caiu e quebrou a perna. Depois de recuperar-se, caiu novamente e quebrou a outra perna. Dias depois faleceu dormindo. O seu fiel companheiro, não suportando a separação, resolveu seguir os passos da amada.

Conto esta história por dois motivos. Com tantos casamentos morrendo em vida, é oportuno passar esta boa novela. Isto é viver a vida. O que acontece por aí, na tela da realidade e da televisão, é viver a morte. Sem dúvida, um bom exemplo para o 12 de junho. Outra razão desta bela história é o Pentecostes neste próximo Domingo. Quando Jesus subiu aos céus, mandou os discípulos esperarem em Jerusalém para receberem um poder do alto. Dez dias depois veio o Espírito Santo. Este espaço entre a subida de Jesus e a descida do Espírito Santo mostra que ninguém consegue ficar muito tempo longe do amor. Acho que estes 10 dias representam o intervalo da separação, da saudade, da dor... Por isto a promessa de Jesus: Não fiquem aflitos... Eu pedirei ao Pai e ele lhes dará outro Auxiliador (João 14).

Na verdade, o mesmo Deus que produz amor, paciência, delicadeza, fidelidade (Gálatas 5.22) – atitudes que sustentam o vínculo de marido e mulher – é o Deus que o cristão confessa “Creio no Espírito Santo (...) na ressurreição da carne e na vida eterna”. É aquele que no dia derradeiro nos levantará do túmulo para devolver o sopro da vida. Não existe notícia mais confortadora. Paulo Sant’Ana, no entanto, na crônica “A ideia da morte”, revela uma aflição pessoal e de muita gente: “Será que o homem teme a morte somente porque ela significa o fim? Ou o homem teme a morte porque não sabe o que acontecerá consigo logo depois dela? (...) Que encrenca! A maior de todas as encrencas”.

Uma encrenca resolvida. Pena que muitos vivem e morrem sem acreditar no poder do Pentecostes. Um poder que cria e sustenta um amor que nunca desiste, mas suporta tudo com fé, esperança e paciência. Um amor que é eterno (1 Coríntios 13). Um amor do Walter e da Olinda.

Marcos Schmidt
Jornal NH de 20 de maio de 2010