Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Artigo - Mudanças

Houve e ainda há muita resistência com a reforma na ortografia da língua portuguesa. Mas se é para aproximar as culturas de oito países que falam a mesma língua e escrevem de outro jeito, por que não? Se a finalidade é para descomplicar a grafia, tirar o chapeuzinho do “enjôo”, qual a razão de tanta polêmica? Só existe uma explicação do choro: o incorreto acento no “eu”. É sempre assim nas mudanças, elas são boas desde que não atrapalhem a minha vidinha. No artigo “O trema, tremendo trema, já era”, Moacyr Scliar lembra que a discussão sobre tal reforma não envolveu apenas aspectos ortográficos, mas no fundo foi uma questão de política e de poder. Natural, bem humano! Qualquer coisa que mexe com a rotina pessoal, mesmo que seja boa, provoca transtornos num comodismo viciado na política do egocentrismo – e isto é bem mais complicado do que comer lingüiça sem trema. Mas, como alguém já disse, o que está por trás das leis políticas e dentro das lingüiças, ninguém sabe.
Tem coisas que a gente faz e nem sabe por quê. Igual a história do bezerro. O animal irracional atravessou uma mata virgem fazendo uma trilha sinistramente tortuosa. No dia seguinte, um carneiro e seus companheiros passaram pelo mesmo caminho sinuoso. Mais tarde, pessoas começaram a usar a trilha que virou uma estradinha. O tempo passou, e a estradinha transformou-se na principal avenida de uma grande metrópole, com curvas e mais curvas. Endireitar a estrada reduziria a distância pela metade, mas todos estavam acostumados com o caminho do bezerro. Pois na vida da gente acontece algo parecido. Segue-se por estradas sem indagar o resultado prático e final.
Até Deus mudou de direção. Diz o Evangelho que a Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós (João 1.14). Foi uma reforma ortográfica radical na vida da Palavra que já existia antes de ser criado o mundo (João 1.1). Uma mudança para o bem de todos, mas igualmente contestada: a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu (João 1.11). Não o recebeu devido às manias de tradições que Jesus mesmo condenou (Marcos 7.8). Os responsáveis pela ortografia, digamos, os da Academia de Letras, haviam transformado as objetivas e simples letras de Deus num manual repleto com regras humanas. “Vocês desprezam a palavra de Deus, trocando-a por ensinamentos que passam de pais para filhos” (Marcos 7.13), advertiu o Salvador. Por isto o convite: Venham a mim todos vocês que estão sobrecarregados e aprendam comigo, pois os meus ensinamentos são fáceis (Mateus 11.28-30).
Quem sabe a gente aproveita a onda da reforma ortográfica neste começo de 2009, e faz um acordo consigo mesmo, eliminando tremas, acentos, hífens e outros penduricalhos que tanto atrapalham a redação do dia-a-dia? Pode ser difícil no começo, mas com o tempo a gente vai sentir a diferença.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 8 de janeiro de 2009