Pelo jeito o ouro do Pan sairá mesmo do nosso bolso. As obras da Vila Olímpica no Rio, que deveriam custar uns 500 milhões de reais, ultrapassaram a marca dos 5 bilhões. Sobre o Cristo Redentor que foi escolhido entre as Sete Maravilhas do mundo, cada voto custou 10 dólares. As escolhas foram feitas em concurso popular por telefone celular e internet. Foram mais de 100 milhões de votos, isto é, 1 bilhão de dólares arrecadados. Os países perdedores criticaram a escolha afirmando que tudo não teria passado de uma “jogada de marketing”. Que maravilha! E por aqui, bem debaixo do bigode do Laçador, o Macalão gastava todos os meses 80 mil reais em selos que os deputados gaúchos não usavam. Este funcionário, com salário de R$ 17 mil, alegou que era pressionado a manter o esquema, caso contrário perderia o emprego. Fico pensando agora nas cartas que não recebi da Assembléia. Enquanto isto, bem pertinho da estátua do Laçador, a Infraero gastou 1 milhão e 700 mil dólares para melhorar o atendimento nos balcões de check-in. Mas tal sistema não levantou vôo. Pior, aqueles que nunca entraram num avião também saíram no prejuízo.
São apenas algumas histórias tiradas de um dia de jornal, e que somadas com outras, colocam no peito do Brasil a medalha de ouro nos jogos das falcatruas. Mas este Pan vem dos tempos antigos. Veja só a história de Naamã, no Antigo Testamento (2 Reis 5). Rei da Síria e com uma terrível doença de pele, ficou sabendo que Eliseu poderia ajudá-lo. E assim aconteceu. Por intermédio deste profeta de Israel ele ficou curado. Feliz da vida, ofereceu presentes a Eliseu, mas este não aceitou. No caminho de volta à Síria, o rei foi surpreendido com um recado enviado por Eliseu. Através do seu empregado Geazi, o profeta dizia que havia mudado de idéia e agora queria prata e roupas finas. Tudo mentira! Era invenção de Geazi. Final da história: além de perder os presentes, o emprego, a confiança, a honra, Geazi e todos os seus descendentes foram amaldiçoados com a doença de Naamã.
A mentira por dinheiro continua! Mas será que esta gente desonesta não conhece o final da história? De que cedo ou tarde tudo será descoberto, e que a maldição cairá sobre eles e sobre os seus descendentes? Exemplos não faltam, de homens públicos que devido a avareza e a corrupção perderam a honra. É isto que acontece com alguém ou com um João ninguém, com um político, empresário, funcionário, juiz, religioso, delegado, advogado, atleta. Por isto diz a Bíblia: O bom nome vale mais do que muita riqueza; ser estimado é melhor do que ter prata e ouro (Provérbios 22.1).
Pois, em meio a tanto egoísmo e falcatruas, o esforço continua: Tenham o mesmo modo de pensar de Cristo que mesmo sendo Deus, abriu mão de tudo o que era seu e se tornou um servo. Assim, que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros (Filipenses 2.4-7). Esta é a medalha de ouro que vale a pena conquistar.
Marcos Schmidt
Jornal NH – 12 de julho de 2007
