Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Artigo - Bíblia com “B” minúsculo?

Estou curioso para ler o recente livro de Moacyr Scliar, Manual da Paixão Solitária, que fala da Bíblia no dia-a-dia das pessoas. Em entrevista, Scliar disse que “a cultura bíblica é decisiva na formação do Ocidente e por explorar as paixões humanas, toca as pessoas no seu cotidiano, e por isso que até hoje é um best seller” (clic RBS). No entanto, estou mais curioso do motivo que levou o redator da matéria escrever “bíblia” – com letra inicial minúscula. Está em qualquer manual de redação que os títulos de livros têm a letra inicial maiúscula. Ora, se o título do livro de Scliar está perfeitamente redigido, não entendo a razão de “Bíblia” aparecer 8 vezes no minúsculo no texto desta notícia eletrônica.
É difícil a gente não incorrer em erros, sobretudo ortográficos. Mas, têm horas que o “pré” ou o “pós” conceito faz a gente errar conscientemente. O que é uma grande tolice. Não é o caso de Scliar que disse: — “Eu não leio a Bíblia de maneira religiosa, eu leio a Bíblia de maneira literária”. Mesmo sem dar crédito divino, o escritor não esconde que a Bíblia está sempre na sua mesa e a consulta regularmente, coisa que muitos cristãos esquecem de fazer ou têm vergonha de dizer.
Outro escritor famoso que gosta de ler a Bíblia de maneira literária é Luis Fernando Verissimo. Percebe-se isto por sua inteireza nas histórias bíblicas e até em doutrinas – ele que seguidamente aborda temas cristãos. Foi o que aconteceu no seu ultimo artigo, Armagedon. Irônico e perspicaz como sempre (e insistindo que é um ateu não praticante), Verissimo faz uma interpretação coerente com aquilo que eu já escrevi aqui sobre a guerra de Israel. “Israel precisa ouvir os seus sensatos. Precisa, principalmente, saber quem são os seus amigos”, conclui, depois de criticar o fundamentalismo cristão e judaico que encara um Armagedon de carne e osso, isto é, uma batalha física e geográfica entre o Ocidente e o Oriente, entre o bem e o mal.
Por interpretações equivocadas e pela incoerência entre palavras e atitudes, isto pode explicar, em parte, a “bíblia” – no minúsculo. O crescente ateísmo, o descrédito com as instituições – sobretudo com as religiosas, a degradação familiar, a insuportável corrupção política e social, a proliferação da violência, enfim, todo este cenário caótico no “mundo cristão” diretamente nos acusa: - Onde está a Bíblia de vocês.
Assim, dá para entender que Bíblia no minúsculo nem é um erro de redação. Pode ser um problema de ação. “Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática” (Tiago 1.22). O que não invalida o poder que ela tem, nem diminui as suas letras. E por um único fato: “Antes de ser criado o mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus (...) A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade” (João 1.1,14).
No fim das contas, antes de reprovar o redator, preciso mesmo analisar se a minha vida começa com um “v” maiúsculo.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 26 de março de 2009