Uma pesquisa diz que apenas um em cada quatro brasileiros casados esperafidelidade do parceiro. "Parece que ter um relacionamento extraconjugal jáfoi incorporado pela nossa cultura, mesmo que isso não seja o que as pessoasalmejam", explica uma psicóloga da Universidade de São Paulo. Na opinião deoutra especialista na área, esta "tolerância" para os casos extraconjugaispode ser a saída encontrada por muitas pessoas que percebem a dificuldade dese manter fiel à monogamia por muito tempo: "É o jogo do eu sei que vocêsabe, você sabe que eu sei, mas vamos fazer de conta que ninguém sabe".
Mas neste jogo simulado, quem perde são os dois. É isto que em parte revelaoutra pesquisa. Em 2005 foram realizadas no Brasil 836 mil uniões legaiscontra 251 mil separações judiciais e divórcios. São três casamentos parauma separação. Com as novas regras aprovadas no começo deste ano, não vaidemorar para ser dois por um. A nova lei permite que divórcios, sem conflitoentre as partes e separadas a mais de um ano, sejam aprovados apenas com apresença dos advogados numa escritura pública lavrada em cartório. Nadacontra esta lei, já que não é o papel que faz o casamento nem a separação.Apenas vamos descobrir um quadro mais real com estas facilidades.
A crise no casamento começou mesmo quando Adão e Eva resolveram quebrar ospratos com o Criador. Isto provocou uma bagunça em toda a criação, sobretudona ordem: o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher,e os dois se tornam uma só pessoa (Gênesis 3.24). No capítulo seis desteprimeiro livro da Bíblia, lemos que quando as pessoas começaram a seespalhar pela terra e tiveram filhas, os filhos de Deus viram que essasmulheres eram muito bonitas. Então escolheram as que mais lhes agradaram ecomeçaram a ter relações com elas. Nesta hora Deus viu o quanto as pessoaseram maldosas, sempre dispostas em seguir os seus próprios desejos.
Percebe-se que havia uma conta simples na cabeça do Criador e fundamentalnas relações humanas: um homem para uma mulher, e vice-versa. Toda aharmonia na estrutura social dependia deste princípio: casamento, família,sociedade. Pode parecer uma grande bobagem, mas a infidelidade nas ordens daeconomia e da política é o reflexo da infidelidade conjugal. Quando umhomem, ou uma mulher, não consegue ser fiel ao seu cônjuge, dificilmenteserá fiel nos negócios.
Todos já ouviram falar das mil mulheres do rei Salomão, mas a maioriadesconhece o final da história deste homem poderoso, rico e sábio, que jogoutudo fora nas loucas aventuras da paixão. No final da vida, arruinado entreamantes e inimigos, aconselha o contrário do que praticou: Seja fiel à suamulher e dê o seu amor somente a ela. Os filhos que você tiver com outrasmulheres não lhe trarão nenhum bem (Provérbios 5.15,16).
Se hoje o cartório virou um "entra e sai" de marido e mulher, a salvação docasamento ainda está no altar. E quando falo de altar, penso naquilo queescreveu o apóstolo: Marido, ame a sua esposa, assim como Cristo amou aIgreja e deu a sua vida por ela. Esposa, respeite o seu marido assim comovocê respeita ao Senhor (Efésios 6). É claro, este amor e respeito vão muitoalém da fidelidade carnal, mas isto já é outro assunto. Enquanto isto, aregra vale para qualquer um: Que o casamento seja respeitado por todos, eque os maridos e as esposas sejam fiéis um ao outro (Hebreus 13.4).
Marcos Schmidt
Artigo para o Jornal NH - 22.03.2007