O medo de avião do presidente Lula é normal. Uma pesquisa aponta que só 1 % ou 2% dos passageiros são corajosos lá nas alturas. Cerca de 23% ficam amedrontados e 74% simplesmente apavorados. Mãos geladas e suadas, coração disparado, dor de estômago são alguns dos sintomas de quem tem pavor de voar. E agora, com o “apagão aéreo” e dois graves acidentes, todos estão assustados, mesmo sabendo que o avião é o segundo meio de transporte mais seguro do mundo, atrás apenas do elevador.
Este sentimento é até saudável, assim como o medo de trânsito, bandido, cartão de crédito, propaganda, promessas etc. Mas quando o assunto é agosto, gato preto, olho gordo e todo este obscuro mundo da superstição, então já vira esquizofrenia da alma. Tempos atrás li que a ciência teria identificado os genes do medo. Falava-se que isto abriria caminho para entender as causas dos temores humanos e melhorar o tratamento de determinadas fobias. Mas, especialistas afirmam que a predisposição aos medos, além de genética, também estaria condicionada pelas experiências e o ambiente que a pessoa vive.
Isto explica o que a Bíblia sempre falou. O medo é uma herança do primeiro pai e mãe que após a queda em pecado, apavorados, tentaram se esconder de Deus (Gênesis 3.8). Neste entendimento, antes de ser genético e somático, é uma doença que vem encravada no espírito. E que, no decorrer da vida, pode ser dominada ou então escravizar nas amarras das religiões que assustam.
No último mês de maio fiz um curso de parapsicologia com o padre Quevedo em Novo Hamburgo. Em algumas coisas não concordo com ele, sobretudo quando nega o poder de Satanás na vida humana. Mas ele tem razão ao acusar as religiões dos espíritos e as igrejas dos demônios, e considerar nosso país o mais supersticioso do mundo. Aparições, milagres, encostos, almas desencarnadas, benzeduras, enfim, esta mistura de crendices, religiões e culturas, que invade a mente e a alma do povo brasileiro – um prato cheio para os espertos em busca de fama e dinheiro.
No amor não há medo, diz a Bíblia. O amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo. E o amor é isto: não somos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados (1 João 4.18 e 10). É o que lemos em Gálatas 5.1: Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres (Gálatas 5.1). Então, o contrário do medo não é a coragem mas o amor. Se Deus está do nosso lado, lembra o apóstolo, quem poderá nos vencer? Quem pode nos separar do amor de Cristo? Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo ou a morte? (Romanos 8.31,35).
Sentir medo de avião não é feio nem falta de fé. Mas não é preciso transportar este pavor para dentro do coração. Porque o Senhor guardará você de todo o perigo; ele protegerá a sua vida. Ele o guardará quando você for e quando voltar agora e sempre (Salmo 121.8).
Marcos Schmidt
Jornal NH de 2 de agosto de 2007
Jornal NH de 2 de agosto de 2007
