Tudo começou com trabalho quando Deus fez o céu e a terra (Gênesis 1.1). Depois o Criador descansou e pôs o homem no Éden para cuidar dele e nele fazer plantações. Com o pecado surgiram o mato e os espinhos, e o trabalho ficou pesado, sofrido. Veio a ganância, opressão, salário mínimo, 1° de Maio... Mas veio também a boa notícia, fruto do penoso trabalho na cruz, e assim o esforço humano pela sobrevivência voltou a ser abençoado. E a ordem divina ficou mantida: Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem (Salmo 128.2). Por isto a recomendação: Trabalhem com prazer, como se estivessem servindo a Deus e não às pessoas (Efésios 6.7). E mesmo quando a honestidade é tolice para malandros e vagabundos, vem a hora da verdade - que é melhor ser uma pessoa comum e trabalhar para viver, do que bancar o rico e passar fome (Provérbios 12.9). E a própria natureza dá o exemplo: Preguiçoso, aprenda uma lição com as formigas (Provérbios 6.6).
Mas o aprendizado começa em casa. Desde de pequeno aprendi que tudo vem de Deus e que um cristão vai à igreja, faz oração à mesa antes das refeições e levanta as mãos aos céus pelas poucas ou muitas coisas materiais. É um gesto simples, mas com resultados tremendos na vida de uma pessoa. O contrário traz conseqüências desastrosas, conforme palavras do Sábio: A gente trabalha com toda a sabedoria, conhecimento e inteligência para conseguir alguma coisa e depois tem de deixar tudo para alguém que não faz nada para merecer aquilo. Nós trabalhamos e nos preocupamos a vida toda e o que é que ganhamos com isso? No entanto, compreendi que mesmo essas coisas vêm de Deus. Sem Deus, como teríamos o que comer ou com que nos divertir? (Eclesiastes 2.21-25). Por isto alguns se matam trabalhando e não conseguem descansar, porque se esquecem que não adianta trabalhar demais parta ganhar o pão, levantando cedo e deitando tarde, pois é Deus que dá o sustento aos que ele ama mesmo quando estão dormindo (Salmo 127.2).
Pois neste lamaçal de corrupção e impunidade, impostos altos, propinas e desvios de recursos, onde a jogatina é geração de emprego para alguns e desgraça para outros, como seria diferente se todos vivessem “do seu próprio trabalho” (1Tessalonicenses 4.11). Que maravilha se os desonestos seguissem a ordem: Quem roubava não roube mais, porém comece a trabalhar a fim de viver honestamente (Efésios 4.28). Que diferença se todos os empregados recebessem pagamento justo, porque o salário que o trabalhador recebe não é um presente, mas é o pagamento a que ele tem direito por causa do trabalho que faz (Romanos 4.4). Lamentavelmente, tudo utopia numa sociedade de gente egoísta, gananciosa, onde todos se desviaram do caminho certo e são igualmente maus (Salmo 14.3).
Aquele que foi carpinteiro também gritou reivindicando justiça: O meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho (João 5.17). Um serviço que custou a vida dele, mas foi o preço que acabou com a maior dívida trabalhista, pregada na cruz (Colossenses 2.14). E agora, através de carteira assinada e com todos os direitos, os contratados por Deus vivem uma nova jornada, sempre ocupados no trabalho do Senhor, pois sabem que tudo o que fazem no serviço do Senhor sempre tem proveito (1 Coríntios 15.58).
Na verdade, se o assunto é trabalho, salário, justiça, emprego - coisas reivindicadas no 1º de Maio - ao menos que haja entendimento no que disse Jesus: Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que dura para a vida eterna (João 6.27).
Marcos Schmidt
Jornal NH - 03 de maio de 2007
Jornal NH - 03 de maio de 2007