Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Artigo - Livre ou preso

Está passando no cinema “Mandela – luta pela liberdade", filme baseado no livro de memórias do carcereiro James Gregory que conviveu com Mandela por 20 anos. Conforme sinopse, o filme transcorre sob o ponto de vista do sargento James Gregory, que assume a direção da penitenciária onde se encontra o famoso detento. No começo, Gregory é extremamente racista, e está disposto a qualquer preço para que os brancos não percam o controle político do país. Aos poucos, porém, quanto mais ele tem contato com Mandela, mais começa a rever seus conceitos.
Não vi o filme, até porque foi lançado há duas semanas. Falo desta obra cinematográfica por três motivos. O carcereiro é o ator Joseph Fiennes, o mesmo que interpretou Martinho Lutero no filme “Lutero”. Amanhã é 31 de outubro – dia em que Lutero em 1517 condenou publicamente o comércio do perdão dos pecados e deu início a luta contra o apartheid da igreja. E há um paralelo entre o carcereiro Gregory e o teólogo Lutero. Quem conhece a história de Lutero, percebe a semelhança. Só que o preconceito deste monge agostiniano era contra ele mesmo. Tornou-se carcereiro de Deus ao ingressar no mosteiro para conseguir perdão dos pecados e paz de espírito. Confinado numa sela sob os votos da pobreza, castidade e obediência, confessou mais tarde que sentia ódio de Deus. Mas foi ali mesmo no convento, em contato íntimo com as Escrituras Sagradas, que conheceu o Deus misericordioso revelado na face de Cristo.
O termo apartheid significa "separação", nome dado a este regime político sul africano que durante décadas impôs a dominação dos brancos sobre os negros. A Bíblia diz que os nossos pecados nos separam de Deus (Isaías 59.2). Um apartheid espiritual que, graças a Deus, não existe mais. Ou como escreve Paulo: “Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Romanos 8.39). Com o fim deste regime diabólico, o único carcereiro agora sou eu mesmo - na ignorância e na descrença. É o que lembra Jesus: “Quem não crer será condenado” (Marcos 16.16).
Vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Mandela disse que "não há caminho fácil para a liberdade”. O apóstolo Paulo escreveu algo parecido – ele que também esteve na prisão. Disse que Cristo nos libertou para sermos realmente livres, e que assim devemos permanecer sem voltar à escravidão (Gálatas 5.1). Pensando em tudo isto, que a liberdade não vem de mão beijada, que o carcereiro sou eu mesmo, cabe agora decidir o que fazer com as chaves. “Eu lhe dou as chaves do Reino dos Céus”, lembra Jesus, “o que você fechar na terra será fechado no céu, e o que você abrir na terra será aberto no céu” (Mateus 16.19). No final, dependendo da decisão, estarei livre ou preso.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 30 de outubro de 2008