Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Artigo - Vida verdadeira

Em agosto de 2001 quando o milionário Steve Fossett caiu com o seu balão no meio das vacas e sob os olhares curiosos nos campos de Bagé, a notícia correu mundo. Seis anos depois este aventureiro está desaparecido com seu avião numa região desértica e montanhosa dos Estados Unidos, e são poucas as chances de encontra-lo vivo. Naquela vez escrevi o artigo “Balões que sempre caem” para o Diário Popular de Pelotas e lembrei que a notícia testemunhava um fato: dinheiro não satisfaz o coração de ninguém e expõe ao perigo. Alguém já viu um pobre cair de balão numa viagem ao redor do mundo? Apesar da fortuna, este inquieto americano sempre manifestou uma perigosa obsessão arriscando a vida nas alturas. Um desejo natural encravado na alma humana, que se traduz na insaciável procura por algo que realmente satisfaça. Comparei a história deste milionário com a terrível situação de Silvio Santos, que na mesma semana experimentava a agonia do seqüestro da sua filha. Eram duas pessoas poderosas sofrendo as conseqüências da própria fortuna e sentindo na carne a impotência humana que nenhum dinheiro resolve. Alguns dias depois as imponentes Torres Gêmeas perdiam sua majestade.
Nada contra riqueza, aventuras ao redor do mundo, torres imponentes. Eu mesmo, se tivesse dinheiro, seria extremamente tentado em aventuras parecidas com as de Steve Fossett. Conhecer o mundo, culturas, lugares exóticos, explorar cada cantinho deste fantástico planeta. Mas, e quando o globo ficasse pequeno, do tamanho de uma laranja? Esta experiência cruzou a alma do rico e poderoso rei Salomão que disse: Consegui tudo o que desejei. Não neguei a mim mesmo nenhum tipo de prazer. Eu me sentia feliz com o meu trabalho, e essa era a minha recompensa. Mas, quando pensei em todas as coisas que havia feito e no trabalho que tinha tido para conseguir fazê-las, compreendi que tudo aquilo era ilusão, não tinha nenhum proveito. Era como se eu estivesse correndo atrás do vento (Eclesiastes 2.10-11).
Este rei descobriu aquilo que Jesus mais tarde disse: O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? (Mateus 16.26). Vida verdadeira? Que vida é esta? Em outras versões da Bíblia, no lugar de “vida verdadeira” está “alma”. No Novo Testamento o termo original grego é psyche, a mesma palavra que Jesus pronunciou: Eu entreguei a minha “vida” para salvar muita gente (Marcos 10.54). Portanto, a vida verdadeira é o próprio Cristo que disse: Eu sou a vida (João 15.13), e aquele que me segue tem a vida (Mateus 10.39).
Penso que o nosso natural e insaciável desejo de percorrer o mundo, buscar o inexplorado, alcançar recordes, conquistar o espaço, desbravar o desconhecido, explica este mistério que está no íntimo de cada ser humano – isto é, a vida que Deus soprou (Gênesis 2.7) e que foi expirada com a desobediência, mas misericordiosamente devolvida através da união com Cristo (Efésios 2.5).
Por isto a oração quando pobres e ricos voam atrás das ilusões: Ó Senhor, faze com que saibamos como são poucos os dias de nossa vida para que tenhamos um coração sábio (Salmo 90.10,12)
Marcos Schmidt
Jornal NH – 13 de setembro de 2007