Aconteceu em São Paulo nesta última segunda-feira. Vizinhos de uma milionária idosa sentiram um cheiro insuportável de carniça e suspeitaram que a moradora estivesse morta. Chamaram a polícia que arrombou o portão do sobrado, e o espanto foi grande. Todos os cômodos da casa estavam abarrotados de lixo, do chão ao teto. Sacos de lixo com comida e outros produtos em decomposição, tudo infestado de ratos e baratas. Fazia 20 anos que a mulher, dona de 16 imóveis, colecionava 250 toneladas de lixo dentro da sua casa.
É evidente que esta senhora precisa de tratamento. Mas ela não está sozinha nesta loucura. Afinal, lixo é o que não falta dentro da nossa casa. É só uma questão de tempo, já que todos os objetos dentro dela se transformarão em lixo. Mesmo se for aquela TV Plasma. E é tanta coisa, que não conseguimos mais espaço onde enfiar tudo o que adquirimos, a vista ou a prestação. E se antigamente não eram tantas coisas e o pouco que se tinha durava mais, hoje é uma infinidade de objetos com breve tempo de validade. É a própria lei do mercado nas palavras de um especialista em propaganda, de que “num mundo como este, a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar”.
O pior é que estamos caindo direitinho na conversa dos que inventam as propagandas e das lojas com suas promoções. E para deixar as pessoas ainda mais adoidadas, têm estas igrejas da felicidade do lixo. Ontem mesmo escutei num programa de rádio que eles tinham suco de uva da Terra Santa. Este “elemento” deveria ser derramado nos umbrais da porta da casa para proteger contra olho gordo, mau olhado e de todo o tipo de maldição. E assim a família seria próspera, rica e feliz. É claro que este suco não deve ser tão barato. Que coisa absurda! Eu não entendo como tem gente que se deixa enganar por estes fraudadores da Bíblia. Mas dá para entender sim, é esta paranóia de encher a casa com lixo.
Naquele tempo quando não havia tanta coisa para comprar, Jesus já alertou: Não ajuntem coisas aqui na terra onde as traças e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu (Mateus 6.19,20). É claro que podemos ter e usar estas coisas, mas não precisamos coleciona-las como fez esta mulher pirada de São Paulo. A questão mesmo está no valor que damos. Pois onde estiver a nossa riqueza aí estará o nosso coração, explica Jesus. Por isto os entulhos, antes de estarem nos armários, podem estar dentro da pessoa. Para o apóstolo Paulo que jogou tudo fora como se fosse refugo a fim de poder ganhar a Cristo (Filipenses 3.8), o lixo era a própria religião baseada em tradições humanas.
Por isto sinaliza Jesus: Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem (Lucas 12.15). E conta então a história de um homem rico que reconstruiu seus depósitos para guardar as colheitas, e que disse para si: agora sou feliz, posso descansar, comer, beber e alegrar-me. Mas Deus lhe disse: Seu louco! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou? E daí Jesus concluiu: isso é o que acontece com aqueles que juntam coisas para si mesmos, mas não são ricos para Deus (Lucas 12.21).
É evidente que esta senhora precisa de tratamento. Mas ela não está sozinha nesta loucura. Afinal, lixo é o que não falta dentro da nossa casa. É só uma questão de tempo, já que todos os objetos dentro dela se transformarão em lixo. Mesmo se for aquela TV Plasma. E é tanta coisa, que não conseguimos mais espaço onde enfiar tudo o que adquirimos, a vista ou a prestação. E se antigamente não eram tantas coisas e o pouco que se tinha durava mais, hoje é uma infinidade de objetos com breve tempo de validade. É a própria lei do mercado nas palavras de um especialista em propaganda, de que “num mundo como este, a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar”.
O pior é que estamos caindo direitinho na conversa dos que inventam as propagandas e das lojas com suas promoções. E para deixar as pessoas ainda mais adoidadas, têm estas igrejas da felicidade do lixo. Ontem mesmo escutei num programa de rádio que eles tinham suco de uva da Terra Santa. Este “elemento” deveria ser derramado nos umbrais da porta da casa para proteger contra olho gordo, mau olhado e de todo o tipo de maldição. E assim a família seria próspera, rica e feliz. É claro que este suco não deve ser tão barato. Que coisa absurda! Eu não entendo como tem gente que se deixa enganar por estes fraudadores da Bíblia. Mas dá para entender sim, é esta paranóia de encher a casa com lixo.
Naquele tempo quando não havia tanta coisa para comprar, Jesus já alertou: Não ajuntem coisas aqui na terra onde as traças e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu (Mateus 6.19,20). É claro que podemos ter e usar estas coisas, mas não precisamos coleciona-las como fez esta mulher pirada de São Paulo. A questão mesmo está no valor que damos. Pois onde estiver a nossa riqueza aí estará o nosso coração, explica Jesus. Por isto os entulhos, antes de estarem nos armários, podem estar dentro da pessoa. Para o apóstolo Paulo que jogou tudo fora como se fosse refugo a fim de poder ganhar a Cristo (Filipenses 3.8), o lixo era a própria religião baseada em tradições humanas.
Por isto sinaliza Jesus: Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem (Lucas 12.15). E conta então a história de um homem rico que reconstruiu seus depósitos para guardar as colheitas, e que disse para si: agora sou feliz, posso descansar, comer, beber e alegrar-me. Mas Deus lhe disse: Seu louco! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou? E daí Jesus concluiu: isso é o que acontece com aqueles que juntam coisas para si mesmos, mas não são ricos para Deus (Lucas 12.21).
Marcos Schmidt - Jornal NH - 13.07.2006
