Foto panorâmica da Igreja

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Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Artigo - A bebida do Natal

O Papai Noel nasceu de uma relação amorosa da Coca-cola com o Comércio. O menino já chegou velhinho, parecido com o Santa Claus, e está completando setenta e cinco anos. Tudo seria uma divertida tradição de Natal se não fosse a seriedade com o legítimo filho da festa. Aliás, por falar em legitimidade, o que acaba com a sede é a água. A gente esquece disto e toma refrigerante. E se a coca-cola é o mais consumido no mundo e mata a sede de tanta gente, os médicos alertam: não é a sede que está morrendo. Por isto eles recomendam: bebam água, muita água para ter saúde, e não refrigerante. Que engraçado! A gente paga caro e engole tanta coisa estranha enquanto deixa de lado o líquido precioso e barato.
Água ou refrigerante? O Filho de Deus ou o Papai-Noel? Se as coisas não fossem trocadas, tudo bem. Não é o fim do mundo abrir uma coca ou vestir-se com as roupas do bom velhinho e distribuir presentes! O problema é quando se esquece do essencial, daquilo que importa, da água da vida (João 4.14). Pois é, tem tanta coisa que a gente nem se toca. Só com o tempo para descobrir o quanto se perdeu. Um câncer, rins que não funcionam, saúde no lixo junto com as garrafas. Só desta forma para enxergar a besteira que se fez durante a vida. Mas é assim mesmo. É difícil resistir. Se fosse fácil, os mercados nem fariam estoques, e as crianças implorariam: “pai, tô com sede, compra uma água”. Incrível, a gente sabe que Natal não é o pai dos duendes, nem comércio, comida e bebida. Mas não se consegue resistir e lá vai refrigerante.
Por isto então o Advento, este tempo radical de advertência contra as bebidas doces e gástricas do Natal. Por isto a figura de João Batista, um tonel d’água no caminho daqueles que esqueceram ou nunca ficaram sabendo o que é saudável. Ele até pode ser inoportuno, chato, insistente. Mas quando grita na frente da geladeira: “não bebam refrigerante, tomam água”, grita para salvar. Se não está vestido com roupas vermelhas e perfumadas, mas com couro de camelo, se come gafanhotos no lugar de panetone, e berra no calor do deserto em vez de simpaticamente sorrir oh,oh,oh na ilusão da neve, o profeta faz isto para chamar a atenção da mensagem, e não para ser o rei da cocada. “Eu não mereço a honra de carregar as sandálias dele”, confessa João. Assim ele prepara o caminho para o Senhor passar (Mateus 3.2).
Infelizmente este barbudo esquisito que sempre aparece antes do Natal, é logo barrado pelos seguranças nos shoppings, nos supermercados, nos centros comerciais, e até por alguns recepcionistas nas igrejas. É que ele grita muito alto mandando todo mundo mudar de atitudes, e estraga o espírito do Natal. Por isto querem a cabeça dele, de preferência numa bandeja. Mas não adianta, outras cabeças e gritos irão surgir. Porque esquisito mesmo é este nosso jeito. E não é por falta de berro, porque todos estão escutando. E se o Natal vem chegando e com ele as nossas estranhas insatisfações e melancolias, então é outra oportunidade que não deveria ser arrotada. Afinal, o mesmo Deus que estranhamente surgiu numa fétida estrebaria também pode nascer e renascer num coração não muito diferente.
Água ou refrigerante? Dependendo da sede, melhor é água, preferencialmente daquela fonte que diz: felizes são os que têm sede de fazer a vontade de Deus pois Deus os deixará completamente satisfeitos (Mateus 5.6).
Marcos Schmidt
(artigo para o Jornal NH, 7 de dezembro de 2006)