Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Artigo - Os ditadores do Natal

A morte de Pinochet já tinha sido anunciada no Magnificat há dois mil anos. Com o Filho do Altíssimo no ventre, a “mais abençoada das mulheres” fez uma canção e disse que Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles, que derruba dos seus tronos reis poderosos (Lucas 1.51,52).
Os ditadores torturam porque têm planos, planos divinos - dizem eles. Em 1987, no auge da repressão quando opositores políticos eram jogados de aviões no mar, Pinochet declarou: “Eu os estou vendo de cima porque Deus me colocou aqui; a Providência, o destino, como queiram chamar, me trouxe aqui”. Pinochet trouxe prosperidade econômica, mas isto teve um preço. Foram 3 mil assassinatos políticos, 28 mil torturados e milhares de exilados. Entre as vítimas dezenas de crianças.
- Levante-se, disse o anjo a José. Pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la (Mateus 2.13).
Os ditadores não têm Advento e por isto não pensam duas vezes quando o assunto é a lei do utilitarismo. Não titubeiam e empunham a espada. Herodes tinha sonhos para a Judéia e não podia fraquejar. Sua missão era acabar com os revolucionários e trazer ordem e prosperidade. Fundou cidades, construiu portos, erigiu palácios, presidiu os jogos olímpicos. Seu governo trouxe cultura e riqueza. A informação de que nasceu o rei dos judeus, no entanto, poderia acabar com seu prestígio. Assim a eliminação dos meninos de Belém foi apenas um sacrifício pela ordem econômica - afinal, os fins justificam os meios. Mesmo que sejam infantes inocentes de Belém! Ou de Beslan, do Iraque, do Chile. Ou crianças das favelas no Brasil. São futuros terroristas, trombadinhas que irão aumentar os índices de violência. O mal se corta pela raiz!
Dizem que Pinochet apenas subiu num cavalo já encilhado e que outros estariam no seu lugar para derrubar o comunismo. Esta é a mais vil desculpa quando se pratica o mal em nome do bem. Aliás, o uso do poder para praticar atrocidades não precisa estar nas mãos de um truculento imperialista quando a profecia diz que Deus derruba dos tronos reis poderosos. Através da mensagem do Natal Deus acaba com o trono maléfico de um chefe de família, de um patrão, de um gerente, de um policial, de um político, de um religioso... Cedo ou tarde o poder se desvanece e o que fica é o cumprimento da profecia. A prova está na ordem do anjo a José:
- Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e volte para a terra de Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram (Mateus 2.20).
O Rei dos reis que foge agora volta – uma estratégia contra o mal para calar a boca daqueles que perguntam: - onde estava Deus? Se na cruz Ele não retrocede, mas morre sob a tirania dos pecados de todos, é para retornar majestoso e acabar definitivamente com a ditadura do inferno. “Ele era rico, mas se tornou pobre por causa de vocês a fim de que vocês se tornassem ricos por meio da pobreza dele” (2 Coríntios 8.9).
Ditadores vêm e vão – é o cumprimento da profecia. Porque “as botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo. Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será nosso rei. Ele será chamado de Conselheiro Maravilhoso, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Isaías 9.5,6).
Por isto, bem-aventurados aqueles que não seguem a estrela dos ditadores do Natal!
Marcos Schmidt
(artigo para Jornal NH – 14 de Dezembro de 2006)