Dizem que Santos Dumont, em profunda depressão, suicidou-se por ver seu invento sendo usado como instrumento de morte na 1ª Guerra Mundial e em outras revoluções. Se isto confere, tiraria a vida mil vezes por tudo que o avião faria depois. Se enxergasse as torres gêmeas naquele 11 de setembro jamais inventaria o 14-BIS e as outras engenhocas voadoras. Diz a história que em 1932, nos últimos dias de vida, o pai da aviação buscou refúgio em Guarujá para tratamento dos nervos. Numa manhã viram o homem chorando na praia após ele ter presenciado um navio sendo bombardeado por três aviões, leais ao Governo Federal na Revolução Constitucionalista. Foi a gota d’água. No dia 23 de julho, precocemente envelhecido aos 59 anos, o inventor do relógio de pulso, do chuveiro quente, fez uma imitação barata dos kamikazes - jogou a própria vida contra os horrores da insanidade humana.
O arrependimento deste gênio lembra o sentimento do próprio inventor da vida. Diz a Bíblia que quando Deus viu que as pessoas eram muito más e que sempre estavam pensando em fazer coisas erradas, ficou muito triste por haver feito os seres humanos (Gênesis 6.5,6). Evidente que este arrependimento do Criador é diferente dos nossos, mas tem semelhança nos motivos. E se cremos na solução dos céus para todas as guerras e males daqui da terra, não adianta nada deixar de inventar ou mesmo viver. Porque o mal não vai deixar de existir simplesmente acabando com tudo o que existe sobre este planeta. Alias, esta lógica de endemonizar a criação divina e os inventos humanos vem do “pai da mentira” (João 8.44). É engano dizer que isto ou aquilo é pecado quando se esquece que é de dentro do coração que vêm os maus pensamentos (Marcos 7.21).
Santos Dumont poderia crer nisto para curar sua aflição. Porque não é o avião, o automóvel, a internet, a televisão, ou qualquer instrumento tecnológico a causa de tanta maldade. O problema voa lá dentro de cada um – o laboratório onde tudo é engenhado. Se eu invento matar, não preciso de uma pistola. Porque qualquer um que ficar com raiva do seu irmão já é um assassino, acusa Jesus (Mateus 6.22).
Algo curioso na biografia deste inventor é sobre a certidão de óbito que ficou desaparecida por cerca de 23 anos. O motivo da morte foi omitido desde a ditadura de Vargas, quando criou-se a figura-mito do herói nacional. Os governantes acreditavam que um herói suicida não ficaria bem nos livros de história. Quando foi encontrada, dava como causa mortis um suposto “colapso cardíaco”. Isto lembra que nada neste mundo fica escondido por muito tempo. Por isto, se a causa da morte é a própria invenção da mentira – esta de Lúcifer que disse: “vocês não morrerão coisa nenhuma” (Gênesis 3.4), então a causa da vida sempre estará na descoberta da verdade. Ou como escreve o apóstolo: Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo. Mas a verdade é que Cristo foi ressuscitado, e isso é a garantia de que os que estão mortos também serão ressuscitados (1 Coríntios 15.19,20).
Se o avião ainda é a locomoção mais segura conforme o próprio Santos Dumont afirmava, mesmo assim o único socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra (Salmo 121.1).
Marcos Schmidt (artigo para o Jornal NH)